O retorno do planeta de Sauron
Fomalhaut, a estrela mais brilhante da constelação Piscis Australis, ou Peixe do Sul (e por isto conhecida também como α PsA), também é conhecida como “olho de Sauron”, pelo formato da nebulosa que parece ter saído de um filme de Peter Jackson. Ela se encontra a cerca de 25 anos-luz do sol, e é a 18ª estrela mais brilhante no céu noturno.
Em 2008, foi anunciada a descoberta de um planeta orbitando Fomalhaut, o primeiro exoplaneta a ser observado diretamente, e não por causa de um eclipse da estrela principal ou de um balanço gravitacional. Ele foi identificado pela primeira vez na foto acima, feita pelo telescópio espacial Hubble.
Como a estrela é chamada Fomalhaut, o nome do planeta é “Fomalhaut b”. Para fazer esta foto, o Hubble usou uma barra de ocultação, uma pecinha de metal que bloqueia a parte mais brilhante da imagem da estrela. A parte escurecida no centro da imagem é a posição da estrela.
O planeta foi confirmado em duas outras fotos, uma de 2004 e uma de 2006. A partir de então, algumas de suas características foram deduzidas.
Primeiro, a presença da mesma mancha luminosa, mas com posição ligeiramente diferente confirmava o seu status de planeta.
Segundo, Fomalhaut é uma estrela que tem um anel de poeira, e este anel tem a beirada bem definida no lado de dentro, o mesmo lado que o planeta orbita, o que é esperado que aconteça por causa da “faxina” promovida pelo planeta no anel de poeira.
E, finalmente, pelo brilho observado, o planeta deveria ter algumas vezes a massa de Júpiter, mas menos massa que o necessário para ser uma estrela, então definitivamente era um planeta.
No início de 2012, entretanto, vieram as más notícias. Um planeta maior que Júpiter deveria ser visível na faixa do infravermelho, principalmente considerando a pouca idade (algumas centenas de milhões de anos, segundo estimativa dos astrofísicos), mas Fomalhaut b não era: ele não aparecia nas imagens de infravermelho.
E as más notícias não terminaram aí. Pelo cálculo da sua órbita, ela deveria cruzar o anel da estrela. Com a idade de Formalhaut, um planeta maior que Júpiter deveria ter destruído o anel de poeira depois de alguns milhões de anos. Mas o anel estava lá, então Fomalhaut b não poderia ser um planeta.
A explicação mais plausível foi que se tratava de uma nuvem de poeira orbitando a estrela. Uma nuvem de poeira poderia explicar os dados, mas não um planeta como o que eles achavam ter visto.
Uma equipe de astrônomos resolveu então rever os dados originais do telescópio Hubble. Os dados foram reprocessados e reanalisados, e a conclusão desta vez foi que realmente havia alguma coisa lá.
Os cientistas usaram então as imagens feitas com um filtro azul para novamente confirmar a presença da mancha. Examinaram então a mesma estrela usando o gigantesco telescópio Subaru, de 8,2 metros, no Havaí (EUA), na faixa do infravermelho, e novamente a mancha não estava lá. Seja lá o que for, era alguma coisa que não brilhava no infravermelho.
Para tornar as coisas mais interessantes, eles determinaram que o objeto não poderia ser uma nuvem de poeira. As forças gravitacionais teriam a destruído em pouco tempo.
Era hora de fazer mais alguns cálculos. Usando o que sabiam sobre planetas, os pesquisadores fizeram modelos computacionais e calcularam como ele deveria se parecer quando observado pelo telescópio.
Experimentando com vários números de massa, idade e outras características, eles chegaram à conclusão de que um planeta menor que Júpiter, com cerca de metade da massa, poderia explicar as observações.
Sendo menor que Júpiter, o planeta não brilharia em infravermelho, mas ainda seria grande o suficiente para aparecer nas imagens feitas com o filtro azul. E as simulações se encaixam melhor ainda com as observações se considerarmos um planeta pequeno, mas rodeado por uma nuvem de poeira. A gravidade do planeta iria manter a nuvem de poeira unida.
Restava o problema da órbita cruzando o anel. Uma análise do movimento do objeto, usando técnicas mais precisas, determinou que ele não cruza o anel, mas sua órbita seria bastante semelhante à forma do anel, o que também explicaria o anel com borda interna bem definida.
Para comemorar o Halloween, a Nasa preparou um vídeo sobre Fomalhaut b, que você pode conferir abaixo. Todos estes estudos e resultados não são uma prova de que o objeto em torno de Fomalhaut seja realmente um planeta, mas mostram que não dá para descartar esta hipótese. Novas imagens, novas observações e novas análises serão feitas para determinar qual a natureza deste objeto.
De qualquer forma, se a hipótese do planeta circundado por poeira for confirmada, Fomalhaut b perderá a honra de ser o primeiro planeta observado diretamente, por que, pela nova hipótese, o que vimos primeiramente não foi o planeta em si, mas a nuvem de poeira que o cerca.[Bad Astronomy]
6 comentários
Quando todos nós somos verdadeiros imbecis e ignorantes sobre as profundezas do Universo, eu acho que qualquer opinião, crítica ou comentário é justamente válido, rico e necessário!
Quando o James Web estiver em ação, talvez esclareça melhor sobre este possível planeta.
É uma pena ; a ciência está buscando resultados ou relações muito distante, referente a formação de nosso sistema solar e até mesmo a nossa criação ou formação. Gostaria que intensificasse as busca por aqui, bem próximo, a CONSTELAÇÃO DE COCHEIRO (CAPELLA) VEI DE LÁ A MAIORIA DA HUMANIDADE E É A MORADA CÓSMICA DE JESUS. .. acreditem, é só a 42 anos luz. da terra. As mensagens que estamos recebendo vem das imediações do sistema solar.
A gente não pode deixar de se maravilhar, com as conquistas da moderna astronomia:Nossos atuais telescópios, MAL PODEM documentar modificações MÍNIMAS que sejam, de movimentos de estrelas ou brilho das mesmas,para que os astrônomos consigam, a DURAS PENAS, com o auxílio da matemática, mecânica celeste e sabe-se mais o que,” jogar os búzios” e dizer:”Em tal estrela, fio, existe um planeta assim e assado.Foi o que me disse Oxum,hoje, depois que dei pra ele uma garrafa de marafo”.O que quero dizer, é que nossos mais modernos telescópios, DÃO NA MARRA! Para provar que existem planetas,MESMO quando localizados nas estrelas mais próximas do Sol.QUANDO teremos instrumentos bem aparelhados para isso?
resposta:dobra espacial
o problema dos telescopios são justamente os limites fisicos (velocidade da luz, comprimento da onda que se deteriora, o tamanho necessário da lente que seria de muitos e muitos metros de diametro pra enxergar muito longe)
me desculpe, mas para fazer uma argumentação dessas, não se deve apenas utilizar seu conhecimentos gerais, mas vc deve estudar para isso, aconselho que faça um estudo superior em astronomia e até um pos graduado em astrofisica. Nesse caso seus comentarios de criticas poderão ser levados em consideração.
Pensse nisso!