Nova espécie de felinos é descoberta no Brasil
Uma nova espécie de gato selvagem foi descoberta no sul e sudeste do Brasil. O felino, nomeado Leopardus guttulus, é um tipo de gato-do-mato com pelagem semelhante a uma onça-pintada. O estudo foi publicado no periódico Current Biology.
O novo gato parece idêntico a outro encontrado no nordeste do país e outros lugares do continente americano, mas cientistas descobriram que ele pertence a uma espécie completamente diferente.
Os pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) compararam os genes dos gatos selvagens que vivem no nordeste com populações do sul e concluíram que não há fluxo de genes entre as duas populações.
A descoberta é um lembrete de quão pouco os cientistas sabem sobre o mundo natural, e tem implicações importantes para a conservação dos gatos selvagens.
O(s) animal(is)
Os animais que são o objeto da investigação também são conhecidos como tigrinas. São pequenos gatos nativos de florestas tropicais da América Central e do Sul, ativos durante a noite e no crepúsculo. São parentes da jaguatirica.
As criaturas crescem até 59 centímetros de comprimento, e pesam entre um e meio e três quilogramas. Sua pele é grossa e macia e varia de castanho claro ao ocre escuro, com numerosas manchas pelo corpo. Esta coloração os ajuda a misturar-se com a luz do sol “manchada” que penetra nos bosques da floresta tropical.
Muito parecido com os gatos domésticos, os gatos-do-mato se alimentam de pássaros e pequenos mamíferos e, enquanto vivem e caçam no chão, são hábeis em escalar árvores.
As principais ameaças a esses felinos são o desmatamento e a caça furtiva. Eles são mortos por suas peles, altamente valorizadas e muitas vezes vendidas ou transformadas em roupas.
Eduardo Eizirik, pesquisador do Laboratório de Biologia Genômica e Molecular da PUCRS, e sua equipe da área de genética evolutiva de felinos estudam animais de pequeno porte da América do Sul desde os anos 1990. Um dos objetos de sua pesquisa era o gato-do-mato (Leopardus tigrinus), relativamente comum do sul ao nordeste do Brasil.
No entanto, ao analisar as colônias do sul e do norte pela primeira vez, os pesquisadores notaram que, apesar de terem a mesma aparência, elas possuíam diferentes composições genéticas.
Eizirik afirma que não houve qualquer troca de genes entre as duas comunidades por milênios, indicando que as populações não cruzaram. Elas são, na realidade, duas espécies completamente diferentes. A estimativa mínima é que essa separação tenha ocorrido há cerca de 100 mil anos.
“De fato, há muitos aspectos básicos que nós ainda não sabemos sobre gatos selvagens, de sua distribuição geográfica precisa e suas dietas até a delimitação de espécies, como neste caso”, comentou.
Ele e seus colegas nomearam a espécie do sul como Leopardus guttulus, enquanto a comunidade no nordeste continuará conhecida como Leopardus tigrinus, em virtude de regras taxonômicas.
A descoberta de um novo felino é um fenômeno raro. A última vez que isso ocorreu foi em 2006, quando o leopardo-nebuloso foi encontrado nas ilhas de Bornéu (Indonésia, Malásia e Brunei) e Sumatra (Indonésia).
Família grande
O novo estudo revelou um conjunto complexo de relações entre esses animais e outras duas espécies de felinos neotropicais.
Os cientistas acreditam que a espécie do nordeste cruzou ou escolheu cruzar com uma outra espécie de gato, o gato-palheiro (Leopardus colocolo), o que fez deles geneticamente diferentes das espécies do sul, apesar de terem a mesma aparência. Esse cruzamento teria ocorrido há milhares de anos, deixando apenas pistas genéticas.
Enquanto isso, gatos do sul podem cruzar com o Leopardus geoffroyi, conhecido como gato-do-mato grande. As duas espécies se encontram na região central do Rio Grande do Sul e praticam o fenômeno chamado hibridação. Segundo Eizirik, é possível que as duas espécies não saibam se reconhecer e evitar a reprodução.
O pesquisador acredita que os cruzamentos podem ter ajudado as duas espécies a divergirem. As populações são adaptadas a diferentes habitats, com os gatos do nordeste vivendo principalmente em savanas, terras e florestas de arbustos secos e as espécies do sul vivendo em florestas densas e úmidas do Atlântico. “Tais associações de habitats distintos fornecem uma dica de diferenças potencialmente adaptativas entre essas espécies recém-reconhecidas, que podem ter desempenhado um papel na sua divergência evolutiva inicial”, disse Eizirik.
Os cientistas estão interessados em aprender mais sobre a população rara do nordeste, da qual sabemos pouquíssimo, e se ela precisa ser protegida com urgência. “Todas as quatro espécies podem estar ameaçadas e precisamos entender o máximo possível sobre a sua genética, ecologia e evolução para ser capaz de projetar estratégias de conservação adequadas”, acrescentou o pesquisador brasileiro. [DailyMail, Veja]
6 comentários
lindos como sempre, e precisam ser preservados.
Eu acho que vi um destes na década de 70 ou 80 aqui em Porto Alegre, na Restinga
com tanta depredação ainda temos animais a ser descobertos e o importante também em preservar essa nova espécie
Já vi um desses que,infelizmente, estava morto (possivelmente atropelado) em uma estrada do município de São Francisco de Paula, no RS.
gatinho lindo *-*
Bunitin!!! Talvez Relativamente espécie nova, mas é que ainda não era conhecida ou catalogada como tal. Menor tamanho, menos consumo, mais fácil de se esconder e fugir. Mesmo assim alvo de caçadores devido a pele. E já vi revistas que tenta convencer que todos brasileiros pagam altos impostos citando a carga tributária em casacos de pele. Tem que fazer lei para prender quem usa, fabrica e vende estes casacos. Os nativos não ganha quase nada abatendo estes animais.