Fique ocupado, fique feliz
Uma nova pesquisa indica que as pessoas que permanecem ocupadas com tarefas tendem a ser mais felizes do que pessoas ociosas.
Os pesquisadores recrutaram 98 estudantes universitários para participarem de experimentos. No primeiro exame, os participantes foram informados de que teriam 15 minutos para realizar uma tarefa antes de ter que fazer outra. Eles deveriam pegar um doce, e poderiam decidir se o buscariam em um local próximo, e em seguida ficar ocioso, ou dar um passeio em um local mais distante para pegar o doce antes de fazer outro exame.
Neste primeiro experimento, os doces eram idênticos em ambos os locais – os participantes podiam escolher se queriam chocolate ao leite ou amargo. Em um segundo experimento, os doces eram diferentes nos dois locais – um local tinha chocolate ao leite, e o outro chocolate amargo.
Segundo os pesquisadores, a primeira opção não ofereceu nenhuma justificativa para uma caminhada de 15 minutos; você poderia ir mais perto para pegar qualquer chocolate, de modo que fazer uma caminhada antes de completar outro exame pode parecer tolo. Mas saber que o tratamento será diferente oferece uma justificativa para um passeio.
Menos da metade dos estudantes escolheu ir ao local distante quando sabia que os chocolates seriam idênticos. Mas mais da metade escolheu dar um passeio quando souberam que o tratamento dos chocolates seria diferente, mesmo quando eles não tinham ideia de qual chocolate desejavam obter ao optarem pelo exame de uma caminhada.
Em seguida, os alunos receberam um questionário que perguntava como eles se sentiram nos últimos 15 minutos, e as respostas deveriam ser feitas numa escala de 1, ou “nenhum pouco bem”, a 5, ou “muito bem”.
O resultado indicou que os participantes ocupados, que andaram até o local mais distante, relataram maior felicidade do que aqueles que optaram por aguardar ociosamente, segundo os pesquisadores.
O estudo pode estimular políticas benéficas para a sociedade. Indivíduos ociosos que se ocupassem poderiam causar menos estragos, pois não se envolveriam em “negócios destrutivos”. E qualquer incentivo parece funcionar, dizem os pesquisadores, porque as pessoas temem o ócio, e suas razões professas para a atividade podem ser simples justificações para se manter ocupado.
Em geral, quando é dada opção as pessoas, elas optam por fazer coisas que vão mantê-los ocupadas. Os investigadores dizem que as pessoas parecem saber que a ocupação rende felicidade, mas elas carecem de justificação para se ocupar, ou vão escolher a ociosidade. Isto reflete o desejo das pessoas em basear suas decisões sobre regras e motivos.
Os experimentos então foram repetidos em outro contexto. Os alunos receberam uma pulseira e tiveram 15 minutos durante os quais eles poderiam ou não fazer nada ou desmontá-la e montá-la novamente.
A alguns foi dito que, se desmontassem a pulseira, teriam que montá-la novamente do jeito original. A outros foi dito que se a desmontasse teriam que remontá-lo em um projeto diferente.
A maioria dos alunos que teriam que montar a pulseira no seu design original optou por ficar de braços cruzados. A maioria dos que tinham que remontá-la de uma maneira diferente preferiu ficar ocupado. Mais uma vez, aqueles que se ocuparam relataram maior felicidade.
Os resultados reforçam a tese de que os seres humanos desejam, ao mesmo tempo, a ocupação e uma justificativa para ela. Tais decisões, segundo os pesquisadores, estão enraizadas na evolução, porque gastar energia sem razão ao longo dos tempos poderia comprometer a sobrevivência. [WebMD]
4 comentários
Faz um tempo que eu ja percebi isso. Ficar (desocupado) é a pior coisa que tem. Até existe uma frase do Voltaire, que diz: “O trabalho nos livra de três grandes males: o tédio, o vício e a pobreza.”
Da um desconto, eles devem ter traduzido ao pé da letra do idioma inglês. Chega de ociosodade, fique feliz.
“nenhum pouco bem” foi demais até para vocês… Um site que tem por objetivo divulgar conhecimento deveria preocupar-se um pouco mais com a redação de seus artigos.
Um dia passaremos da fase onde se cultua o corpo para a fase do culto ao cérebro, e o corpo humano será apenas mais uma ferramenta ao serviço do cérebro.