Impressora 3D na medicina: tecnologia salva vida de bebê com rara doença respiratória

Por , em 23.05.2013

Impressoras 3D podem fabricar armas. Mas também podem salvar vidas.

Kaiba, nascido em outubro de 2011, parecia um bebê saudável. Mas, em uma noite quando a família estava jantando fora, Kaiba, então com apenas seis semanas de vida, parou de respirar e começou a ficar azul.

O pai do bebê, Bryan Gionfriddo, aplicou-lhe compressões torácicas antes de levá-lo às pressas para o hospital. Após dez dias, Kaiba foi enviado para casa, mas o pesadelo parecia não ter fim: dois dias depois, ele começou a ficar azul novamente. Foi aí que os médicos descobriram que o bebê tinha uma doença rara chamada traqueobroncomalacia, em que a traqueia é tão fraca que recolhe e impede a passagem do ar para os pulmões.

Mesmo depois que cirurgiões colocaram um tubo na traquéia de Kaiba para ajudá-lo a respirar, os problemas continuaram. O caso do bebê era grave e seu coração parava de bater por alguns momentos diariamente.

Impressora 3 D ajuda na busca por tratamento

A solução pioneira foi a utilização da impressão 3D. Pesquisadores da Universidade do Michigan (EUA) utilizaram essa tecnologia para criar uma tala que se encaixa precisamente em torno das vias aéreas de Kaiba, mantendo-a aberta e tornando-lhe possível respirar.

“Assim que a tala foi colocada, os pulmões começaram a ir para cima e para baixo pela primeira vez, e nós sabíamos que ele ficaria bem”, conta Glenn Green, professor de otorrinolaringologia pediátrica na universidade. Tradicionalmente, essas talas são esculpidas a mão, mas isso leva muito tempo, além de não corresponderem exatamente as vias aéreas do paciente.

Pesquisadores planejavam testar a tala para ajudar pacientes com traqueobroncomalacia severa em um ensaio clínico. Quando souberam do caso de Kaiba e perceberam que a tecnologia poderia salvar sua vida, não hesitaram em utilizá-la, e o bebê se tornou o primeiro paciente a ser tratado pelo procedimento. Vinte e um dias após o tratamento, Kaiba já não precisava de ventilador para o ajudar a respirar. No total, ele passou quatro meses no hospital. Agora, aos 20 meses de idade, Kaiba passa bem.

No vídeo abaixo você pode entender como funcionou a criação do dispositivo médico (em inglês):

Impressão tridimensional

Para construir a tala, os médicos fizeram uma imagem precisa da traqueia e brônquios de Kaiba com uma tomografia computadorizada. Em seguida, eles criaram um tala que encaixava perfeitamente em torno de suas vias aéreas, a partir de modelagem feita digitalmente. Depois disso, o dispositivo foi produzido em uma impressora 3D.

modelo vias aereas impresso

O dispositivo é feito de um material chamado policaprolactona, e dissolve-se depois de cerca de três anos. Durante esse tempo, a traqueia de Kaiba terá crescido, reduzindo a pressão sobre o órgão, e a tala não será mais necessária.

Uma tala como a de Kaiba pode ser feita em cerca de 24 horas e custa um terço do preço de uma versão feita à mão, de acordo com os pesquisadores. Assim, a impressão 3D promete um tratamento mais acessível e eficaz para a doença. Os pesquisadores também estão trabalhando em dispositivos 3D impressos para tratar ouvido, nariz e reconstrução óssea.

No início deste ano, pesquisadores da Universidade de Cornell (EUA) desenvolveram uma orelha sintética usando uma impressora 3D. A impressão tridimensional também foi capaz de devolver o rosto a um homem. [LiveScience/Youtube]

1 comentário

  • Jhonata Ferreira:

    Existem muitos que sao contra a tecnologia, porem ela esta ai salvando vidas todos os dias.

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