O mapa astronômico acima mostra nada menos que 1,2 milhões de galáxias, um novo recorde para os cientistas.
Essa nova e extraordinária digitalização 3D fornece ainda mais evidências de que uma substância misteriosa conhecida como energia escura está provavelmente causando a expansão a um ritmo acelerado do universo.
BOSS
O mapa abrange 650 bilhões de anos-luz cúbicos de espaço – o que equivale a um quarto do céu.
Isso exigiu o trabalho de centenas de pesquisadores do levantamento espectroscópico BOSS (Baryon Oscillation Spectroscopic Survey).
BOSS é um projeto que faz parte do Sloan Digital Sky Survey III, uma pesquisa que mede as ondas sonoras do início do universo, ondas que deixaram marcas fracas na radiação cósmica de fundo. Elas também deixaram suas marcas na distribuição das galáxias, coisa que o BOSS está usando para mapear as posições e distâncias delas.
A aceleração da expansão do universo
O novo mapa não é apenas uma imagem cósmica bonita. Ele fornece uma das medições mais precisas da expansão do universo até o momento, e confirma uma explicação principal para ela.
Quando Albert Einstein propôs pela primeira vez a sua teoria da relatividade geral em 1916, ele não sabia que o universo estava se expandindo. Como todo mundo no momento, ele pensou que o tamanho do cosmos era fixo, e introduziu em suas equações um fator de correção matemática apelidado de “constante cosmológica”, simbolizada pela letra grega lambda.
Einstein teve de rever esta ideia quando o astrônomo americano Edwin Hubble descobriu em 1929 que o universo estava se expandindo. Einstein chamou isso de o maior erro de sua carreira.
Então, em 1998, cientistas descobriram que não só as galáxias distantes estavam se afastando de nós, como estavam fazendo isso em um ritmo cada vez mais rápido. Por conta disso, os físicos propuseram que o cosmos está cheio de energia escura, embora não tenham certeza exatamente como isso funciona.
Uma das explicações mais promissoras é que Einstein estava no caminho certo quando propôs uma constante, mas, em vez de manter o universo estático, ela serve como uma espécie de contra força que atua sobre a gravidade, fazendo o universo expandir-se a uma taxa cada vez mais acelerada. Os dados coletados no levantamento do BOSS confirmam esta hipótese.
Universo lotado
Na imagem acima, com 48.741 galáxias, cada ponto representa a posição de uma galáxia tão longe quanto seis bilhões de anos no passado, dentro de apenas um vigésimo do céu que vemos acima de nós (e 3% do total de dados do BOSS).
A imagem abrange um segmento do universo com seis bilhões de anos-luz de largura, 4,5 bilhões de anos-luz de altura, e 500 milhões de anos-luz de espessura.
As cores indicam a distância relativa da Terra: os objetos amarelos são os mais próximos e os roxos os mais distantes. Pontos cinzentos são pequenas regiões das quais não temos dados.
Em perspectiva
A imagem acima mostra um segmento do universo em três dimensões. O retângulo à esquerda mostra um recorte de 1.000 graus quadrados no céu, contendo cerca de 120.000 galáxias, ou aproximadamente 10% do levantamento total. Regiões mais brilhantes correspondem a mais galáxias.
Os dados do BOSS indicam que a energia escura (que impulsiona a expansão cosmológica) é consistente com a constante cosmológica, com uma margem de erro de apenas 5%.
Este mapa também é totalmente consistente com o modelo cosmológico padrão (em que o universo contém uma constante cosmológica), adicionando ainda mais peso a esta teoria científica dominante.
No futuro, pesquisadores podem usar essas informações para compreender melhor os mecanismos por trás da energia escura. [Gizmodo]