Esqueça a ficção científica: isso é o que você enxergaria ao viajar NA VELOCIDADE DA LUZ
O alongamento das estrelas conforme uma nave espacial chega à velocidade da luz é uma das imagens mais icônicas do cinema de ficção científica. Mas, conforme revelou um grupo de estudantes de física da Universidade de Leicester, na Inglaterra, essa situação seria bem diferente na vida real.
Em vez das faixas de luz, e assumindo que uma nave pudesse viajar quase à velocidade da luz, a tripulação iria ver uma esfera gigante e difusa à distância. E isso é só o começo.
Para seu estudo, os alunos partiram do princípio de que a Millennium Falcon (sim, esta foi a expressão utilizada no estudo) está viajando a 99,99995% da velocidade da luz (valor “c”), saindo da Terra em direção ao sol (a uma distância de 1 UA). Obviamente, em consonância com as leis estabelecidas por Albert Einstein, e ao contrário de algumas interpretações de sci-fi de viagens espaciais mais rápidas do que a luz, os alunos não poderiam assumir um valor maior do que c.
A equipe que consistia de Riley Connors, Katie Dexter, Joshua Argyle e Cameron Scoular descobriu que, enquanto a tripulação se aproxima da velocidade da luz, veria um disco central de luz brilhante, que é a radiação cósmica de fundo que sobrou do Big Bang. Eles não veriam nenhum sinal de estrelas à distância ou nos arredores, por causa de um efeito Doppler cosmológico – o mesmo efeito que faz com que uma sirene do carro de polícia ou apito de trem mude de tom enquanto passa por um observador.
Neste caso, em vez de um carro de polícia ou trem passado, um efeito Doppler de desvio para o azul (blueshift, em inglês) seria criado pela radiação eletromagnética – incluindo a luz visível – que está se movendo rapidamente em direção à tripulação. Este efeito, dizem os pesquisadores, encurtaria o comprimento de onda da radiação eletromagnética. Do ponto de vista de Han, Lucas e Leia, o comprimento de onda da luz das estrelas vizinhas iria diminuir e deslocar-se para fora do espectro visível na gama de raios-X – tornando, assim, estas estrelas invisíveis ao olho humano.
Consequentemente, a tripulação da Millennium Falcon se limitaria a ver uma esfera central de luz conforme a radiação cósmica de fundo é deslocada para o espectro visível (causada pelo Big Bang, ela é distribuída uniformemente por todo o universo).
Curiosamente, os alunos também perceberam que, ao viajar a uma velocidade tão intensa, a nave estaria sujeita a uma pressão incrível exercida por raios-X. O efeito empurraria o veículo, fazendo com que desacelerasse. Os pesquisadores compararam o efeito da alta pressão exercida contra submersíveis no oceano profundo. Para lidar com isso, uma nave espacial teria de armazenar quantidades extras de energia para compensar essa pressão adicional.
Além disso, a tripulação seria aconselhada a usar óculos de proteção para, de alguma forma, tentar evitar os perigos da radiação de raio-X.
O estudo foi publicado no “Journal of Physics Special Topics”, da Universidade de Leicester, este ano. A publicação normalmente apresenta trabalhos curtos originais escritos por estudantes no último ano de seus quatro de Mestrado em Física, no qual são encorajados a serem imaginativos com os tópicos que abordam. [io9]