Novas maneiras de caçar o jantar, truques para usar uma ferramenta e dialeto local. Estes são comportamentos que animais como orcas, chimpanzés e pássaros exibem, e que ensinam uns aos outros. Isso sugere um componente cultural para as suas vidas.
Agora, um novo estudo afirma que a baleia cachalote deve ser adicionada a essa lista de bichos incríveis com cultura própria.
O mar em torno das Ilhas Galápagos hospeda milhares de cachalotes fêmeas e seus bebês, que se organizaram em clãs com os seus próprios dialetos. Os machos adultos se reúnem em águas mais frias próximas aos polos.
Contudo, como estes clãs eram formados tinha sido um mistério até agora.
Um estudo publicado recentemente sugere que cultura e comportamentos compartilhados por membros do grupo é o fator que mantém estes clãs juntos. Especificamente, estas baleias têm uma série distinta de cliques chamados “codas” que usam para se comunicar durante as interações sociais.
As cachalotes com comportamentos semelhantes passam algum tempo juntas, e isso faz com que aprendam as vocalizações uma da outra. Os cientistas chamam isso de aprendizado social. Baleias que “falam a mesma língua” se mantêm próximas, dando origem aos clãs que os pesquisadores têm observado há mais de 30 anos.
Por que isso é tão importante?
Este é mais um pilar de apoio para a ideia de que os animais têm uma cultura própria, como explica o autor do estudo, Mauricio Cantor, biólogo marinho da Universidade de Dalhousie em Halifax, no Canadá.
Quando Cantor e seus colegas fizeram simulações de computador para determinar a forma mais provável pela qual os clãs eram formados, fatores como o parentesco genético ou a transmissão de informações da mãe à sua prole não explicavam o padrão observado na natureza.
A melhor explicação que a análise pode encontrar foi uma preferência na forma como as cachalotes aprendem vocalizações, de forma que os indivíduos podem entender uns aos outros.
O cenário geral
É fascinante ver que animais como as baleias exibem algo que pode parecer exclusivamente humano. Isso seria um alvará para afirmarmos que, bem, não somos tão diferentes assim dos outros animais.
As baleias orcas também têm seus próprios dialetos, as baleias jubarte alternam novos comportamentos alimentares através de suas redes sociais, e os chimpanzés compartilham segredos da utilização de ferramentas com seus compatriotas.
Mauricio Cantor espera que, aprendendo mais e mais sobre esses animais, as pessoas fiquem cada vez mais comovidas a pensar sobre o meio ambiente e, talvez, agir sobre campanhas para a conservação do planeta.
Qual é o próximo passo?
Cantor e seus colegas planejam pesquisar dados sobre os clãs de cachalotes de 30 anos atrás e compará-los com os clãs atuais. Assim, eles têm a expectativa de saber como as vocalizações mudaram ao longo do tempo.[nationalgeographic]