Importante: cientistas encontraram uma das maiores moléculas baseadas em carbono no espaço
Pesquisadores, com o auxílio de telescópios de rádio, identificaram uma das maiores moléculas de carbono já vistas no espaço — o pireno. A descoberta, realizada na nuvem molecular de Touro, a 430 anos-luz da Terra, promete elucidar mistérios profundos sobre a formação de elementos básicos para a vida, como o carbono.
Como o Pireno Veio Parar no Espaço Profundo?
Localizado na distante nuvem molecular de Touro, o pireno é composto por quatro anéis de carbono fundidos e está classificado como um hidrocarboneto aromático policíclico, ou PAH. Para astrônomos, a presença desse tipo de estrutura complexa no espaço é intrigante. Eles foram detectados pela primeira vez na década de 1960 em meteoritos antigos, relíquias do nosso sistema solar em formação. Com essa descoberta, os cientistas têm agora mais pistas para rastrear a origem do carbono no cosmos e entender como essas estruturas sobrevivem ao rigor do espaço.
De acordo com Brett McGuire, do MIT, essas moléculas provavelmente se formaram nas primeiras nuvens moleculares, sugerindo que o carbono encontrado em astros e planetas do sistema solar seja um resquício direto dessas estruturas primitivas. Com cerca de 20% do carbono espacial em sua composição, os PAHs também são conhecidos por serem extremamente estáveis, resistentes à radiação ultravioleta e propensos a sobreviver em ambientes hostis, como o espaço profundo.
Os PAHs: Pontes Químicas Entre Estrelas e Planetas
Os PAHs, como o pireno, oferecem uma janela para entender os processos químicos que ocorrem desde o nascimento até a morte das estrelas. Esses compostos têm uma estrutura química semelhante a moléculas que compõem seres vivos, o que pode significar que eles funcionam como “sementes químicas” para a formação de moléculas orgânicas. Ilsa Cooke, professora na UBC, observa que aprender como essas moléculas se formam e se movem no espaço é fundamental para entender a química do nosso próprio sistema solar e, por consequência, da vida.
Essa estabilidade dos PAHs é uma bênção para os cientistas, já que permite que eles permaneçam intactos por longos períodos e sejam encontrados mesmo em condições extremas. Ao explorar a química desses compostos, os astrônomos obtêm pistas sobre como estrelas, poeira cósmica e até planetas podem formar ingredientes básicos para a vida.
Um Rádio de Precisão: Como os Cientistas Detectam Moléculas no Espaço
Para identificar o pireno e outros PAHs, os cientistas usam a chamada astronomia de rádio, um método que observa objetos celestes em ondas de rádio, permitindo detectar moléculas em um nível individual. Diferente de outros tipos de telescópios que observam grupos de moléculas, os rádios telescópicos conseguem captar as “impressões digitais” eletromagnéticas que cada molécula emite ou absorve em frequências específicas. Essas assinaturas de ondas permitem que os cientistas façam uma análise precisa das moléculas presentes, um método que foi essencial para a descoberta do pireno.
Segundo McGuire, a quantidade de carbono identificada na nuvem molecular de Touro é surpreendente. “O pireno representa cerca de 0,1% do carbono presente nessa região espacial,” afirma ele, destacando a relevância dessa molécula para a astroquímica. É como se existisse uma “ilha” de carbono estável no espaço.
Carbono Espacial a -263 °C? Uma Surpresa Astronômica
Além de estar no lugar onde o sistema solar se originou, o pireno estava em uma nuvem com temperatura de apenas 10 Kelvin, equivalente a -263 graus Celsius! Normalmente, PAHs são criados na Terra em condições de alta temperatura, como durante a combustão de combustíveis fósseis, e encontrar esses compostos em um ambiente tão frio é um verdadeiro enigma. Isso levanta a possibilidade de que esses PAHs se formem em condições extremamente frias ou venham de outras partes do universo, talvez de estrelas moribundas que espalham seus compostos químicos pelo cosmos.
Os próximos passos na pesquisa incluem investigar se os PAHs podem realmente se originar em regiões frias ou se são transportados para essas nuvens através de processos cósmicos de longa distância.