Impacto Iminente: Desvendando o Desafio Global dos Asteroides
A preparação para um eventual impacto de asteroide pode soar como um exercício teórico, mas é uma preocupação genuína e prática.
Nosso Sistema Solar hoje é muito mais estável do que em seus primórdios, época em que colisões celestes eram frequentes. Contudo, é uma questão de tempo até que um asteroide esteja em rota de colisão com a Terra. A possibilidade disso acontecer não é nula.
Prever quando um asteroide se aproximará da Terra é tão desafiador quanto mobilizar a cooperação global e a preparação para tal evento.
Uma verdade incontestável é que um asteroide de modestas proporções, com 500 metros de diâmetro, poderia causar um impacto devastador na Terra, liberando uma energia superior a 10 gigatons.
Se o impacto ocorresse em terra, criaria uma cratera de aproximadamente 9 quilômetros de largura e 0.7 quilômetros de profundidade, expelindo cerca de 4 quilômetros cúbicos de material. Esse material, superaquecido, seria lançado na atmosfera, provocando incêndios em larga escala. No caso de um impacto oceânico, tsunamis gigantescos seriam uma ameaça iminente.
Em qualquer um dos cenários, a civilização humana sofreria mudanças drásticas. O grau do impacto depende do tamanho do asteroide, e muitos deles são maiores que 500 metros (embora muitos outros sejam menores).
Os sobreviventes de um impacto significativo de asteroide enfrentariam desafios de sobrevivência comparáveis aos de nossos ancestrais primitivos.
Essas informações não são novidade para os que estudam asteroides, monitoram ameaças potenciais e trabalham em prever e mitigar tais impactos. Especialistas, incluindo cientistas e figuras políticas, reuniram-se na Conferência de Defesa Planetária de 2023 para discutir essas questões.
Um grupo de pesquisadores realizou uma análise aprofundada das descobertas da conferência.
Seus resultados foram publicados na revista Acta Astronautica, em um artigo intitulado “Consequências diplomáticas, geopolíticas e econômicas de uma ameaça iminente de asteroide”, de autoria de Laura Jamschon Mac Garry, diplomata e professora na Universidade de Belgrano e na Universidade del Salvador, em Buenos Aires, Argentina.
O artigo aborda aspectos que vão além das estratégias científicas e tecnológicas, examinando perspectivas legais, internacionais e acadêmicas.
O relatório destaca uma abordagem serena: um impacto de asteroide na Terra é um evento de baixa probabilidade, mas suas consequências seriam catastróficas.
Diferentemente de outros desastres naturais, os impactos de asteroides são previsíveis, permitindo a preparação. Isso os diferencia de eventos como terremotos ou erupções vulcânicas.
A Conferência focou em uma situação hipotética: um asteroide de 500 metros de diâmetro, descoberto em janeiro e batizado de 2023 PDC, estava em rota de colisão com a Terra. Inicialmente difícil de detectar devido à sua órbita, foi posteriormente classificado como um Asteroide Potencialmente Perigoso (PHA).
À medida que as observações continuavam, a probabilidade de o 2023 PDC colidir com a Terra em outubro de 2036 aumentava, oferecendo 12,5 anos para preparação.
Esse tempo de antecedência é crucial para estudar o asteroide e, possivelmente, enviar uma espaçonave para examiná-lo mais de perto. No entanto, este extenso período também apresenta desvantagens.
O relatório aponta as possíveis consequências desse conhecimento, incluindo caos regional, colapso econômico e desintegração social. A história já viu tumultos semelhantes sem a ameaça adicional de um impacto de asteroide, evidenciando a gravidade da situação.
Apesar desses desafios, esforços têm sido feitos para mitigar impactos de asteroides. Em 2011, o Comitê das Nações Unidas sobre os Usos Pacíficos do Espaço Exterior (COPUOS) estabeleceu uma equipe para tratar de Objetos Próximos à Terra, levando à colaboração internacional sobre o assunto.
Este estudo mais recente se aprofunda nas implicações sociais além da detecção e deflexão, levantando questões sobre prioridades de evacuação, resposta da sociedade, cooperação internacional, financiamento e o uso de dispositivos nucleares para desviar asteroides.
O estudo enfatiza a complexidade dessas questões, incluindo os papéis de diferentes países, estratégias geopolíticas e governança democrática no contexto de um longo período de preparação.
A preocupação principal gira em torno do uso de um dispositivo explosivo nuclear (NED) no espaço, dada a capacidade de veto dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, todos potências nucleares. Isso exige discussões geopolíticas, econômicas, culturais e religiosas abrangentes.
O artigo argumenta que enfrentar um impacto de asteroide é um teste crítico para a humanidade, contrastando a ameaça natural dos asteroides com o desafio feito pelo homem das mudanças climáticas.
Para sobreviver e evitar a extinção, devemos continuar nos preparando, e este estudo oferece insights sobre como avançar em nossa preparação de maneiras realistas. [Science Alert]