Esta remota região da Austrália fazia parte das Américas

Por , em 24.01.2018

Há mais de 1.500 milhões de anos, as grandes massas de terra estavam unidas em um supercontinente chamado Columbia, também conhecido como Nuna ou Hudsonland. Este foi apenas um dos supercontinentes da Terra, sendo que o mais famoso, a Pangeia, formou-se muito depois, há cerca de 200 milhões de anos.

Para determinar onde, exatamente, cada continente moderno se encaixava nesse quebra-cabeças antigo, rochas e fósseis dos continentes modernos são analisados. Uma nova pesquisa realizada na Austrália identificou um tipo de rocha que também existe na América do Norte. Isso sugere que a Oceania já foi conectada aos Estados Unidos e Canadá, há 1,7 bilhão de anos.

A ideia de que a Oceania e a América do Norte já teriam sido conectados não é nova. Um artigo científico do final dos anos 1970 propôs que a conexão teria acontecido há 1,13 bilhão de anos, mas não explicava exatamente em que local os dois continentes se ligavam.

Estas rochas analisadas foram encontradas na pequena cidade australiana de Georgetown, na região nordeste do país, no estado de Queensland. Neste local, as rochas são diferentes de todas as outras encontradas na Austrália. Elas são muito mais semelhantes às rochas encontradas no Canadá, mais precisamente no Escudo Canadense, que fica no norte do país.

Escudo Canadense

Esta descoberta inesperada, de acordo com pesquisadores das universidades australianas de Curtin, de Monash, e da Pesquisa Geológica de Queensland na Austrália, revelam uma informação interessante sobre a composição do supercontinente Columbia.

“Nossa pesquisa mostra que há 1,7 bilhão de anos, as rochas de Georgetown se depositaram em um mar raso quando a região era parte da América do Norte. Georgetown então se separou da América do Norte e colidiu com a região de Mount Isa, na região do norte da Austrália há cerca de 100 milhões de anos”, afirma Adam Nordsvan, o pesquisador principal do trabalho.

De acordo com a pesquisa, quando Columbia começou a se separar, a área de Georgetown permaneceu presa à Austrália. Esta informação não bate com o modelo atual que diz que a região de Georgetown era parte do continente que seria a Oceania há mais de 1,7 bilhão de anos.

A pesquisa também encontrou evidências de que as montanhas de Georgetown e Mount Isa se formaram quando as duas regiões colidiram “suavemente”, com muito menos força que a colisão da Índia contra a Ásia depois da desparação da Pangeia.

“Estas novas descobertas são chave para entender como o supercontinente Columbia se formou, um assunto que ainda é pesquisado por nossa equipe multidisciplinar da Universidade de Curtin”, afirma o co-autor Zhen-Xiang Li.

A pesquisa foi publicada na revista Geology. [Geology, Science Alert]

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