Ícone do site HypeScience

Igreja Católica e Ciência: uma relação complicada

A Ciência e a Igreja têm uma história em comum que é longa, e às vezes bastante tumultuada. No conclave do mês de março de 2013, os Cardeais escreveram mais um capítulo nesta história, ao escolher um papa que provavelmente vai continuar a linha tradicionalista da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR).

Muito já foi conquistado em termos de avanços. Desde o tratamento dispensado a Galileu Galilei no século 17, a ICAR agora reconhece uma forma teísta de evolução cósmica e evolução biológica, mas continua se opondo a tópicos importantes como contracepção, aborto e o uso de células-tronco embrionárias.

[box type=”shadow”]Segundo a Afiliação Científica Americana, a evolução teísta ou criação evolucionária propõe que o método de criação usado por Deus foi projetar um universo em que tudo iria evoluir naturalmente, “evolução” aí significando Evolução Total – evolução astronômica para formar estrelas, galáxias, evolução geológica, para formar a geologia terrestre, evolução química, para formar o primeiro ser vivo, e evolução biológica, que gerou a diversidade da vida.[/box]

A ICAR é chamada por alguns como o maior patrono das ciências na história. De fato, com hospitais, observatório astronômico, e mesmo uma Academia Pontifícia de Ciências, a Igreja poderia ser considerada uma patrocinadora dos estudos científicos, mas uma olhada na história mostra que este não é sempre o caso.

No início dos anos 1600, um certo astrônomo entrou em conflito com a mesma porque apoiava a visão copernicana de que a Terra orbitava o sol.

Católico, Galileu foi julgado por heresia em 1633 pela Inquisição, e forçado a abjurar e passar o resto de seus dias em prisão domiciliar. Só 400 anos depois a ICAR pediu desculpas formais pelo tratamento concedido a ele.

A visão da Igreja sobre a evolução também tem evoluído. Sem ter tomado uma posição oficial nos primeiros cem anos, a ICAR manteve tal posição neutra até o fim dos anos 1950, quando passou a adotar uma “evolução teísta”.

Sobre aspectos da reprodução humana, como a contracepção e o aborto, o Vaticano tem assumido uma posição conservadora, rejeitando qualquer contracepção, inclusive a esterilização.

Em relação à epidemia da AIDS/HIV, a ICAR defende a monogamia e abstinência antes do casamento, condenando o uso de camisinhas. Apesar de ser um líder mundial no cuidado aos pacientes de HIV/AIDS, declarações como a do então Papa Bento XVI, de que as camisinhas pioram a epidemia de AIDS, tem atraído críticas severas dos especialistas.

No campo da pesquisa com células-tronco, a ICAR tem manifestado-se contra o uso de células embrionárias, porque crê que a vida inicia-se na concepção.

Apesar da ICAR sempre mostrar-se aberta a discussão, em certos campos, tal posição retrógrada e conservadora, afirmam cientistas, tem não só prejudicado o desenvolvimento da ciência, mas, como no caso da posição equivocada sobre AIDS e preservativos, colocado a vida das pessoas em perigo. [Live Science]

Sair da versão mobile