Exoplaneta é rico em calcário, substância ligada à vida na Terra

Por , em 16.06.2016
Impressão artística de um sistema planetário destruído por sua estrela. O material rochoso se movendo cai na superfície da anã branca, revelando que o explaneta é rico em calcário

Impressão artística de um sistema planetário destruído por sua estrela. O material rochoso se movendo cai na superfície da anã branca, revelando que o explaneta é rico em calcário

Um mundo distante poderia ser rico em calcário, uma substância que, na Terra, é produzida principalmente por organismos vivos.

A estrela mãe do planeta – o “sol” deste mundo distante – está devorando-o lentamente, o que revela para os astrônomos que ele parece ter uma crosta de calcário.

Na Terra, o calcário é majoritariamente feito por organismos vivos, mas isso não significa que o mesmo processo esteja acontecendo neste planeta, já que a substância também pode se formar de outras maneiras.

Formação de calcário na Terra

Carl Melis, um dos pesquisadores do estudo, da Universidade da Califórnia em San Diego (EUA), falou durante uma conferência no 228º encontro da Sociedade Astronômica Americana que o mundo alienígena parecia rico em componentes do calcário, como carbono e cálcio.

“Calcário tem conexões com organismos marinhos a Terra”, explicou Melis. “Os organismos marinhos produzem carbonato de cálcio, fazendo conchas. Quando morrem, as conchas descem para o fundo do oceano, são compactadas e, eventualmente, acabam como calcário”.
Como eles descobriram que este exoplaneta era rico em calcário?

No final de suas vidas, algumas estrelas incham antes de destruir suas atmosferas, deixando para trás núcleos densos conhecidos como anãs brancas.

As camadas exteriores de algumas anãs brancas mudam rapidamente. Quaisquer elementos mais pesados destas estrelas, predominantemente compostas de hidrogênio, vem provavelmente dos restos de planetas condenados e asteroides em sua órbita.

Melis e o coautor Patrick Dufour, da Universidade de Montreal (Canadá), estabeleceram que o material que estavam vendo na anã branca SDSSJ1043+0855 veio da crosta de um corpo rochoso – provavelmente um planeta que orbita esta estrela.

Ao estudar o material da anã branca com o Telescópio Espacial Hubble, da NASA, e o telescópio do Observatório Keck, no Havaí, os pesquisadores descobriram que a estrela não tinha os ingredientes de mantos e núcleos planetários, os materiais pesados que afundam em planetas. Em vez disso, o material se parecia com as camadas exteriores da Terra, com baixas doses de ferro. Isso os fez pensar que estavam olhando para as camadas superficiais de um corpo rochoso diferenciado.

Muito carbono

Nem todos os objetos grandes o suficiente para diferenciar as suas camadas são planetas, no entanto.

Os resultados eram “razoavelmente consistentes” com um objeto tipo uma lua, também. Esta lua poderia ter se formado em torno de um planeta terrestre rochoso, ou poderia ter sido anexada a um gigante de gás e espiralado para dentro da estrela quando ela começou suas mudanças de “fim de vida”.

Depois de confirmar que eles estavam olhando de fato para um mundo rochoso consumido pela estrela, a dupla de pesquisadores, em seguida, passou a analisar as doses pesadas de carbono, o que sugeria uma superfície mais rica em carbono do que a Terra.

O carbono abundante nesta situação é intrigante, porque o elemento normalmente acaba congelado ou enchendo a atmosfera do planeta como um gás. Com uma estrela no final de sua vida útil cozinhando o planeta, esse tipo de carbono deveria evaporar.

Calcário é a resposta

Ao modelar combinações dos elementos detectados, os cientistas determinaram que altas doses de calcário poderiam ter existido na superfície do planeta – o que o impediria o carbono de evaporar ou congelar.

Mais que 9% da crosta do planeta poderia ter sido feita de pedra calcária e sobrevivido ao aumento das temperaturas.

Como a maioria das formas de calcário da Terra são produzidas por coisas vivas, como conchas, corais e algas que se acumulam na água, isso poderia significar que organismos vivos também são responsáveis pela formação da substância neste potencial exoplaneta.

No entanto, Melis adverte que só isso não é automaticamente um sinal de vida. Embora os processos biológicos dominem a formação calcária da Terra, processos químicos também desempenham um papel. Algumas formas de calcário se criam a partir das interações da água com carbonato de cálcio. A evaporação também pode ajudar, uma vez que carbonatos de cálcio transportando água podem deixar para trás minerais que formam estalactites e estalagmites dentro de cavernas.

Quando o Telescópio Espacial James Webb for lançado em 2018, ele será capaz de pesquisar os detritos em torno da estrela, nos ajudando a resolver este mistério. [Space]

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