É fácil acreditar em fenômenos paranormais quando você está deitado na cama, acordado, às 3 da manhã, depois de ver muitos episódios da série “Supernatural”. No entanto, muitas pessoas ficam com a ideia de que “fantasmas são muito reais” mesmo quando o sol está brilhando e apesar das tentativas contínuas dos pesquisadores de arruinar cada mistério aparentemente paranormal com explicações fáceis. Afinal, todo mundo já viu algo que não conseguiu explicar.
Assim, agora que já passou o Dia das Bruxas e não vamos estragar a diversão de ninguém, aqui estão alguns exemplos de fenômenos paranormais famosos que parecem convincentes até que alguém resolve analisar as coisas um pouco mais de perto.
5. Fenômenos paranormais: “Detetives psíquicos” que realmente resolvem casos
Em 12 de julho de 2009, Melissa Barthelemy, uma nova iorquina de 24 anos de idade, desapareceu. Poucos dias depois, sua irmã recebeu uma ligação do celular dela em que um homem não identificado disse: “Você acha que vai vê-la novamente? Você não vai, porque eu a matei.” O homem então desligou.
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A irmã de Melissa recebeu várias chamadas mais assustadoras deste homem, que acabou por ser um assassino em série jogando jogos mentais horríveis, detalhando a violência que praticava com a jovem. A polícia tentou rastrear a localização das chamadas, mas não conseguia porque o assassino desligava rápido demais. Desesperada, a família de Barthelemy contratou um vidente para ajudar a encontrar seu corpo. O médium disse que ela foi enterrada em uma cova rasa com vista para um corpo de água, com um “G” em uma placa nas proximidades.
Nove meses depois, os policiais desenterraram o corpo de Melissa envolto em sacos plásticos na Gilgo Beach, em Long Island. Isso mesmo, com o “G” no placa e tudo! E este não é um incidente isolado. Alguns departamentos de polícia realmente usam os tais detetives psíquicos (ou, pelo menos, permitem que as famílias desesperadas de vítimas os usem) e há caso e mais casos de médiuns que usam suas habilidades paranormais para resolver crimes.
Isso quer dizer que todos esses detetives realmente têm poderes? Não. Embora pareça que a previsão do vidente se tornou realidade, ela também revela um monte de truques do comércio de “fingir ser um vidente”, se você analisar o caso de perto.
Primeiro de tudo, a previsão de que o corpo seria encontrado perto de um corpo de água imediatamente se torna menos impressionante quando você considera o fato de que o “médium” estava falando sobre a vítima de um serial killer que era conhecido por ser perseguindo em uma área muito específica de New York: Long Island. Para aqueles não familiarizados com a área, Long Island é uma ilha.
Quanto à “placa com um G nas proximidades”, mais uma vez, tem tudo a ver com Long Island. Qualquer placa de sinalização da área teria tido um “G”, para não mencionar os milhares de outro “G” que você encontraria em uma cidade grande (como no caso do “Gilgo Beach” – que contém um “G”, juntamente com outras oito letras que o tal psíquico poderia ter adivinhado).
Ser um detetive paranormal é, na verdade, nada mais do que fazer suposições e cobri-las com coisas nebulosas que um oráculo diria, de modo que eles possam dizer que previram o resultado quando a polícia realmente resolver o mistério. Já houve vários estudos científicos para testar as chamadas habilidades de detetives psíquicos ao longo dos anos, geralmente colocando um grupo de pessoas comuns para competir com eles. Para a surpresa de ninguém além das pessoas que acreditam em videntes, as pessoas normais e os videntes sobrenaturais têm o mesmo desempenho.
A única diferença era que os detetives psíquicos usavam uma retórica floreada, irrelevante – por exemplo, falando de sons e cheiros que as evidências os faziam sentir – e chutavam até 10 vezes mais previsões do que uma pessoa normal, o que só aumenta as chances de que um ou dois de seus palpites aleatórios estariam corretos. E quando eles acertam um, nós tendemos a esquecer os erros.
4. Milhares de pessoas que têm as mesmas experiências “fora do corpo”
Uma experiência fora-do-corpo (ou viagem astral), refere-se ao estado de ser em que seu corpo está dormindo, mas a sua consciência se liberta de sua forma física e fica flutuando por aí. Pessoas que afirmam ser capazes de fazer uma projeção astral rotineiramente descrevem que vêem seus próprios corpos à medida que sua consciência voa para longe.
Para demonstrar o que realmente está acontecendo aqui, tente este truque. Faça um amigo se sentar na sua frente de maneira que você esteja olhando para a parte de trás de sua cabeça. Feche os olhos e dê a volta nos ombros do seu amigo com o seu braço direito de modo a tocar o nariz dele. Pegue a sua outra mão e toque o seu próprio nariz usando os mesmos movimentos. Continue assim por mais ou menos um minuto e de repente você se convencer de que o seu próprio nariz tem quase um metro de comprimento.
O objetivo deste exercício é mostrar uma das tarefas que o cérebro executa em segundo plano: saber exatamente onde suas partes do corpo estão em todos os momentos. Você simplesmente não percebe até que “dê pau” nessa função, como no exercício anterior, ou quando você derruba o copo de água porque seu cérebro pensou que sua mão estava cerca de cinco centímetros mais à esquerda do que realmente estava.
Mas o que isso tem a ver com fenômenos paranormais? Bem, tomografias de pessoas que passaram por experiências fora do corpo mostram que eles tendem a ter danos justamente nas áreas do cérebro que são responsáveis por dados sensoriais, funções motoras, o equilíbrio e a capacidade mencionada acima de sentir a posição e o movimento de seu corpo no espaço.
Quando essa parte do cérebro “dá pau” demais, você pode sentir como se seu corpo inteiro estivesse no lugar errado.
Pesquisadores suíços até mesmo conseguiram replicar o efeito da experiência fora do corpo estimulando o giro angular direito, a área do cérebro responsável por criar a representação da mente de si mesmo. Apesar de tratar uma mulher com epilepsia com estimulação elétrica feita com eletrodos no crânio, os pesquisadores descobriram que poderiam fazer com que ela deliberadamente experimentasse sensações de queda ou de se tornar mais leve. Conforme a intensidade dos eletrodos aumentava, ela disse que viu a si mesma de cima.
Agora, essa parte é um pouco mais difícil de explicar, além do fato de que muita coisa do que você “vê” é o seu cérebro juntando dados conflitantes em algum conjunto coerente. Quando uma parte do cérebro diz, “Uau, nossos olhos estão a 3 metros de distância do nosso crânio agora mesmo!” ele provavelmente lhe dá rapidamente a “visão” do ambiente que seria de esperar nessa situação. Ou seja, o nosso cérebro nunca tão impressionante do que quando está fazendo merda.
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3. Muitas pessoas relatam as mesmas “experiências de quase-morte”
Certos tipos de livrarias estão cheias de obras escritas por pessoas que detalham as suas experiências de quase-morte (ou EQMs). Mesmo que você não tenha deliberadamente lido essas histórias, você provavelmente sabe o que é, graças aos filmes que as usaram como roteiro: a pessoa flutua para longe de seu corpo e entra um túnel com uma luz brilhante no fim. Pode haver uma reunião com um membro da família falecido ou um personagem religioso e a pessoa, eventualmente, recebe a mensagem que ainda não chegou a sua hora. A pessoa, então, desperta e continua a sua vida.
Mas acontece que você pode ter uma experiência de quase morte sem ter quase morrido. É, mais uma vez, apenas o seu cérebro falhando em uma série de maneiras assustadoramente hilariantes.
Por exemplo, simplesmente acreditar que você está à beira da morte pode ser suficiente para desencadear todos os sintomas de uma EQM tradicional. Outras coisas que podem desencadear uma “experiência de quase morte” incluem depressão, isolamento, meditação ou um evento traumático, como a morte de alguém próximo a você.
E mesmo se você experimentar um incidente real de risco de morte, o provável culpado para a familiar “luz branca” as pessoas descrevem é bastante simples. Graças a uma avaria na sua fase de sono REM (do inglês Rapid Eye Movement, “movimento rápido dos olhos”, é a fase do sono na qual ocorrem os sonhos mais vívidos) que lhe permite ter sonhos vívidos e uma imobilidade semelhante à do sono mesmo estando acordado (basicamente, uma paralisia do sono), você alucina com algumas imagens antes ou depois deste evento de risco de morte, incluindo brilhos celestiais, familiares falecidos, etc. É basicamente apenas um truque do cérebro.
Além disso, estudos transculturais descobriram que o tipo de EQM você experimenta depende muito da cultura em que você foi criado, o que dá mais evidências para a teoria de que as EQMs são doses de realidade percebidas em um estado onírico.
2. Fantasmas que deixam evidências (em áudio) de sua existência
A maioria das aparições de fantasmas são claramente sonhos ou apenas besteira pura e simples – qualquer pessoa carente de atenção podem alegar que acordou no meio da noite e viu uma velha assustadora flutuando pelo corredor. Mas, há um subconjunto muito específico de fantasmas que prefere manifestar-se exclusivamente através do som e que aparecem aleatoriamente em uma gravação que até então era normal. Isso é chamado de Fenômeno de Voz Eletrônica (FVE) e o YouTube está cheio de gravações que dão uma ideia do que seria um bando de fantasmas sussurrando uns com os outros.
Para chegar à raiz deste fenômeno, vamos começar com esse cara:
Essa é o famoso “rosto em Marte” que deixou os ufólogos em polvorosa quando foi fotografado pela Viking 1 em 1976. Claro, isso obviamente não é um rosto – nós apenas o enxergamos assim por causa de um fenômeno psicológico conhecido como pareidolia. Como já discutimos anteriormente, a pareidolia refere-se à tendência do seu cérebro distinguir padrões familiares quando nenhum está realmente presente. Aqui está uma foto de alta resolução da mesma estrutura em Marte, tirada em um momento diferente, quando as sombras estavam em posições distintas:
Bem, nossos ouvidos são tão propensos a este fenômeno quanto nossos olhos (uma vez que, em última análise, é o cérebro que encontra os padrões). Cada vídeo que afirma ter capturado o som de vozes sem corpo sussurrando é um exemplo disso. Alguma vez você já sentou em frete ao computador no escritório, mal registrando o burburinho no fundo, quando, de repente, você poderia jurar que alguém disse seu nome? Ou você já ouviu alguém chamá-lo em uma rua cheia de gente, apenas para descobrir que ninguém está lá?
Ou, você se lembra da polêmica dos anos 1980 e 1990 sobre supostas mensagens satânicas escondidas em canções de rock (ou músicas da Xuxa, se preferir) que só poderiam ser ouvidas quando tocadas ao contrário? No início, as músicas apenas soavam como absurdo… mas, se alguém lhe dissesse a frase que você estaria ouvindo, você vai ouvi-la.
Da mesma forma, esta pareidolia auditivo fica pior quando você é o tipo de pessoa que vagueia por lugares supostamente assombrados tentando ouvir vozes de fantasmas. Seu cérebro vai começar automaticamente a classificar todo ruído de fundo aleatório em um padrão reconhecível, e sua necessidade desesperada de ouvir poltergeists falar uns com os outros irá moldar esses padrões até que você fica com algo que parece, na melhor das hipóteses, um monte de blablablá espectral.
1. Casas assombradas
A razão pela qual as pessoas acham casas assombradas tão fascinantes é que elas nunca são assombradas apenas para uma pessoa. Enquanto você pode facilmente descartar qualquer testemunha solitária como um enganador, é mais difícil descartar as experiências de famílias inteiras (incluindo crianças) que estão legitimamente traumatizadas. E também há as velhas mansões, armazéns e castelos que se vangloriam por terem tido gerações de vítimas aterrorizadas que afirmam ter visto a mesma coisa.
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Há uma série de teorias estranhas sobre isso, algumas das quais são apenas um pouco menos estranhas do que “as almas atormentadas daqueles que já partiram”. Em primeiro lugar, temos o fenômeno dos infra-sons – ruídos em frequências muito baixas para ouvirmos, mas que podem causar emoções que variam de meo leve a pânico total. Um edifício que estava tendo várias aparições de fantasmas, por exemplo, se livrou deles ao consertar um exaustor com defeito.
Porém, ainda, há a chance de que você viu um fantasma no seu porão porque estava envenenado. Já notou como casas novas não parecem ter problemas de fantasmas? Bem, esses prédios antigos muitas vezes têm mofo e, analisando os efeitos na saúde de mofo tóxico, encontramos coisas como alucinações, ansiedade, confusão e “nevoeiro cerebral”. É por isso que um grupo de pesquisadores da Universidade de Clarkson já começou a fazer um estudo sobre isso, rondando em torno de locais supostamente assombrados em todo o estado de Nova Iorque. Eles não estão realizando sessões espíritas e pedindo para os mortos se revelarem; estão, na verdade, testando a qualidade do ar.
E, finalmente, devemos apontar o que é quase certamente a fonte mais comum de assombrações: o simples poder de auto-sugestão do subconsciente. Já foi feito um estudo sobre as centenas de visitantes do Palácio de Hampton Court, uma das casas assombradas mais notórias na Inglaterra. Metade dos participantes foram informados de que o palácio havia passado recentemente por um aumento dramático nos fenômenos sobrenaturais, enquanto a outra metade ouviu exatamente o oposto. Como resultado, as pessoas que foram levadas a acreditar que Palácio de Hampton Court estava cheio de fantasmas relataram uma quantidade significativamente maior de experiências paranormais do que os outros.
Uma vez que te digam que você está em uma casa mal assombrada, tudo, desde o rangido do assoalho até correntes aleatórias de ar frio, é reinterpretado pelo cérebro como prova de ataques de poltergeist. É tão simples que chega a ser decepcionante.
Claro, parece besteira quando vemos isso acontecendo com outras pessoas. Todo mundo já acreditou ou vai acreditar, em algum momento, em algo muito estranho e impossível sobre o mundo, simplesmente porque estava preparado para acreditar naquilo. É como o cérebro funciona – e é mais assustador do que qualquer outra coisa nesta lista. [Cracked]