Fósseis de mamíferos eutérios, entre nossos ancestrais mais antigos, são descobertos

Por , em 8.11.2017

Dois dentes de alguns dos mamíferos mais antigos conhecidos foram encontrados no sul da Inglaterra.

Os fósseis pertencem a um grupo que mais tarde deu origem a animais como cães, elefantes e seres humanos.

Os dentes provavelmente pertenciam a criaturas que comiam insetos e saíam de seus esconderijos apenas à noite – uma estratégia de proteção que lhes permitia evitar os dinossauros que dominavam a Terra durante o período Cretáceo.

Duas novas espécies

Grant Smith, na época estudante de graduação da Universidade de Portsmouth, foi quem encontrou os dentes no verão inglês de 2015, quando cuidadosamente peneirou centenas de quilos de pedras que coletou na praia de Dorset.

Grant e seu orientador, David Martill, suspeitaram que os fósseis pertenciam a mamíferos. Para confirmar, pediram a ajuda do especialista Steve Sweetman.

Os dentes representam duas novas espécies de mamíferos precoces, que provavelmente se assemelhavam vagamente a pequenos musaranhos.

Estima-se que o menor deles, chamado Durlstotherium, comia insetos quase que exclusivamente. O maior, chamado Durlstodon, pode ter tido a capacidade de processar material vegetal.

Ilustração de pequenos mamíferos noturnos do período Cretáceo

Eutérios

De acordo com a análise dos pesquisadores, os dentes têm cerca de 145 milhões de anos, a idade da formação rochosa em que foram encontrados, e pertencem a mamíferos eutérios. O grupo Eutheria inclui, hoje em dia, os mamíferos placentários como cães, elefantes e humanos – seus parentes agora extintos.

Sweetman, pesquisador da Universidade de Portsmouth, disse ter ficado chocado com a descoberta: “Este é o tipo de coisa que você esperaria ver no Cretáceo Superior, não no início do Cretáceo”.

O surgimento dos primeiros eutérios tem sido uma questão de debate. Algumas evidências fósseis e genéticas sugerem que eles já estavam por aqui desde pelo menos o Jurássico tardio, cerca de 160 milhões de anos atrás, enquanto outros estudos indicam que eles podem ter surgido mais tarde.

“Podem haver eutérios vindos de outras partes do mundo de rochas mais antigas”, disse Sweetman. “Esperamos que haja; nós apenas não os encontramos ainda”.

Noturnos

Segundo Sweetman, medidas de crânio obtidas de espécies relacionadas insinuam que esses primeiros mamíferos provavelmente eram noturnos.

Essa suspeita é antiga, uma vez que os mamíferos têm pior visão de cor do que os répteis ou as aves, e que o formato de seus olhos e retinas indica que seus antepassados distantes eram adaptados à visão noturna.

Uma hipótese de longa data sustenta que esse estilo de vida noturno era uma forma dos animais se manterem fora do caminho dos dinossauros.

Quando os grandões se extinguiram, os antigos mamíferos passaram a ficar cada vez mais ativos durante o dia.

Com os dinossauros lá fora, melhor não

Essa interpretação foi corroborada por um estudo separado, conduzido por Roi Maor, da Universidade de Tel Aviv e da Universidade College London.

Maor examinou os comportamentos de mamíferos construindo um conjunto de dados maciço dos hábitos de 2.415 espécies vivas. Ele então calculou matematicamente os hábitos de antepassados comuns cada vez mais distantes desses animais, até chegar ao ancestral mais antigo conhecido de todos os mamíferos.

Este mamífero ancestral viveu há 166 ou 218 milhões de anos e era noturno, juntamente com muitos dos seus descendentes. Isso significa que os mamíferos mantiveram esse hábito durante a maior parte da existência dos dinossauros, possivelmente como uma forma de evitarem se tornarem vítimas desses predadores. [NatGeo]

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