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Os fatos por trás dos 5 principais equívocos sobre evolução

Devido ao seu enorme sucesso em descrever o mundo natural nos últimos 150 anos, a teoria da evolução é extremamente mal compreendida. Em um recente episódio de um reality show com celebridades australianas, um dos participantes, a ex-estrela do cricket Shane Warne, questionou a teoria, perguntando: “Se os seres humanos evoluíram a partir de macacos, porque os macacos de hoje não evoluíram?”

De maneira semelhante, a diretora de uma escola primária no Reino Unido declarou recentemente que a evolução é uma teoria, em vez de um fato. Isto apesar de as crianças no Reino Unido começarem a aprender sobre a evolução no sexto ano escolar (entre 10 e 11 anos de idade), e ter mais aulas a respeito do tema durante todo o ensino médio. Enquanto a teoria da evolução é bem aceita no Reino Unido em comparação com o resto do mundo, uma enquete realizada em 2005 indicou que mais de 20% da população do país não tinha certeza sobre ela ou não a aceitava.

Por outro lado, não há muitas pessoas que questionam a teoria da relatividade, ou estudos sobre a aceitação da teoria da relatividade – possivelmente refletindo a ideia de que esta é uma questão para os físicos resolverem. Muitos estudos têm tentado determinar por que a evolução é questionada tantas vezes pelo público em geral, apesar da total aceitação pelos cientistas.

Embora nenhuma resposta clara tenha sido encontrada, Paula Kover, uma pesquisadora brasileira convidada na Universidade de Bath descreveu, em um artigo para o site The Conversation, alguns equívocos que ela aposta terem algo a ver com essa confusão generalizada:

1. É apenas uma teoria


Sim, os cientistas chamam de “teoria da evolução”, mas isso é em reconhecimento da sua posição científica bem aceita. O termo “teoria” está sendo usado da mesma maneira na teoria da gravidade, que explica por que, quando uma maçã cai da sua mão, ela vai parar no chão. Não há nenhuma dúvida de que a maçã vai cair no chão, da mesma forma que não há nenhuma incerteza que micróbios resistentes aos antibióticos continuarão a evoluir se não reduzirmos nosso uso geral dos antibióticos.

Embora as pessoas usem o termo “teoria” no cotidiano significando uma hipótese não necessariamente comprovada, este não é o caso em termos científicos. Uma teoria científica normalmente significa uma explicação bem fundamentada de algum aspecto do mundo natural que fica acima das leis, inferências e hipóteses testadas.

2. Os seres humanos são descendentes dos macacos


Não, o seu tatara-tatara-tatara-tatara-tataravô não era um macaco. A teoria da evolução indica que temos ancestrais comuns com macacos e símios – entre as espécies existentes, eles são nossos parentes mais próximos. Os seres humanos e chimpanzés partilham mais do que 90% da sua sequência genética. Mas esse ancestral comum, que andou pela Terra aproximadamente 7 milhões de anos atrás, não era nem um macaco, nem um ser humano, mas uma criatura simiesca que pesquisas recentes sugerem que tinha traços que favoreciam o uso de ferramentas.

3. A seleção natural é proposital


Existem muitos organismos que não são perfeitamente adaptados ao seu ambiente. Por exemplo, os tubarões não têm uma bexiga de gás para controlar sua flutuabilidade (que peixes ósseos geralmente usam). Será que isso refuta a teoria da evolução?

“Não mesmo”, garante a pesquisadora. A seleção natural pode favorecer aleatoriamente os animais com o melhor do que está disponível, mas não propositadamente transformar todos os organismos vivos em supercriaturas.

Seria realmente conveniente se os seres humanos pudessem fazer fotossíntese. A fome poderia ser imediatamente saciada ao ficarmos alguns minutinhos no sol (e aquela dieta milagrosa muito procurada teria sido finalmente encontrada: ficar dentro de casa). Mas, infelizmente, a capacidade genética para a fotossíntese não apareceu em animais. Ainda assim, a seleção da melhor opção possível levou a uma incrível diversidade de formas muito bem adaptadas aos seus ambientes, mesmo que não sejam perfeitas.

4. A evolução não pode explicar órgãos complexos


Um argumento comum a favor do criacionismo é a evolução do olho. Um olho “meio” desenvolvido não teria qualquer função, então como poderia a seleção natural lentamente ter criado um olho funcional passo a passo? O próprio Darwin sugeriu que o olho poderia ter tido suas origens em órgãos com funções diferentes. Órgãos que permitiam a detecção de luz podem ter sido favorecidos pela seleção natural, mesmo que não fornecessem uma visão total.

Estas ideias foram provadas muitos anos mais tarde por pesquisadores que estudam os órgãos de sensores de luz primitivos nos animais. Em moluscos como caracóis e vermes segmentados, as células sensoras de luz que se espalham em toda a superfície do corpo podem identificar a diferença entre claro e escuro.

5. A religião é incompatível com a evolução


É importante deixar claro que a evolução não é uma teoria sobre a origem da vida. É uma teoria para explicar como as espécies mudam ao longo do tempo. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, há pouco conflito entre a evolução e as religiões mais comuns. O Papa Francisco reiterou recentemente que uma crença na evolução não é incompatível com a fé católica.

Indo mais longe, o reverendo Malcom Brown da Igreja da Inglaterra afirmou que “a seleção natural, como uma maneira de compreender os processos evolutivos físicos ao longo de milhares de anos, faz sentido”. Ele acrescentou: “A boa religião precisa trabalhar de forma construtiva com a boa ciência”, e vice-versa. [Science Alert]

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