Gatos fofos ensinando o método científico

Por , em 21.11.2013
“Exatamente como eu esperava. Garras + coisa redonda = água!”

As descobertas científicas são muitas vezes fantásticas e bastante difíceis de acreditar. Desde sempre, seres humanos buscam resposta a diversas questões do universo e, felizmente, os cientistas inventaram um método para “controlar a loucura” e nos ajudar a descobrir em quais ideias devemos acreditar, e quais abandonar. Esta técnica é uma ferramenta poderosa, chamada de método científico.

Ele é projetado para funcionar sem preconceito, conspiração ou necessidade de persuadir os outros a acreditar nos seus resultados. Experimentos e observações científicos podem e devem ser repetíveis por qualquer pessoa, deixando que cientistas experimentem a conclusão por si só.

Francis Bacon foi a primeira pessoa a “formalizar” o método científico como nós o conhecemos hoje, mas o não fez sozinho. Nicolau Copérnico e Galileu Galilei tiveram enorme influência sobre o método científico de Bacon.

O estudo do movimento usando expressões matemáticas simples de Galileu e o sistema solar heliocêntrico de Copérnico levaram à abordagem sistemática da ciência. Em seguida, veio Newton. Ele é considerado a primeira potência do método científico. Através de seu trabalho em matemática, ele criou o cálculo. Através de seu trabalho em astronomia, ele descreveu a gravitação. Através da ótica, o primeiro telescópio refletor.

Não é por acaso que todas estas grandes mentes se aproximaram do mundo da ciência da mesma forma. O método cientifico é pura lógica, que Bacon, Galileu, Copérnico, Newton e outros valorizaram muito.

Seja você um cientista, um matemático, um escritor ou até mesmo um gato, temos certeza de que usa o método científico diariamente.
Apesar de que nem tudo o que fazemos é lógico, muitos aspectos da vida são. Mesmo o gato pode, sem saber, às vezes usar os mesmos aspectos do método científico no seu cotidiano.

Confira uma explicação básica de como funciona o método científico, usando os favoritos da internet, os gatos:

Passo um: faça uma observação

Quando alguma observação sobre o universo é feita, aumenta a curiosidade (ou não). Fazer a observação é possivelmente a parte mais simples, ainda que importante, do método científico, pois dá-lhe o “o quê?”, que mais tarde leva ao “por quê?”. Ao fazer uma observação, é útil chegar o mais próximo possível do objeto.

“Isto é claramente um gato”

“Isto é claramente um gato”

Passo dois: faça uma pergunta

No começo, há uma grande quantidade de informações para tirarmos de cada observação. Na verdade, há tanta informação que uma só experiência não poderia cobrir tudo – são muitas variáveis envolvidas. É por isso que estreitamos a nossa busca e resolvemos fazer uma pergunta específica. Isso acontece quase sempre com os filhos pequenos, quando eles perguntam “por quê” um milhão de vezes. Não importa o quão trivial seja, essa pergunta decorre de uma observação e os leva a uma viagem de experimentação (quer os pais gostem ou não).

“E se, ao contrário do que pensávamos, os antigos egípcios não adorassem os gatos? Em vez disso, apenas tivessem uma forma primitiva da internet?”

“E se, ao contrário do que pensávamos, os antigos egípcios não adorassem os gatos? Em vez disso, apenas tivessem uma forma primitiva da internet?”

Passo três: forme uma hipótese

A hipótese é, literalmente, o seu melhor palpite sobre o que vai acontecer em sua experiência (ou observação). Mas uma hipótese é muito mais do que um palpite. Em geral, tentamos usar (ou adquirir) todas as informações conhecidas que podemos sobre um tópico. Dessa forma, nos próximos passos, obtemos informações novas e emocionantes.

“Se um gato está perseguindo um veado a 24 km/h, e o veado está a uma velocidade de 16 km/h, o gato deve correr mais que o veado, bem a tempo de mudar de ideia e fugir para a direção contrária"

“Se um gato está perseguindo um veado a 24 km/h, e o veado está a uma velocidade de 16 km/h, o gato deve correr mais que o veado, bem a tempo de mudar de ideia e fugir para a direção contrária”

Passo quatro: realize um experimento

Esse é muitas vezes o passo mais divertido: testar sua hipótese. Isto significa que você tenta aprender mais sobre a sua ideia, aplicando ciência a ela. Você pode precisar mais observação ou talvez, manipular o experimento para obter um novo resultado.

“Exatamente como eu esperava. Garras + coisa redonda = água!”

“Exatamente como eu esperava. Garras + coisa redonda = água!”

Passo cinco: analise os dados e forme uma conclusão

Então, o que aconteceu com a sua experiência? O que você aprendeu? Primeiro, olhe para a experiência como um todo, e, em seguida, forme uma resposta específica à sua hipótese com base na experiência.

"O valor de P é maior que 0,05, mas as revistas científicas não querem publicar meus resultados. É claro que eu estou deprimido”

“O valor de P é maior que 0,05, mas as revistas científicas não querem publicar meus resultados. É claro que eu estou deprimido”

Passo seis: se os dados do seu experimento não suportarem a sua hipótese, comece de novo

A beleza da ciência é que as falhas são muitas vezes mais úteis do que os sucessos. Nem sempre sua hipótese se mostrará correta. Diversos experimentos obtém resultados diferentes do esperado, o que não deixa de ser uma nova descoberta. Caso sua pergunta continue sem resposta, reformule sua hipótese, leve em conta a sua experiência anterior, e crie uma nova teoria. Para isso, é preciso repetir os passos quatro e cinco.

“Vou colocar meu pato da reflexão, ou melhor, chapéu, e começar de novo”

“Vou colocar meu pato da reflexão, ou melhor, chapéu, e começar de novo”

O método científico é uma das partes mais importantes da pesquisa científica, mas não é inalterável. Ao longo da história e, no futuro, vamos modificá-lo para trazer mais clareza e precisão para o mundo da ciência. E você? Qual o seu método para chegar a conclusões no dia-a-dia? [FQTQ]

9 comentários

  • Edir Marcelo Zucolli:

    O artigo não cita Robert Boyle; um “filareto” que eu muito admiro e notável desbravador da ciência. Foi um dos primeiros a romper com os alquimistas e divulgar com clareza os resultados de seus experimentos controlados. Quanto ao método científico, devo dizer que é algo excelente, mas a comunidade científica mormente se coloca acima deste ao usar expressões como “fato incontestável”, “consenso” e “unanimidade”. “Fato incontestável” é sinônimo de dogma, uma prerrogativa da religião. “Consenso” pertence à política, quando um grupo minoritário declina superficial e temporariamente das suas convicções para promover uma causa maior, nem sempre digna. E, por fim, “unanimidade” é praticamente impossível; basta um único objetor para que esta caia por terra e seja reduzida a uma simples maioria.

    • Cesar Grossmann:

      Você contesta os fatos?

      Quanto a consenso, você entra em contradição aí, já que o consenso se chega a partir de discussão dos trabalhos científicos, e implica em experimentação e crítica. O contrário do consenso é a outorga de verdades incontestáveis, de dogmas.

      Finalmente, a unanimidade em alguns casos não é impossível. Por exemplo, é opinião unânime entre os astrofísicos que as estrelas produzem energia a partir da fusão nuclear. Ou que os planetas se movimentam em órbitas previstas pelas teorias de Newton e Einstein. Ou que a matéria é composta de átomos. Ou que os tecidos sejam compostos de células. Proibir a unanimidade é forçar uma discussão artificial em assuntos dos quais não é razoável esperar evidências contrárias.

    • Edir Marcelo Zucolli:

      Questionado por um cristão, o grande líder hindu Mahatma Gandhi disse: “Ó! Eu não rejeito seu Cristo. Eu amo seu Cristo. Apenas creio que muitos de vocês cristãos são bem diferentes do vosso Cristo.” Eu, do mesmo modo amo a ciência, mas nem sempre sinto o mesmo pelos cientistas. Muitos se locupletaram da ciência e a transformaram no que vemos hoje: um aparato de promoção do neoateísmo ou de causas ideológico/financeiras, nada que o vil metal não possa comprar. Robert Boyle não era assim, Issac Newton não era assim, Tesla e Edison são dúvidas. Aquela picuinha entre eles por causa do AC ou DC, sei não… Quanto à terminologia que eu critiquei, tenho muito a dizer, mas é difícil de explicar, segue-se porém um antegosto:

      Se um cientista honra a ciência, deve revestir-se de humildade, aceitar os fatos e repassar qualquer informação com espírito crítico e autocrítico, não impondo interpretações ou maquiando os fatos para atender esta ou aquela vertente de pensamento; não buscando silenciar os que falam contra. A ciência tem imunidade contra sandices e não demanda a proteção de ninguém. Temos visto no decorrer dos séculos ela se firmar e debelar todas as mentiras que lhe foram atribuídas. Doravante não será diferente e, se eu ou você errarmos isto se tornará evidente no tempo apropriado; nunca antes. O confronto continuará enquanto a ciência ri jocosamente de nós, porém está sorrindo amigavelmente para nossos filhos e netos. São eles que colherão os frutos da tamareira.

    • Cesar Grossmann:

      um aparato de promoção do neoateísmo ou de causas ideológico/financeiras, nada que o vil metal não possa comprar.

      Acho que você está falando mal de gente que você não conhece. Primeiro, a ciência não promove o neoateísmo, é a religião que rejeita a metodologia científica e os resultados que não coadunam com a conclusão pré-concebida que os criacionistas querem forçar como verdade.

      Aliás, é interessante como os criacionistas se queixam de que são rejeitados pela academia, mas nos “institutos de ciência criacionista” você só entra se assinar um termo de compromisso jurando que você é um cristão, e que você aceita que a Bíblia tem todos os fatos científicos verdadeiros, e que se a pesquisa científica apontar para outra direção, ela deve ser considerada falsa. Não é permitido questionar, não é permitido chegar à conclusões baseado em fatos, não é permitido raciocinar, não é permitido ter opinião diferente.

      E sabe do que mais, as aulas de campo de geologia do dilúvio foram suspensas, em universidades criacionistas não existe aula de campo, de ir nos barrancos e observar as camadas geológicas, os alunos recebem um livro que eles tem que decorar e responder exatamente como está no livro. Sabe por quê? Por que os alunos estavam abandonando a universidade criacionista depois das aulas de campo. Eles viam que os fatos eram outros e, entre os fatos e a ideologia, ficavam com os fatos, que são um reflexo da Verdade.

      E é esta a universidade criada por aqueles que dizem que não tem espaço para propor suas “teorias”, que querem reescrever a maneira de fazer ciência para que ideologias sejam aceitas como fatos. Não é permitido, OFICIALMENTE, divergir do pensamento oficial dentro de entidades criacionistas. É proibido você pensar diferente. Absurdo!

  • Afer Ventus:

    Método científico para a pergunta (depois de observações):
    Por que os gatos sempre caem de pé e o pão sempre cai com a manteiga virada pra baixo?

    Não se sabe ainda, mas ao amarrar o pão nas costas de um gato e jogá-los pra cima, ambos não chegaram no chão, pois, o gato tentava cair de pé e o pão com a manteiga virada pra baixo.

    Isso criou um sistema anti gravitacional pão-gato, o mesmo descoberto na nave que caiu em Rosewell. Antes pensava-se que a nave caiu porque os ETs usavam o Windows, pois ao ouvirem a caixa preta, a última frase era: “O que é mesmo GPF?”.

    Porém, ao descobrir o sistema pão-gato há uma chance desse sistema ter-se desequilibrado (o gato conseguiu comer o pão) e a nave ter caído.

    Mas o sistema só flutua… como a nave se movimentava pra cima, pra baixo, frente, ré, direita, esquerda?

    Descobriu-se outro sistema, que a física explica: sabemos que matéria atrai matéria a razão inversamente proporcional ao quadrado da distância que as separa e diretamente proporcional às suas massas. É sabido, também, que camisa branca atrai ketchup.

    Então foram encontradas camisas brancas e recipientes de ketchup ligados a bombas que o borrifava por todo o casco da nave. A navegação da nave indicava que as camisas eram lançadas no espaço o que automaticamente atraía o ketchup, arrastando consigo a nave.

    Fonte: Área 51 (uma boa ideia).

    • Edir Marcelo Zucolli:

      Afer Ventus, pena que não inventaram o Nobel de piadas tecnológicas. Você o merece!

  • Cesar Grossmann:

    Uma coisa que as crianças precisam aprender quando vão a um laboratório é que uma experiência nunca “dá errado”. Ela pode não se apresentar da forma prevista pelo professor, mas um bom cientista está sempre aprendendo, até mesmo com seus erros.

    Até por que um “erro” é na verdade uma outra verdade se manifestando, esperando ser reconhecida. Pelo menos na ciência.

    • JOTAGAR:

      ..”Até por que um “erro” é na verdade uma outra verdade se manifestando, esperando ser reconhecida. Pelo menos na ciência”..
      Bem lembrado. Ver o paradoxo de Stephen Hawking, por exemplo.

  • aguiarubra:

    P.: “…E você? Qual o seu método para chegar a conclusões no dia-a-dia?…”

    Resposta: bom senso!

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