Descoberto o primeiro cometa brasileiro
Astrônomos amadores brasileiros descobriram um cometa no país pela primeira vez, nomeado C/2014 A4 SONEAR, no último dia 12 de janeiro.
Cristovão Jacques, Eduardo Pimentel e João Ribeiro de Barros observaram o objeto através de um telescópio robótico instalado no Observatório SONEAR, em Oliveira, cidade que fica a 120 km de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
O Observatório SONEAR, iniciativa dos brasileiros, tem como objetivo detectar objetos que passam próximos a Terra, a fim de determinar se eles vão ou não se chocar com o planeta. O equipamento funciona totalmente online – um software chamado SKYSIFT desenvolvido pelo também brasileiro Paulo Holvorcem coleta e analisa informações para classificar objetos vistos no hemisfério sul celeste como conhecidos ou desconhecidos.
Quando os astrônomos amadores analisaram os dados naquela noite, souberam que se tratava de um objeto novo, mas não identificaram de cara que era um cometa – o foco do observatório é em asteroides (eles já descobriram 16 deles, inclusive nomeando um em homenagem ao primeiro astronauta brasileiro, Marcos Pontes).
A descoberta do objeto foi feita a partir de imagens coletadas com uma câmera CCD acoplada ao telescópio robótico projetado pelo engenheiro brasileiro Marcelo Moura, cujo espelho foi fabricado no Brasil, pelo especialista em óptica Sandro Colleti.
“Todo o equipamento usado na descoberta é brasileiro”, conta Cristovão Jacques, que é engenheiro e físico, mas gosta de se dedicar à astronomia sempre que pode. “Com a invenção da tecnologia CCD e a digitalização, ficou mais fácil fazer observações e ajudar os astrônomos profissionais”.
Graças às primeiras imagens feitas no SONEAR, outros observatórios puderam fazer suas próprias medições do objeto. Os astrônomos Ernesto Guido, Nick Howes e Martino Nicolini, ligados ao Observatório Remanzacco, na Itália, coletaram 19 imagens a partir de um telescópio robótico instalado em Siding Spring (Austrália), e concluíram que as características do objeto apontavam para sua classificação como um cometa.
Mais 25 imagens feitas pelo Telescópio Faulkes do Sul no dia 14 comprovaram que o objeto descoberto era de fato um cometa, com uma difusa coma de 8 arcosegundos de diâmetro.
A descoberta foi oficialmente confirmada pela União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês) em 16 de janeiro, e o cometa foi batizado de C/2014 A4 SONEAR.
O objeto
C/2014 A4 SONEAR é um cometa de órbita parabólica, provavelmente originado da Nuvem de Oort (nuvem esférica de cometas e asteroides localizada nos limites do sistema solar). Quando detectado, o cometa se encontrava a cerca de 5.68 UA (Unidade Astronômica, equivalente a cerca de 149.5 milhões de km) da Terra e 6.33 UA do sol.
Sua órbita é altamente inclinada em 121 graus. O objeto deve atingir o periélio (ponto em que está mais próximo do sol) em 11 de setembro de 2015, quando passará a 3.82 AU do astro, cerca de 571 milhões de quilômetros.
No Brasil por brasileiros
O C/2014 A4 SONEAR é o primeiro objeto desse tipo descoberto no Brasil por brasileiros e oficialmente confirmado pela IAU.
No entanto, descobrir um cometa não é uma grande novidade por aqui – registros históricos apontam que, em 12 de maio de 1500, logo após a vinda de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, o médico e astrônomo da esquadra, João Faras, descobriu o cometa Cabral, homenageando o comandante da expedição – o problema é que nem Cabral nem João Faras eram brasileiros.
Em 16 de dezembro de 1652 foi descoberto um cometa de magnitude 2 a 3 em Recife, registrado em uma gravura holandesa. O mesmo cometa foi observado por Hevelius em 20 de dezembro de 1652 e é oficialmente conhecido como cometa Hevelius. Não há evidências de que ele tenha sido descoberto por um brasileiro nato – talvez o descobridor tenha sido holandês.
Não demorou muito e brasileiros começaram a participar de descobertas, às vezes identificando cometas pouco tempo depois que outros o faziam – e, portanto, perdendo a oportunidade de nomeá-los.
Em 28 de dezembro de 2002, Paulo Holvorcem descobriu o cometa C/2002 Y1, mas usando imagens coletadas no céu dos EUA. Holvorcem participou de muitas outras descobertas, como C/2005 N1 (Juels-Holvorcem), C/2011 K1 (Schwartz-Holvorcem), C/2013 D1 (Holvorcem) e C/2013 U2 (Holvorcem), mas nunca no céu brasileiro.
Como resultado, o C/2014 A4 SONEAR é o primeiro cometa descoberto por brasileiros no Brasil.
“Foi bacana, algo inédito. Tenho recebido cumprimentos de vários astrônomos, até do exterior. Descobrir um cometa não é algo trivial, ainda mais algo tão difuso”, diz Jacques.
O engenheiro explica que o céu do hemisfério sul é muito menos observado que o norte, em grande parte por haver menos investimento, e consequentemente menos observatórios, por aqui. Sendo assim, o trabalho que eles fazem no SONEAR se destaca.
“Meu prazer é descobrir coisas novas. Espero que isso incentive mais pessoas a fazerem buscas pelo nosso céu e encontrarem mais objetos no hemisfério sul, que é tão carente de observações”, afirma Jacques.[Remanzacco, Apollo11, CometasBrasileiros]
6 comentários
Pobre Brasil il il, tão longe de Deus e da Ciência e tão dependente do futebol.
Pelé para Presidente. Romário para Senador. É gol do Brasil.
Parabéns !!!
Primeiro pela descoberta e depois por conseguir ter um equipamento, mesmo tendo sido criado, de astronomia no Brasil, o que todos sabemos não é fácil.
Desculpem a crítica*, mas é que tentei importar um telescópio de US$ 800,00.
Impostos totais: 85% sobre a NF e também soma-se o frete (US$95,00)… brincadeira né?
Eu me pergunto quando que alguém com menor poder aquisitivo no Brasil vai poder ter um telescópio, um microscópio, ou qualquer aparato que incentive a curiosidade científica…
Parece que barato mesmo aqui sempre foi e sempre será só bola de futebol… #prontofalei.
Se você está somando o Imposto de Importação e o ICMS, então você não foi tributado como remessa postal. Em geral é 60% de imposto federal sobre o valor da compra mais frete e seguro. Depois vem o ICMS e cobra 25% sobre o resultado, o que dá 100% de imposto. Somei errado? Não. O ICMS é aplicado sobre o valor do telescópio, o frete, o seguro e o imposto de importação.
Se fosse fazer a importação normal, ia dar o seguinte:
http://www4.receita.fazenda.gov.br/simulador/
Simulação do Tratamento Tributário e Administrativo das Importações
Código NCM 9005.80.00
Descrição NCM LUNETAS E OUTS.INSTR.D/ASTRONOMIA/ARMAÇÕES
Taxa de Câmbio do Dia 20/1/2014 R$ 2,3683
Valor Aduaneiro Convertido R$2.119,63
Alíquota II (%) Tributo II R$ 296,75
Alíquota IPI (%) Tributo IPI R$ 362,46
Alíquota PIS (%) Tributo PIS R$ 34,97
Alíquota COFINS (%) Tributo COFINS R$ 182,29
As alíquotas podem ser preenchidas manualmente e os tributos recalculados
O valor aduaneiro é o valor do telescópio mais o valor do frete, ou seja, US$895. Com os impostos federais, fica em R$2.996,10, ou 41,35% de imposto. Some mais 25% de ICMS, e vai para R$3.745,13. O que dá 77% de impostos no total, sobre o valor aduaneiro (telescópio mais frete).
Dá para fazer alguma coisa? Talvez comprar em um importador, ele vai pagar aquele tributo, mais as taxas do despachante aduaneiro, e colocar o lucro dele (sem contar que ele talvez compre com preço menor, por comprar um volume um pouco maior).
Ou então conversar com seu Deputado Federal ou outro deputado que esteja disposto a fazer um projeto de lei visando beneficiar a importação de itens voltados à astronomia. O Deputado Romário (ex-boleiro) tem se destacado nesta área, talvez seja uma boa.
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,pl-preve-importacao-cientifica-direta-,973377,0.htm
Falcone, construa seu próprio telesco, aqui temos excelentes ópticos que fazem polimento dos espelhos, compre somente as oculares, pesquise so site http://www.cosmobrain.com.br ou observtáorio phoenix fale com marcelo moura grande abraço honorio
“Cristovão Jacques, Eduardo Pimentel e João Ribeiro de Barros observaram o objeto através de um telescópio robótico instalado no Observatório SONEAR, em Oliveira, cidade que fica a 120 km de Belo Horizonte, em Minas Gerais. ”
*
Só pudia ser coisa de minerin doído sô!
🙂