O caminho das inacreditáveis Cataratas de Sangue da Antártica foi revelado

Por , em 4.05.2017

Você já ouviu falar das Cataratas de Sangue (“Blood Falls”, em inglês), um misterioso penhasco manchado com água vermelha na Antártica?

Os pesquisadores assumiram que algas vermelhas eram as responsáveis pela cor das Cataratas, mas agora sabemos que isso não é verdade: elas são o resultado, na verdade, de uma água salgada rica em ferro que se oxida em contato com o ar, assim como a ferrugem.

Em um estudo recente, os geólogos finalmente descobriram também de onde vem toda aquela salmoura que deixa a paisagem avermelhada.

Geleira

Cientistas da Universidade do Alasca em Fairbanks rastrearam o trajeto que a água salgada faz para escapar de debaixo de uma geleira.

As Cataratas estão situadas na extremidade norte da geleira de Taylor, que se estende 100 quilômetros através dos Montes Transantárticos.

Quando a geleira estava se estendendo pelo continente milhões de anos atrás, prendeu um lago pequeno salgado sob camadas incontáveis de neve e gelo. A água tornou-se mais e mais concentrada, até estar salgada demais para congelar a temperaturas regulares.

Esse lago subglacial tem raspado ferro do substrato subjacente, o que lhe confere sua assinatura enferrujada uma vez que atinge o mundo exterior. Mas este caminho para o exterior tinha permanecido um mistério até agora.

O trajeto

Para entender de onde a água está saindo e como está escorrendo da fissura na geleira, a equipe usou um método chamado RES (radio-echo sounding).

A equipe moveu as antenas do radar RES através da geleira em um padrão de grade, revelando uma imagem do que estava debaixo do gelo. A Taylor esconde uma rede de fendas onde a salmoura é injetada no gelo sob imensa pressão.

A equipe então rastreou o caminho de 300 metros que a salmoura faz por esses canais pressurizados, até chegar ao topo das Cataratas de Sangue.

Vida microbiana

O lago salgado não é tão morto quanto se podia esperar. Pesquisas anteriores já haviam descoberto que a salmoura é o lar de algumas bactérias extremamente resistentes. Isoladas do mundo há milhares de anos, essas bactérias não tinham nada com que se alimentar, exceto sulfato.

Presas sob a geleira sem luz e oxigênio, começaram a reciclar o suprimento de sulfato, reduzindo-o a sulfito – que reage com o alto teor de ferro da água, produzindo mais sulfato para elas se alimentarem.

Os cientistas pensam que esta adaptação surpreendente pode nem sequer ser limitada à geleira de Taylor.

Este é apenas um exemplo de sobrevivência de longo prazo sob o gelo. [ScienceAlert]

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