Estudar ou Não estudar – eis a questão!

Por , em 22.07.2012

 

ESTUDAR OU NÃO ESTUDAR – EIS A QUESTÃO!

por Mustafá Ali Kanso

Muitos de meus alunos e mesmos meus colegas de profissão me questionam, quanto ao desenvolvimento do hábito de estudar. Principalmente quando sou flagrado nessa afronta inacreditável de estudar todos os dias, seja preparando minhas aulas ou aprendendo algo novo.

Estudar é um conceito chave e caracteriza o ato mais frutífero no processo de ensino-aprendizagem. Quando alguém está estudando, está criando uma oportunidade de aprender. Está hierarquizando procedimentos que proporcionam os elementos essenciais para a construção do conhecimento. O estudar e o aprender estão intimamente relacionados.
Daí o óbvio que muitos querem ignorar:

Para realmente aprender é preciso estudar.

É imperativo que tanto estudantes e professores, sejam capazes de construir ambientes de aprendizagem. Em síntese um ambiente que proporciona as condições mais favoráveis para o estudo, o que não se resume obviamente na concepção de modelos puramente instrucionais, onde a informação é simplesmente disponibilizada com certo didatismo, em via única, indo do instrutor ao aprendiz. Supondo-se na maioria das vezes que este último seja tábula rasa. Um mero recipiente a ser preenchido.

Do ponto de vista filosófico, um ambiente de aprendizagem deve ser antes de tudo um ambiente de estudo dentro de um mundo de instrução capaz de envolver a atividade hermenêutica de construir interpretações.
Em outras palavras a informação só pode ser útil, se dela, se obtém a capacidade de elaborar uma nova concepção da própria realidade. A descoberta deste saber que se tornará alavanca da evolução individual e possibilitará a sua nova leitura de mundo.

Consistente com estes argumentos filosóficos, por exemplo, o estudo de determinada lei natural, não deve limitar-se à simples memorização do enunciado da lei, ou ao estabelecimento de algoritmos de aplicações de sua formalização matemática.

Estudar, em seu pressuposto hermenêutico, caracteriza um conjunto de operações mentais, que possibilitem a formulação de hipóteses, a modelagem de ensaios, o exame dessas hipóteses e a construção de interpretações e previsões de resultados, como reflexo desse modelo, dentro de um determinado contexto prático.
Do aprendizado desse novo conteúdo, o aprendiz terá evoluído o seu discurso, sua forma de pensar e evidentemente sua conduta no mundo do fazer. Nesse ponto o processo ensino-aprendizagem torna-se, a meu ver, algo mais abrangente que denominamos “educação”.

Aliás, é justamente esse elemento de contextualização, que apresenta um papel preponderante, como elemento que desperta a atenção, na construção de um aprendizado pleno de significado que prepara o indivíduo para o mundo e o torna efetivo. O torna cidadão.

O modelo deve ser projetado para ajudar o aprendiz a construir um conhecimento útil em lugar de informação inerte, que simplesmente ilustra.

Deve ser dada ênfase num determinado enfoque que gere interesse e permita que o aprendiz se identifique com o problema e passe a prestar atenção à sua própria percepção e na forma que se dá a construção dessa compreensão e da solução do problema.

Assim o aprendiz, hierarquizado a estudante, pode ser apresentado à informação pertinente a essas percepções, de forma que seu aprendizado seja efetivo e possibilite, a posteriori, aplicar analogamente esse know how desenvolvido na construção de soluções para novos problemas, tornando-se autônomo.

A meta principal de um ambiente de aprendizado é possibilitar ao estudante a percepção das características críticas da situação problema, experimentar as mudanças em sua percepção e entender como se pode analisar a situação por pontos de vistas inovadores.

Porém, a questão determinadora, que tange a meta principal, até no pressuposto de torná-la viável ou não, seria a que se resume no “como” se deve projetar um ambiente de aprendizagem? Ou, em outras palavras, quais são os atributos essenciais que caracterizam um ambiente de estudo?

Do ponto de vista do educador, se inicia simplesmente pelo ato de encantar. De mostrar que o universo a ser aprendido é a cada dia um brinquedo novo.

Do ponto de vista do educando, se inicia com a sua coragem. Coragem de aceitar desafios. De colocar o seu esforço como prioridade. Descobrindo que existem brinquedos muito trabalhosos e que nem por isso deixam de ser divertidos.

Quando o educando aceita a sua parte na responsabilidade de aprender e tornar-se parte da solução ele naturalmente se transforma em educador. Primeiro de si mesmo. E a posteriori dos demais.

O êxito do aprendiz é quando naturalmente ele se transforma também em professor.

O êxito do professor é quando ele descobre humildemente que nunca deixará de ser aprendiz – pois existem neste mundo muitas coisas a se conhecer – e neste ponto ele transcende sua condição de instrutor e se transforma em educador. Estudando sempre e inspirando seus alunos com suas ações a estudarem com alegria e aprenderem com prazer:

Pois, nas palavras do poeta inglês William Yeats:

“Educar não é encher um cântaro, mas sim, acender uma chama”.

-o-

[Leia os outros artigos de Mustafá Ali Kanso]

[Imagem: Pura Matemática de Rafael Fishmann]

 

LEIA SOBRE O LIVRO A COR DA TEMPESTADE do autor deste artigo

Navegando entre a literatura fantástica e a ficção especulativa Mustafá Ali Kanso, nesse seu novo livro “A Cor da Tempestade” premia o leitor com contos vigorosos onde o elemento de suspense e os finais surpreendentes concorrem com a linguagem poética repleta de lirismo que, ao mesmo tempo que encanta, comove.

Seus contos “Herdeiros dos Ventos” e “Uma carta para Guinevere” foram, em 2010, tópicos de abordagem literária do tema “Love and its Disorders” no “4th International Congress of Fundamental Psychopathology.”

Foi premiado com o primeiro lugar no Concurso Nacional de Contos da Scarium Megazine (Rio de Janeiro, 2004) pelo conto Propriedade Intelectual e com o sexto lugar pelo conto Singularis Verita.

27 comentários

  • Ricardo Ribeiro:

    É pena que a Sociedade, Politica e apoios Portugueses sejam escassos para quem realmente quer estudar.

    Tornando-se inequivocamente claro que só os mais ricos têm essa possibilidade…

  • Felipe Nascimento Martins:

    Excelente artigo!
    Creio que um bom exemplo de sucesso no “ato de encantar” mencionado no texto é a Olimpíada Brasileira de Robótica – OBR. A cada ano, mais estudantes de ensino fundamental e médio da maioria dos estados brasileiros abraçam o desafio de construirem e programarem um robô autônomo. É um trabalho interdisciplinar por natureza, que exige muito estudo e muita dedicação, encarado como uma grande brincadeira pelos alunos. Projetos como a OBR mantêm viva a minha esperança de um futuro melhor para nosso país.

  • aguiarubra:

    Boaventura de Sousa Santos faz um panorama de tudo isso em um artigo intitulado “Os processos da Globalização”, acessível pela internet.

    Conclusão: “…O pior de tudo é que não vejo nenhuma luz no fim desse fétido túnel…”, ídem!!!

  • Karine:

    Realmente, a questão do professor é um tanto complicada, não sei falar ao certo, mas como aluna, sei que não é fácil, é pouco valorizado, aqui na minha cidade pelo menos, ignorancia é sinal de manipulação, e é tudo que os políticos querem, professores que não dão aula direito por que estão insatisfeitos, são maltratados e pouco valorizados, é um absurdo, agora, aqui, as escolas estão numa situação critica, está começando as greves, e o que o governo faz? Dá show gratuito do Michel Teló(não desmereçendo o profissional), mas esse dinheiro deveria estar sendo aplicado na educação e na saúde, onde os médicos na cara dura não conseguem nem mesmo identificar uma infecção urinaria, é um absurdo! Perdi o foco do assunto no final, mas o artigo foi muito bom.

  • Dinho01:

    Concordo com o artigo mas não podemos também ignorar os desafios com os quais os professores se deparam nos dias de hoje.Salário humilhante,falta de material didático,alunos indisciplinados,violência nas escolas.E o pior de tudo,uma filosofia de ensino que se interessa exclusivamente com o resultado que o aluno vai ter no Enem ou no vestibular ao invés de preparar o aluno para a vida.

    • aguiarubra:

      P.: “…Salário humilhante,falta de material didático,…” e “…E o pior de tudo,uma filosofia de ensino que se interessa exclusivamente com o resultado que o aluno vai ter no Enem ou no vestibular ao invés de preparar o aluno para a vida.

      Comentário: vide
      >>> “Educação Escolar: políticas, estrutura e organização”, de José Carlos Libâneo, 10ª edição(2012) Cortez Editora
      >>> A Educação em Tempos de Neoliberalismo”, de Jurjo Torres Santomé,2003 ARTMED
      >>> “Os Processos da Globalização”, de Boaventura de Sousa Santos http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&frm=1&source=web&cd=1&sqi=2&ved=0CFMQFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.eurozine.com%2Farticle%2F2002-08-22-santos-pt.html&ei=ug0PUIu6BKiT6wGnvoGIBQ&usg=AFQjCNE6HYFujCanGW_eH1O0cLUqaTd4ww

      Obs.: “Os Processos da Globalização” é um artigo acadêmico. Para “deglutí-lo” é preciso assistir, antes, os seguintes documentários acessíveis na internet:

      >>> A História das Coisas
      >>> Da Servidão Moderna
      >>> Milton Santos Globalização (há vários videos)
      >>> Zeitgeist (I, II e III)
      >>> Prepare-se Verdade Oculta

      P.: “…alunos indisciplinados,…”

      Comentário: PROMOÇÃO AUTOMÁTICA, ou seja, “Progressão Continuada” completamente distorcida!!!

      Fizeram uma salada “venenosa” com Paulo Freire e Philippe Perrenoud para “garantir” que os alunos saiam ANALFABETOS das escolas, apesar de todos os esforços (inglórios e inúteis) dos professores.

      P.: “…violência nas escolas…”

      Comentário: equívocos do ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, que impede a ação da polícia contra menores psicóticos e “prende” professor que “tentar” defender a própria vida se for espancado por menores. O ECA libera, na prática (pois em teoria é tudo ma-ra-vi-lho-so) qualquer tipo de violência de alunos contra professores e alunos contra alunos (o bullying não é punível, perante o ECA).

      Objetivo: expulsar professor efetivo da escola pública e impedir que novos professores ocupem o lugar daqueles que se exoneram por esgotamento traumático.

      Pensam em “encher de alunos” as escolas particulares!!!

      Isso é que é o PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO: política de terra arrazada na Educação.

  • Brendon Menezes:

    ótimo artigo , sou estudante do ensino médio e estudar requer coragem mas é essencial para proporcionar um futuro brilhante.

    As vezes é bem complicado mas é como andar de bicicleta depois que engata o resto é mais fácil.

  • Heitor Giacomini:

    pessoal só passei por aqui para divulgar uma coisa muito legal sobre um fisico brasileiro que deu uma entrevista na band= http://www.band.com.br/canallivre/videos.asp

    • aguiarubra:

      EXCELENTE INDICAÇÃO!!!
      Marcelo Gleiser é um de meus heróis.

  • Rafael2:

    Nunca é demais comentar sobre o assunto, reiteradas vezes: literalmente, sempre se aprende. Pois quanto de cultura carece esse nosso país!

  • aguiarubra:

    Excelente artigo!

    Em nosso país, onde jovens estudantes tomam PISA continuamente em Interpretação de Texto, Ciências e Matemática, seria extremamente necessário que os professores “soubessem como” ensinar (“…acender uma chama…”) aos seus alunos a arte de estudar, coisa que a maioria deles nunca aprendeu nas faculdades “caça-níqueis” que foram obrigados a frequentarem.

    Mas sou obrigado a louvar o esforço desses professores que, apesar de tudo, ainda permaneceram ‘professores’, com toda essa trama neoliberal que transformou essa profissão numa inglória tarefa de “…encher cântaros…” a que eles foram reduzidos no exercício do ensino, ainda tendo que enfrentar o ECA no dia a dia, que lhes tirou a dignidade de professores (já que garantiu-se “crassos” direitos aos alunos – aluno pode, até, espancar e matar professores, que tá tudo “legal”: são menores de idade e inimputáveis a crimes, né? Não há “méritos” em crimes de menores a serem julgados e, mesmo, considerados! Vale a “abstrata” letra da lei, que é só “letra impressa”, esvaziada de significados como “justiça”, por exemplo… – e fez “vista grossa” aos seus deveres de estudante) e da PROMOÇÃO AUTOMÁTICA que tirou as mínimas possibilidades de disciplinar os alunos através de tarefas de casa ou preparação para provas, que hoje sofre concorrência com jogos de videogame e salas de bate-papo, sem a “chatíssima” obediência a regras de gramática, ortografia ou coisas irrisórias como sintaxe de texto!!!).

    É artigos como esse que podem ser uma luz no meio do túnel, pois está delineado, em cada parágrafo, o que é essencial para se palmilhar um plano de reação a essa conspiração feita para expulsá-los das escolas.

    Se o termo “conspiração” parece exagero, leia-se obras como a seguinte para entender como isso não é coisa só do Brasil ou só de nossa época:

    – “A ARTE DE LER: o guia clássico para a leitura inteligente”, de Mortimer J. Adler e Charles Van Doren, ed. É Realizações (2010) (há na internet essa obra, da edição de 1940)

    – “O TRIVIUM: as artes liberais da Lógica, Gramática e Retórica – entendendo a natureza e a função da linguagem”, da Irmã Miriam Joseph, É Realizações, 2008

    Obs.: no site da editora É Realizações pode-se assistir a videos que foram feitos no lançamento dessa obras no Brasil.

    – “COMO PASSAR EM PROVAS E CONCURSOS: tudo o que você precisa saber e nunca teve a quem perguntar”, de William Douglas, ed. Campus

    Essas obras são as necessárias para transformar qualquer pessoa em excelentes autodidatas.

    Mas não são suficientes, pois são apenas o 1º degrau de uma escada bem longa!!!

    E concomitante a leitura desses livros (uma verdadeira conquista do espírito!), é preciso entender o lado negro da Internet chamado “ansiedade de informação”:

    – “ANSIEDADE DE INFORMAÇÃO: como transformar informação em compreensão”, de Richard Saul Wurman, ed. Cultura Editores Associados (1991)

    – “ANSIEDADE DE INFORMAÇÃO 2: um guia para quem comunica e dá instruções”, de Richard Saul Wurman, Editora de Cultura (2005)

    • Daniel:

      Valeu pelas dicas Aguiarubra. Em relação ao documentário “Prepare-se Verdade Oculta” não é sobre um Pastor dizendo que os Iluminatti pretendem dizimar milhões de seres humanos e governarem a Terra? Eu vi alguns vídeos e achei ridículo. Não vi sentido algum. Achei mais uma estratégia para doutrinação através do medo.

    • aguiarubra:

      KKKKKKKKKKKKKKKKKK…

      Vc tá com toda razão, caro Daniel.

      Mas eu indiquei esse ‘Verdade Oculta’ por último, depois de se ver, por exemplo, Zeitgeist (feito por ateus). Forme um ‘filtro mental’ para entender o que vai pelos DVD’s PREPARE-SE. Vc pode tranquilamente dispensar essa fonte, sem qualquer prejuizo ao entendimento da neo-globalização “capetalista” do mundo.

      Se quiser utilizar o PREPARE-SE, faça o seguinte: no lugar dos “ILLUMINATI”, entenda TRANSNACIONAIS e tudo se encaixará muito bem no lugar.

      Isso de Illuminatis comandando a Nova Ordem Mundial é só mais uma das teorias de conspiração correntes pela mídia. É perfeitamente dispensável, embora possa ser útil.

      O Irmão Rubens dessa série PREPARE-SE (e as outras indicações que dei) ilustra muito bem o que Boaventura de Sousa Santos (sociólogo ateu) escreve em “Os Processos da Globalização”, um artigo muito complexo para se entender sem uma base mínima como a que sugerí.

      Agora, se vai haver um genocídio na Humanidade, não será por causa dos Illuminati, mas por causa do esfacelamento do sistema econômico mundial.

      E isso é bastante possível!!! Mas não é ‘provável’ (faltam provas, embora hajam indícios), ok?

  • Flor de Lis:

    Simplesmente sensacional. Parabéns, Mustafa. Continue nos brindando com belezas como essa; seu artigo é lindo, e extremamente oportuno, em tempos como os nossos onde muitas escolas preferem a quantidade em detrimento da qualidade.

  • Fernando Rabelo de Souza:

    Professor Mustafá Ali Kanso, obrigado por compartilhar seu pensamento. Suas idéias indicam que o senhor é um dos que primam pelo conhecimento verdadeiro, belo, em favor do ser humano. Nós aqui que nos metemos a querer “ensinar” precisamos estar sempre alertas em relação ao que o Sr. expôs.

  • André de Santa:

    Impressionante.
    Na minha opinião, o homem que deixa de estudar também deixa de viver, e não estou falando de escola ou universidade. Devemos estudar a nossa vida e as nossas ações para sempre podermos aprender mais e mais sobre o mundo em que vivemos e tornar a nossa vida melhor.

  • jose ajosilaudo:

    muito legal esse artigo.

  • Luís Cláudio LA:

    Bla bla bla… Sempre o mesmo discurso teórico. Muito fácil sentar e filosofar sobre isso. Eu ainda espero um dia encontrar um artigo que apresente além do que foi falado aqui. Gostaria que mostrassem como fizeram com uma turma de 7a ou 8a série (8o ou 9o ano, como preferir) totalmente desinteressada, indisciplinada, que não vê utilidade em nada que se estuda e tudo o que é comum em váááárias salas de aulas por esse Brasil a fora. Apresentem os fatos, a abordagem, a(s) disciplina(s) trabalhadas, como foram trabalhadas, o antes e o depois etc. Já cansei de ver artigos de pessoas que não sabem o que é uma sala de aula (DE VERDADE). Os professores precisam de ajuda para a lidar com essa moçada que aí está. Infelizmente, só encontramos discursos teóricos. É uma pena porque até a teoria que defendem (que aluno não é tábua rasa e bla bla bla) ganharia “vida” se mostrassem na prática que faz sentido pensar como pensam. Eu olho para trás e vejo que tudo o que está sendo construído hoje está sendo feito por pessoas que vieram dessa forma de ensinar que tanto criticam. Uma dúvida: por que o uso da expressão “know how”? Saudações.

    • Flor de Lis:

      Caro Luís Cláudio LA,

      notei sua indignação no comentário que fez onde vc diz que tudo que se vê são teorias e nada mais. Pois bem, gostaria de dizer-lhe que não é bem assim. Que nossa educação precisa de socorro urgente e que a teoria sobre isso é alardeada aos quatro ventos, porém a prática é outra, isso não há que se negar. No entanto, já que vc solicitou um exemplo de quem saiu da teoria e partiu pra ação em prol de uma educação digna, apresento-lhe o NOBRE PROFESSOR ANTONIO CARDOSO DO AMARAL

    • Flor de Lis:

      (Continuando aqui… este computador está contra mim, só pode..rsrsrs)…. Pois bem, este professor promoveu e está promovendo uma verdadeira revolução em Cocal dos Alves, cidade do interior do Piauí, distante 263 km da capital Teresina. O professor Antonio Cardoso do Amaral é formado em Matemática pela Universidade Estadual do Piauí em Parnaíba. Antes de seu regresso a Cocal dos Alves nada havia de diferenciado na educação daquelas crianças; o ensino oferecido a elas era tão insuficiente quanto em centenas de outras escolas brasileiras. Em seu comentário vc solicita, digamos, a apresentação de uma fórmula que se mostre bem-sucedida; aqui está (nas palavras do próprio professor Antonio): um quadro, um pincel, um livro e um compromisso com a causa da educação. Esta fórmula “mágica” tem revolucionado a vida dos meninos e meninas desta cidadezinha interioriana do Nordeste (minha região, que me enche de orgulho). Na 6ª Olimpíada Nacional de Matemática, quatro das medalhas de ouro seguiram com meninos e meninas de Cocal dos Alves em suas mochilas na volta para casa. Esse é apenas um dos feitos que esse professor e os demais colaboradores do projeto já conseguiram. Tal façanha chamou a atenção do Governo Federal, em especial do Ministro da Educação, Fernando Haddad; e Cocal dos Alves acabou se tornando exemplo nacional: o que era pra ser regra, acabou virando exceção. Quem sabe um dia veremos nosso país repleto de ‘Antonios’ que farão de nossa educação algo que nos dará imenso orgulho e satisfação. O exemplo deste professor, que sem muitos recursos, teve tão grandes conquistas é algo simplesmente magnífico. Se quiser saber mais sobre isso, pesquise sobre o professor Antonio e seu projeto revolucionário; a internet está repleta de matérias sobre ele e seus garotos. Espero que esse exemplo, tão próximo de nós, possa saciar um pouco da sua indignação; pois como bem mostrou à sociedade este professor: não estamos todos vivendo de teoria. A propósito, a expressão ‘know how’ vem do inglês e diz respeito a conhecimento; o autor do artigo faz menção a isso no sentido de que este conhecimento seja usado na solução dos problemas existentes. Nada mais correto.
      Abraços!

    • Luís Cláudio LA:

      Oi Flor de Lis…

      Obrigado por responder. Vou procurar saber sim sobre o professor e, principalmente, se ele tem algum artigo publicado. Tentarei entender se o que ele fez foi algo que veio dele, ideias dele, iniciativas dele ou se pautou em alguma das teorias atualmente defendidas. Perceba a diferença entre você ter uma iniciativa própria sem ter necessariamente contato com teoria nenhuma e uma iniciativa a partir do que defende a teoria. Se procurar por experiências, de professores, bem sucedidas, tenho certeza que encontrará várias, mas o que estou questionando é a escrita de artigos que defendam uma ideia e que não se preocupam em mostrar que essa ideia dá resultados. É um pouco diferente de pinçar um exemplo de sucesso em uma ação pedagógica feita por um professor por iniciativa própria e se fazer a partir de conceitos teóricos. Essa é a minha crítica. Ah… Não procuro por uma fórmula mágica. Procuro por validação da teoria defendida. Abração.

    • Flor de Lis:

      Caro Luís Cláudio,
      entendo seu ponto de vista quando cobra validação da teoria: é justo, se vc devende algo precisa mostrar que aquilo dá resultados. Porém, penso que o fato de saber se o professor Antonio se pautou em alguma teoria já defendida ou não, não importa muito; o que importa mesmo é que ele foi lá e fez. Afinal de contas, a teoria não é nada sem a prática, não é mesmo? Até onde sei o professor Antonio agiu de acordo com idéias dele mesmo; mas quem garante que as idéias dele não são reflexo de algum professor que ele tenha tido durante sua vida estudantil, e que fosse simplesmente apaixonado por educação? Bem, isso só o professor Antonio pode nos responder. Mas o que nos interessa mesmo é que a ação dele deu certo, e pode ser reproduzida e bem-sucedida em outros lugares. Quanto ao que eu disse sobre ‘fórmula mágica’, foi uma referência ao fato de que muita gente pensa que certas coisas se consegue apenas estalando os dedos como o gênio do desenho animado. Abraços!

    • aguiarubra:

      Flor de Lis

      Quem entende do riscado, mesmo, só tem a elogiar esse artigo de Mustafá Ali Kanso.

      E vê-se que o professor ANTONIO CARDOSO DO AMARAL é uma aplicação prática do que disse Mustafá.

      Parabéns pela sua contribuição!

    • Flor de Lis:

      Aguiarubra,
      obrigada pelo seu comentário. Dou aulas para adultos, e sei o quanto certos obstáculos nos fazem tirar “leite de pedra”. Abraços!

  • garretereis:

    Incrível q um conceito tão antigo ainda seja tão ignorado!

  • Acaz Pereira:

    Eu sou o contrário, só consegui estudar efetivamente até hoje sozinho. É incrível mas nunca encontrei uma turma que preste de verdade, estou rodeado de ignorantes e prefiro estudar sozinho.

  • KamedaK:

    Sem sombra de dúvidas este foi um artigo sensacional, Mustafa.

    Eu gosto muito de aprender, mas tenho uma imensa dificuldade de estudar sozinho, no meu caso eu só consigo estudar com um professor presente ou com alguma coisa já definida que eu precise(ex: trabalhos).

    Por mais que seja difícil para mim abrir um livro e tentar estudar sozinho, eu nunca paro de tentar.

    É lendo textos como os seus que eu sempre consigo um ânimo a mais.

    Abraço.

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