Uma estrela explosiva a 65 anos-luz de distância pode ter causado extinção em massa na Terra: estudo

Por , em 20.08.2020
A supernova 1987A que poderia ter causado extinção em massa na Terra
Imagem composta da Supernova 1987A. Crédito: ALMA/Hubble/Chandra/Nasa

Durante o período Devoniano Superior muita vida desaparecia em uma das maiores extinções em massa pelas quais a Terra já passou a cerca de 359 milhões de anos atrás.

Pesquisadores agora indicam que o culpado pela catástrofe pode ter vindo de fora de nosso Sistema Solar.

Uma nova pesquisa do astrofísico Brian Fields da University of Illinois Urbana-Champaign (EUA), indica estranhamente que esse fenômeno pode ter vindo do outro lado da galáxia, de uma estrela que explodiu a 65 anos-luz da Terra.

O suspeitos anteriores para a devastação da vida no período Devoniano incluem um supervulcão que teria asfixiado a vida na Terra ou a colisão de um asteróide.

“A mensagem abrangente de nosso estudo é que a vida na Terra não existe isoladamente. Somos cidadãos de um cosmos maior, e o cosmos intervém em nossas vidas – muitas vezes de forma imperceptível, mas às vezes ferozmente.”

Brian Fields
Simulação de uma supernova próxima colidindo com a Terra que poderia causar extinção em massa
Simulação de uma supernova próxima comprimindo o vento solar e colidindo com a Terra. A órbita da Terra é o círculo azul e o Sol o ponto vermelho. Em escala. Crédito: Jesse Miller

Como uma supernova poderia causar extinção em massa

No estudo o astrofísico aborda que uma supernova pode ter levado a uma colisão com o ozônio da Terra que coincide com a grande extinção Devoniana. A radiação da explosão estelar a 65 anos-luz de distância pode ter causado a catástrofe.

As estimativas do trabalho de Field e colegas indicam que é possível que explosões estelares ainda mais distantes podem ter efeitos perigosos para a vida na Terra.

Supernovas emitem fótons ionizantes: extremos raios ultravioleta, raios gama e raios-X.

Raios cósmicos

“Em escalas de tempo mais longas, a explosão colide com o gás circundante, formando um choque que impulsiona a aceleração das partículas. Dessa forma, [as supernovas] produzem raios cósmicos, ou seja, núcleos atômicos acelerados a altas energias. Essas partículas carregadas são magneticamente confinadas dentro do remanescente [da supernova], e devem banhar a Terra por ~ 100 ky [aproximadamente cem mil anos]”, explica o estudo.

Os cientistas afirmam que estes raios cósmicos, podem ter potência suficiente para acabar com a camada de ozônio e ainda prejudicar a vida durante muitos anos na Terra. Evidências desse processo vem do desaparecimento da diversidade e da deformações nos esporos de plantas antigas descobertas em rocha profunda entre os períodos Devoniano-Carbonífero, depositada a cerca de 359 milhões de anos atrás.

Evidências por isótopos radioativos

Apesar de ser apenas uma hipótese ela parece plausível. Recentemente cientistas que investigam a possibilidade de supernovas como fontes de extinção em massa buscam isótopos radioativos que só poderiam existir na Terra vindas de estrelas explosivas.

Ferro-60, por exemplo, é um destes isótopos radioativos que já foi encontrado em vários lugares diferentes do planeta.

Mas especificamente no caso extinção do Devoniano Superior isótopos diferentes seriam fortes evidências de extinção por supernova: plutônio-244 e samário-146.

“Nenhum desses isótopos ocorre naturalmente na Terra hoje, e a única maneira de chegarem aqui seria por meio de explosões cósmicas”, afirma o co-autor do estudo Zhenghai Liu.

Portanto descobrir plutônio-244 e samário-146 no registro fóssil do Devoniano-Carbonífero seria uma forte evidência de que supernovas podem ser responsáveis por destruir a vida na Terra de maneira absolutamente devastadora.

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