Mutantes: estamos todos nos transformando?
Um estudo recente determinou a idade de mais de um milhão de mutações em uma única base (letra) do DNA, e descobriu que mais de 86% das nossas mutações danosas surgiram nos últimos 5.000 a 10.000 anos. As mutações restantes em sua maioria são inócuas e algumas poucas podem até mesmo ser benéficas.
Estamos nos transformando em mutantes?
A explicação para tantas mutações nos últimos anos, segundo os especialistas, é a explosão demográfica que aconteceu com o surgimento das cidades, cerca de 8.500 anos atrás. Dos cerca de 100.000 anos que a humanidade existe, houve um evento de quase extinção 50.000 anos atrás, quando a população humana baixou muito, e a humanidade remanescente se tornou geneticamente muito similar.
O estudo determinou a distribuição das idades de mutação pelo sequenciamento de 15.336 genes que codificam proteínas em 6.515 pessoas, das quais 4.298 eram de origem europeia, e 2.217 africanos.
Segundo o Dr. Joshua Akey, professor associado de ciência genômica da Universidade de Washington em Seattle (EUA), um dos participantes da pesquisa, “em média cada pessoa tem cerca de 150 novas mutações que não estão presentes em seus pais. O número das mudanças genéticas que são introduzidas na população depende do tamanho da mesma”.
Populações maiores, multiplicando-se continuamente pela produção de novas crianças, têm mais oportunidades para o surgimento de novas mutações. Assim, o número de mutações aumenta com o crescimento acelerado da população, como a explosão demográfica que começou 5.115 anos atrás.
Uma das descobertas é que as populações europeias possuem um excesso de mutações danosas em genes essenciais, aqueles que são necessários para crescer até a idade adulta e ter filhos, e em genes ligados a doenças mendelianas, ou seja, ligadas à mutação de um único gene.
Outra descoberta é que as mutações mais antigas têm a tendência de ser menos prejudiciais, e certos genes apresentam apenas mutações mais recentes e danosas, entre eles 12 genes ligados a doenças como a falência de ovário prematura, Alzheimer, endurecimento de artérias cardíacas, e uma forma de paralisia herdada.
Os cientistas também notaram que mutações que afetam genes envolvidos em rotas metabólicas – reações químicas no corpo que geram e armazenam energia – tendem a não ser eliminadas pelas forças da seleção. Metabolismo aberrante contribui para a diabetes, distúrbios lipídicos, obesidade e resistência à insulina, todas doenças modernas.
Mas, apesar da maior capacidade mutacional resultante do crescimento populacional levar a uma incidência maior de doenças genéticas, há um lado bom: as mutações respondem pela grande variação de traços dos humanos modernos, e elas podem ter criado um novo repositório de variações genéticas vantajosas que a evolução adaptativa pode selecionar em gerações futuras.
O trabalho é o resultado da colaboração entre muitos cientistas genômicos, geneticistas médicos, biólogos moleculares e bioestatísticos na Universidade de Washington, Universidade de Michigan, Colégio de Medicina Baylor em Houston, o Instituto Broad no MIT e Harward, e o Grupo de Trabalho de Genética Populacional. O estudo é parte do Projeto de Sequenciamento Exome do Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue, do Instituto Nacional de Saúde dos EUA.[ScienceDaily]
7 comentários
x-Men !
“elas podem ter criado um novo repositório de variações genéticas vantajosas que a evolução adaptativa pode selecionar em gerações futuras”
A seleção natural já não está mais funcionando como antes para o homem, infelizmente a pressão (ou leveza) seletiva atual nos molda em um caminho contrário ao que almejamos.
Obs.: Não sou favorável aos métodos desumanos da seleção natural.
Lucas, os biólogos estudaram a espécie humana e chegaram à conclusão que a seleção natural continua agindo, sim, apesar da gente se proteger o mais possível dela…
https://hypescience.com/segundo-cientistas-ainda-estamos-evoluindo/
http://super.abril.com.br/ciencia/engenharia-genetica-selecao-natural-esta-homem-sujeito-leis-evolucao-440020.shtml
É dito que o ser humano a alguns milhares de anos (20 para uma arbitrariedade) era capaz de correr um dia inteiro, sendo isso normal de sua rotina. Hoje, mesmo com treinamento intenso, apenas conseguimos tal façanha exaurindo nossas forças. Deve haver alguma influência da alimentação e também temos que contar o fator (leão!) motivacional da sobrevivência, aí não sei se realmente há uma involução.
Tecnicamente todos nós somos frutos de mutações, então não estamos nos “transformando em mutantes”. Sempre fomos.
Bem até onde sei 99% das mutações são deletérias e apenas 1% é vantajosa, mas quando um indivíduo adquiri uma mutação vantajosa isso não é garantia que ela será passada a diante pois este indivíduo pode acabar morrendo antes disso e essa mutação fica por alí.
Mas entre as mutações deletérias, existem as que te deixam com propensão a desenvolver câncer aos 90 anos e as que impedem que você sobreviva depois de nascer. Não são todas iguais…