Logosofia: o método de ensino que me mostrou uma luz no fim do túnel

Por , em 31.10.2015

A educação é um assunto que me fascina desde sempre, mas especialmente depois que eu cresci e percebi que a grande maioria das pessoas não teve acesso a uma educação de base inspiradora – como eu tive. Ao ingressar no mercado de trabalho, percebi que, por mais entusiasmados que sejam os profissionais em suas respectivas áreas de atuação, falta neles uma conexão com um propósito maior. Algo que eu aprendi muito cedo.

Essas experiências, de ver todos os dias pessoas se torturando atrás de seus computadores com questões do agora, e até mesmo algumas falhas de raciocínio e percepção, e a cruel falta de empatia, sempre me fizeram questionar o que teria sido destas pessoas se a escola as tivesse preparado melhor.

Mas, como poderiam?

Os grandes grupos de ensino, que enlataram o conhecimento e transformaram suas escolas em verdadeiras linhas de produção, tem sua enorme parcela de culpa na formação da sociedade em que vivemos hoje: repleta de pessoas que não sabem aceitar as diferenças e são cruéis umas com as outras – quando não coisa até pior. E, quando aponto este problema fundamental, não estou falando em termos de ensino público ou privado.

Ambos tem professores despreparados – tanto para ensinar o conteúdo curricular quanto para inspirar a formação de seres humanos melhores.

A boa notícia é que existe uma luz no fim do túnel, chamada LOGOSOFIA.

A primeira vez que ouvi falar deste conceito foi em uma palestra concedida pela Profª Mayra de Castro Miranda Araújo, na Universidade Positivo – em Curitiba. Mayra é diretora pedagógica do Colégio Logosófico González Pecotche, que fica em Belo Horizonte (Minas Gerais) e explicou a essência da pedagogia logosófica e como este método pode fazer toda a diferença no e do mundo.

O que é logosofia

A logosofia é uma ciência criadora de conhecimentos concretos para a vida que nasceu em 11 de agosto de 1930, quando o pensador e humanista Carlos B. Pecotche inaugurou a primeira escola em Córdoba, na Argentina, que apresentou uma nova concepção do pensamento humano perante os problemas do mundo. Abriu-se, então, um novo caminho para o desenvolvimento humano.

A grande missão do método logosófico é preparar a humanidade para um futuro melhor.
Parece frase de comercial de margarina, mas os pontos-chave desta metodologia de ensino mostram como concretizar este plano que é tanto ousado e transcendental quanto fundamental.

São eles:

  • Desenvolvimento de sensibilidade;
  • Ajudar os estudantes a descobrirem o significado da vida;
  • Proporcionar convicção na hora de tomar decisões;
  • Diminuir a angústia de estar “perdido”;
  • Ver problemas como desafios;
  • Construir a felicidade dentro de si;
  • Mudar a si mesmo. E não querer que o outro mude.

Pedagogia Logosófica: novos horizontes na educação

Toda esta metodologia parte de uma pergunta que todo professor deveria fazer a si: “o que posso fazer como educador para a formação de seres mais humanos?”

Os colégios logosóficos, então, procuram guiar seus alunos para a compreensão do sentido da vida, sempre incentivando o questionamento de o que cada um espera da vida – e o que a vida espera de cada um. Trata-se de ir muito além do conteúdo que vai ser cobrado nos exames vestibulares.

logosofia educação
A logosofia ensina as pessoas a serem agentes. E a sempre tentar evoluir. Tornando este processo consciente.

O conceito de “ser humano” na logosofia

Segundo a Profª Mayra de Castro Miranda Araújo, os colégios logosóficos se preocupam com a educação integral biopsicoespiritual, levando em consideração a realidade física, psicológica e espiritual de cada aluno.

Desenvolvimento integral do ser humano

De acordo com a logosofia, o ser humano tem 3 sistemas: o sistema mental, o sistema sensível e o sistema instintivo. E quanto mais a escola contribuir para o desenvolvimento destes sistemas, mais inteligentes serão os seres humanos formados por ela.

frases de logosofia

Por isso, o ensino tem que proporcionar o desenvolvimento do sistema mental e sensível de cada um.

Por isso, segundo a profª Mayra, “toda escola tem que ter muito clara qual é o tipo de ser humano que ela quer formar”.
O que muda na educação quando temos este conceito muito bem determinado?

É aí que a mágica acontece. Sabendo qual é o tipo de ser humano que a escola quer formar, é possível iluminar o exterior do aluno, ampliando sua visão de mundo, e o também o seu interior, para que cada um conheça cada vez melhor a si mesmo.

Se preocupar com o desenvolvimento do mundo interior e exterior do aluno faz com que ele desenvolva uma inteligência emocional e saiba exatamente quais são os recursos que tem para lidar com cada tipo de situação. E este conhecimento permite educar de outra forma.

“A causa de tudo está nos pensamentos. Mudando os pensamentos, mudamos tudo”.

Ensinar o bem

Outro ponto positivo em ensinar e incentivar os alunos a conhecerem seus próprios sentimentos está no segundo passo: selecionar os pensamentos para aprender a usar sempre os seus melhores recursos.

Segundo a Profª Mayra, no colégio logosofico os alunos aprendem a:

  • Pensar;
  • Ter defesas mentais;
  • Selecionar pensamentos;
  • Olhar para dentro e cultivar a reflexão.

Não à cultura do medo

“Ensinamos também os alunos a libertarem a mente de temores”, conta Mayra. Porque o medo engessa a faculdade de pensar e bloqueia a mente para o aprendizado.

Como a logosofia lida com correções

O colégio logosófico não tem a cultura de castigar o aluno que cometeu algum erro. Os professores e a direção, ao contrário, instruem o aluno para o bem. Faz-se uma análise do erro e juntos, (aluno, escola e família), encontram a solução. “Buscamos não mentir e não ameaçar”, explica Mayra.

“Utilizamos o recurso da explicação para que o aluno aprenda de forma inteligente”, conclui.

O poder da força do afeto

O afeto é um aspecto básico para a logosofia. Não basta apontar o erro. A escola tem que ajudar o aluno a entender porque determinada atitude é errada. E fazer com que ele sinta vontade de mudar sua conduta. “Corrigimos o erro com o acerto”, completa Mayra.

Ampliando horizontes

Os colégios logosóficos também tratam as coisas de forma transcendental, fazendo com que seus alunos enxerguem as questões de forma mais ampla. E isso inclui tanto a conexão com um propósito quanto compreender e ser solidário aos acontecimentos internos do outro.

Desenvolvendo empatia

De acordo com a Profª Mayra, a logosofia procura desenvolver a sensibilidade e capacidade de dar importância ao bem recebido – a famosa e quase rara “gratidão”.

A escola, então, ajuda o aluno a cultivar o sentimento de “camaradagem”, buscando o equilíbrio entre a mente e a sensibilidade e incentivando que uns ajudem aos outros na superação de suas respectivas dificuldades.

“Ensinamos os alunos a sentir gosto e vontade de serem melhores e de fazer o bem”, acrescenta Mayra.

Assim, o colégio logosófico também inspira a vontade de conviver de forma respeitosa e contribuir com a humanidade de forma positiva, sempre.

Um elemento mais que fundamental

Mas para todo este trabalho aconteça e se torne realidade, a logosofia clama pela interação com a família. Afinal, as lições aprendidas em casa e na escola são complementares para a formação de um ser humano realmente mais humano.

Nesta jornada, a família deve atuar principalmente na valorização dos esforços e das boas atitudes.

Objetivos ousados

A logosofia pretende, com tudo isso, trabalhar na formação de uma nova cultura, onde os seres humanos se respeitem e queriam contribuir cada vez mais uns com os outros e fazer do mundo um lugar melhor.

Eu quero viver esta realidade. E fiquei imensamente feliz em saber que várias pessoas também – e inclusive estão trabalhando muito mais do que eu para que isso aconteça.

Gratidão.

Você pode encontrar mais informações sobre a logosofia em:

1 comentário

  • Carlos Werneck:

    Que matéria fascinante!!!
    Todos os colégios de ensino fundamental deveriam adotar essa metodologia.

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