Essas palmeiras nasceram de sementes de dois mil anos encontradas perto do deserto de Jerusalém

Por , em 6.02.2020

Pesquisadores do Centro de Pesquisa de Medicina Natural Louis L. Borick, em Jerusalém, conseguiram cultivar sete palmeiras a partir de sementes de nada menos do que dois mil anos de idade.

As sementes foram encontradas no Deserto da Judeia, perto de Jerusalém, entre centenas de descobertas feitas em cavernas e em um antigo palácio construído pelo rei Herodes, o Grande, no século I aC.

Tamareiras

A equipe de cientistas utilizou datação por radiocarbono para chegar à conclusão de que as sementes possuíam dois mil anos.

Análises genéticas indicaram que diversas delas eram de plantas fêmeas polinizadas por plantas machos de áreas diferentes.

Segundo uma das autoras do novo estudo, Sarah Sallon, isso sugere que o antigo povo judeu que vivia na região cultivava a palmeira com técnicas de reprodução sofisticadas.

A espécie, Phoenix dactylifera, é uma tamareira, uma palmeira extensivamente cultivada pelos seus frutos comestíveis, as tâmaras.

Recorde

Estas são as mais antigas sementes germinadas do mundo. Elas foram colocadas na água e receberam hormônios para estimular sua germinação e formação de raízes, sendo em seguida plantadas no solo de uma área em quarentena.

Sallon crê que as condições quentes e secas do deserto da Judeia provavelmente ajudaram a preservar as sementes por tanto tempo.

Anteriormente, a semente germinada mais antiga do mundo era de uma flor de lótus chinesa de 1.300 anos, adquirida no leito de um lago seco na China.

Quanto ao cultivo de plantas antigas sem o uso de sementes, em 2012 pesquisadores da Rússia conseguiram crescer uma flor a partir do tecido de frutas antigas de 30.000 anos, recuperado de sedimentos congelados na Sibéria.

Tâmaras históricas         

De acordo com relatos históricos, as tâmaras que cresciam das palmeiras na região eram grandes, doces e tinham propriedades medicinais.

Sallon e seus colegas disseram que as sementes de dois mil anos são maiores do que as das variedades atuais de tâmaras, o que geralmente é indicativo de frutas maiores. Eles esperam recriar a variedade antiga através de polinização.

O escriba romano Plínio, o Velho, registrou em um texto uma “propriedade notável” das frutas daquele período: “o suco untuoso” que elas exalavam, além de “um tipo extremamente doce de sabor como o do mel, que lembra vinho”.

Diferentemente das tâmaras egípcias, as judias podiam ser armazenadas por mais tempo, o que significa que podiam ser exportadas através do Império Romano.

As plantações de palmeiras da Judeia começaram a desaparecer após guerras na região nos séculos I e II dC.

Um artigo sobre o estudo foi publicado na revista científica Science Advances. [NewScientist]

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