Há um estranho sinal vindo do espaço, na faixa de raio-X.
Quer dizer, o raio-X não é estranho; já sabemos há muito que o espaço é rico em radiação eletromagnética em muitas faixas que são invisíveis. O que é estranho é que esta radiação pode conter a assinatura de partículas de matéria escura.
A descoberta foi feita pelos astrônomos da Universidade de Leicester (Inglaterra). Eles encontraram a assinatura de partículas de matéria escura, os áxions, nessa radiação.
Áxios foram propostos em 1977 para resolver alguns problemas da física quântica, e mais tarde elevados à categoria de candidatos à matéria escura.
De acordo com a teoria, os áxions são capazes de “perceber” interações eletromagnéticas, apesar de não terem carga eletromagnética. Uma das implicações é que, em contato com um campo magnético, um áxion explode em fótons de raio-X, que são coisas que podemos detectar. Mais ainda, se estes áxions realmente existem, o núcleo do sol é um dos lugares em que eles seriam produzidos.
A descoberta, que ainda tem que ser confirmada por outros laboratórios, foi feita em cima de 14 anos de dados coletados pelo observatório de raio-X da ESA (Agência Espacial Europeia), o XMM-Newton. O que os astrônomos buscavam eram fótons de raio-X que fossem gerados quando os áxions no núcleo do sol atingissem o campo magnético terrestre.
Utilizando estes dados, os cientistas descobriram uma variação sazonal nos raios-X de fundo sem explicação. Quando todas as teorias convencionais falharam, os cientistas se voltaram às extraordinárias, como esta dos áxions.
Pela teoria, o satélite deveria observar mais raios-X quando estivesse passando pelo lado do planeta que está apontando para o sol – e uma diferença de 10% foi encontrada.
Futuro
Quais as implicações desta descoberta? Bom, teríamos uma partícula de matéria escura para analisar, uma que é produzida a 8 minutos-luz de nós. Outra implicação seria uma melhor compreensão da radiação de raio-X que permeia o céu.
Mas os cientistas estão indo com calma. Ninguém ainda anunciou que esta pode ser a primeira detecção de partículas de matéria escura do mundo, já que toda cautela é necessária nessa hora. É preciso esperar que outros astrônomos e laboratórios examinem os dados e façam seus próprios testes, para confirmar ou refutar o trabalho primeiro.
Pode ser que leve mais de dez anos até aparecer alguma confirmação. Por enquanto, apesar de promissora, esta é apenas uma possível detecção de matéria escura. [io9]