Medo de voar é coisa séria: as mãos suadas e o coração acelerado causados pelo pânico podem ser tão intensos que algumas pessoas simplesmente se recusam a embarcar em um avião. Notícias de acidentes, como a queda do avião 447 da Air France sobre o Oceano Atlântico no dia 31 de maio, reacendem o medo em várias pessoas – até mesmo naquelas que sabem que andar de carro é estatisticamente muito mais perigoso.
Quem tem medo de andar de avião ouve falar sobre problemas da aviação e desastres, e logo começam as preocupações: “As pessoas não prestam atenção às outras estatísticas”, afirma Barbara Rothbaum, diretora do programa de Recuperação de Trauma e Ansiedade na Universidade de Emory e professora de psicologia. Uma pesquisa mostra que, nos últimos anos, voar ficou cada vez mais seguro. De acordo com a pesquisa, ocorreram apenas 0.2 acidentes fatais a cada milhão de vôos saídos dos Estados Unidos em 2008, número muito menor que os 1.4 por milhão em 1989.
As chances de se morrer em um acidente de aviação é de uma em vinte mil, comparada com uma em cem em acidentes automobilísticos, e uma em cinco de doenças cardíacas, de acordo com estatísticas divulgadas em 2001. Rothbaum acredita que as pessoas quem têm fobia de avião ignoram os milhões de pessoas que voam com segurança todos os dias, e veem os acidentes como uma confirmação de seus medos. “Eles exageram a probabilidade do perigo”, diz, e complementa: “Voar, na realidade, é uma das atividades mais seguras, estatisticamente”.
Aproximadamente 20 milhões de pessoas nos Estados Unidos sofrem de algum tipo de medo de aviões, desde ansiedade até fobias intensas (chamada de aviofobia), que impedem a pessoa de utilizar aviões a qualquer custo, afirma Rothbaum. De acordo com ela, metade destas pessoas tem medo de acidentes, enquanto a outra metade sofre de claustrofobia, e corre o risco de sofrer uma crise de pânico na cabine do avião.
De acordo com Barbara, a experiência de voar com segurança não é suficiente para acalmar quem tem a fobia. “As pessoas são muito supersticiosas com seus medos”, afirma. Ela conta que pacientes dizem que não entraram em aviões que iriam pegar porque tiveram premonições que algo de ruim aconteceria. “Tento explicar que não era uma premonição, e sim um ataque de ansiedade”, diz Rothbaum, que também afirma que os pacientes usam as supostas premonições para embasar seus medos.
Aqueles que chegam a embarcar nos voos frequentemente encaram sua experiência como uma situação de risco, afirma Rothbaum. “Quando saem do avião, parece que querem beijar o chão, como se tivessem escapado de uma experiência de quase morte”, diz.
Quando os passageiros temerosos têm que pegar aviões, frequentemente escondem seus medos com sedativos ou álcool, de acordo com a professora. Alguns de seus pacientes relatam ter organizado viagens de trabalho de modo a chegar um dia antes ao local do trabalho, para que possam se recuperar da auto medicação antes do início das atividades.
Apesar de todos os problemas relatados, um tratamento para a fobia – que não envolve a bebida – está disponível. Rothbaum e outros estudiosos utilizaram terapia com realidade virtual com muito sucesso após apenas oito sessões semanais. Os pacientes passaram a aprender a avaliar sua situação logicamente em vez de emocionalmente quando sentem ataques de pânico, praticando métodos de relaxamento. A experiência virtual se adapta às necessidades de cada pessoa, acalmando aqueles que temem o voo.
Rothbaum alerta que se a pessoa deixa de comparecer a eventos sociais, como casamentos, ou até a recusar ofertas de emprego pelo medo de voar, é aconselhável procurar ajuda profissional para superar o problema. [Live Science]