Novo ‘peixe drácula’ tem presas falsas
Uma espécie de peixe recém descoberta, chamada de “peixe drácula”, aparentemente passou 30 milhões de anos desenvolvendo presas superficiais – após perder seus “dentes de vampiro” durante sua evolução.
A descoberta do pequeno peixe pode esclarecer aos cientistas como estruturas perdidas se “re-desenvolvem”, assim como mostrar como a evolução pode fazer com que algumas espécies fiquem “maduras” mais cedo. Os pesquisadores batizaram a criatura de Danionella dracula em homenagem ao personagem de histórias de terror dentuço e sanguinário, comparando as mandíbulas do peixe com a do vampiro.
“O peixe é um dos mais extraodinários vertebrados descobertos nessa década” declara Ralf Britz, um pesquisador do Museu de História Natural de Londres especializado em peixes.
Britz encontrou um exemplar da espécie em um riacho no norte de Myanmar, em uma pesquisa de campo. O peixe transparente mede menos do que uma polegada e está entre os menores peixes e vertebrados.
Todas as outras espécies aparentadas com a do “drácula” perderam seus dentes há 50 milhões de anos atrás. Basicamente, o novo peixe conseguiu desenvolver sua mandíbula para que ela apresente presas falsas e superficiais – não são realmente dentes, é um crescimento do próprio osso do maxilar.
No entanto, só os machos da espécie possuem a cara assustadora e as presas – as fêmeas não foram “agraciadas” pela natureza evolutiva com o mesmo aparato. Isso acontece porque as presas são usadas entre os machos em “lutas territoriais”.
De acordo com Britz, a mandíbula do peixe pode se abrir até formar um ângulo de sessenta graus.
Outra particularidade do drácula é que ele tem um desenvolvimento físico “eternamente jovem”. Como ele amadurece cedo, seu corpo não tem nem metade da estrutura óssea que um peixe parecido teria. Sua estrutura se parece mais com a de uma larva do que com a de um peixe adulto.
Outras espécies da família Danionella também apresentam essa característica. Os cientistas até mesmo criaram um termo “desenvolvimento truncado”.
“Alguns acreditam que o desenvolvimento truncado é como se fosse uma rua sem saída em termos evolutivos. Mas agora podemos ver que é uma maneira que as espécies encontraram de alterar seu corpo. Poder explorar novas possibilidades e ir além do plano ‘original’ da natureza” explica Britz. [Live Science]