Microplásticos estão sendo encontrados no cérebro, mostram estudos: “Não há mais nenhum lugar intocado”

Por , em 21.08.2024

Estudos recentes revelam que microplásticos estão se acumulando em órgãos essenciais, como o cérebro, o que levou especialistas a exigir medidas urgentes contra a poluição por plástico.

Análises detectaram microplásticos em pulmões, placentas, órgãos reprodutivos, fígados, rins, articulações, vasos sanguíneos e medula óssea. “É crucial declarar uma emergência global para enfrentar a poluição plástica”, afirmou Sedat Gündoğdu, especialista em microplásticos na Universidade Cukurova, Turquia.

Os microplásticos, fragmentos menores que 5 mm, estão presentes no ar, água e alimentos, expondo os humanos a produtos químicos prejudiciais. A quantidade de plástico nos cérebros é maior do que o esperado, alertou Matthew Campen, da Universidade do Novo México.

Os efeitos dos microplásticos na saúde ainda não são totalmente compreendidos, mas estudos sugerem riscos como estresse oxidativo, inflamação e doenças cardiovasculares. Estudos em animais também associam microplásticos a problemas de fertilidade, câncer e distúrbios no sistema endócrino.

Partículas de microplástico na poeira atmosférica. Fotografia: Janice Brahney/Proceedings of the National Academy of Sciences

O recente estudo de Campen revelou uma alta concentração de microplásticos em amostras de cérebro, com 24 amostras de 2024 mostrando cerca de 0,5% de plástico por peso, muito mais do que em outros órgãos. Essa descoberta, segundo Campen, é alarmante e mostra que o cérebro é um dos tecidos mais poluídos por plásticos.

O estudo também sugere que a quantidade de microplásticos no cérebro está aumentando a uma taxa semelhante à encontrada no ambiente. A presença desses microplásticos foi associada a um possível aumento nos problemas de saúde, incluindo demência.

Outras pesquisas encontraram microplásticos em medula óssea, articulações e testículos, com concentrações preocupantes. Além disso, um estudo encontrou microplásticos no sêmen e até em placentas, enquanto outro revelou que pacientes com depósitos de gordura nas artérias tinham uma maior concentração de microplásticos e maior risco de eventos cardíacos.

Especialistas recomendam reduzir a exposição evitando plásticos na preparação de alimentos e consumindo água da torneira.

Leonardo Trasande, da Universidade de Nova York, destacou que os impactos da acumulação de microplásticos ainda são desconhecidos, mas os efeitos nocivos dos produtos químicos plásticos, como os ftalatos, são bem documentados. O American Chemistry Council disse que a indústria está comprometida em avançar na compreensão dos microplásticos.

A Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente está trabalhando em um tratado global para combater a poluição por plásticos.

“Não há mais nenhum lugar intocado, desde o fundo do mar até o cérebro humano”, concluiu Almroth.

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