Como baleias lutam para não serem devoradas vivas por gaivotas

Por , em 3.12.2014

É o que eu sempre falo. A natureza não é jogo de futebol, mas também é uma caixinha de surpresas. Ou você já havia considerado a possibilidade de baleias ficarem indefesas perto de graciosas gaivotas?

Há alguns anos, os pesquisadores que trabalham com baleias francas revelaram que as baleias, um dos mamíferos mais temidos na natureza, estavam sendo violentamente atacada por gaivotas. GAIVOTAS, MERMÃO.

Em que planeta gaivotas podem ser uma ameaça morta a baleias?

Aqui na Terra, mesmo.

Entre junho e dezembro, baleias francas (Eubalaena australis) se reúnem aos milhares para acasalar e dar a luz nas águas circundantes da Península Valdes em Chubut, na Argentina. E é nessa ocasião que o perigo mora. Mais especificamente quando as baleias vão até a superfície para respirar. Oportunistas que só, as aves pousam em suas costas, arrancam sua pele, e se alimentam da gordura da baleia.

Os ataques têm aumentado rapidamente desde que foram documentados pela primeira vez em 1972.
Atualmente, cerca de 77% das baleias que frequentam a região carregam feridas de gaivotas.
Isso não parece estar matando as baleias, mas essas lesões desagradáveis de repetidos ataques podem ser de 10 centímetros de profundidade há até 1 metro e meio. PENSA.

Evolução: olé nas gaivotas

Bem, a dor é um grande impulso para aprender rapidamente a se defender. E foi o que aconteceu entre as baleias, que não são bobas nem nada. Desde o aumento da frequência de ataques, elas desenvolveram uma técnica chamada “respiração oblíqua”. Que consiste em vir para a surperfície para respirar normalmente, mas tirar o corpo da água em ângulo de 45 graus, de modo que só a cabeça fique exposta. Elas também aprenderam a fazer inspirações mais curtas, porém mais fortes, antes de rapidamente submergir novamente, fugindo com sucesso dos ataques vorazes.

Para documentar o surgimento e propagação dessa tática, um trio de pesquisadores do Centro Nacional Patagônico, liderado por Ana Fazio, estudou a respiração oblíqua em duas áreas do Golfo Nuevo em torno da península durante a época de reprodução de baleias em 2010, 2012 e 2013. Essas regiões têm especialmente alto número de ataques de gaivotaa, e equipe de Fazio já havia demonstrado o ataque às baleias-mães respondem a nada menos que 80% dos ataques.

Baleias dando um show de bola

A equipe também descobriu que todas as classes de idade e sexo dessas baleias francas podem respirar obliquamente, e o comportamento está se tornando cada vez comum. Em 2010, 3% das baleias estavam usando a técnica, segundo o National Geographic. Já em 2013, esse número subiu para 70%.

O surgimento deste comportamento passou por três etapas: a origem, a disseminação e, finalmente, o estabelecimento. Durante a etapa de propagação, o comportamento foi usado apenas durante os ataques de gaivota, mas na fase de estabelecimento, as baleias estavam realizando respiração oblíqua de forma preventiva – mesmo quando eles não estavam sendo atacadas.
Infelizmente, a respiração oblíqua é susceptível de exigir um gasto maior de energia, o que provavelmente é prejudicial para as baleias – especialmente para os recém-nascidos. No entanto, o aumento da prevalência deste comportamento sugere que é uma estratégia útil para prevenir o ataque por gaivotas. Logo, o saldo acaba sendo positivo.

Placar final

10 para as gaivotas, que encontraram uma oportunidade de alimentação. 11 para as baleias que sabidamente encontraram um jeito de se defenderem.[iflscience]

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