Penas de dinossauro cheias de piolho são encontradas presas em âmbar de 100 milhões de anos

Por , em 22.12.2019

O piolho está longe de ser um parasita moderno: paleontologistas descobriram insetos antigos semelhantes a piolhos se alimentando de penas de dinossauros de 100 milhões de anos.

As penas danificadas estavam presas em âmbar, de forma que proporcionaram uma riqueza de detalhes.

O achado

Os cientistas da Capital Normal University (Pequim, China) já haviam encontrado pulgas antigas gigantes – com dois centímetros – em penas de dinossauro antes, mas esta é a primeira vez que piolhos primitivos são descobertos.

Eles são minúsculos, o que pode explicar por que não foram observados em outros fósseis antes.

A equipe identificou dez pequenas ninfas, cada uma com menos de 0,2 milímetros de comprimento, em apenas duas penas entre vários fósseis em âmbar descobertos no norte de Mianmar.

Os insetos podem não ser tecnicamente piolhos, pois sua relação taxonômica com a ordem do Phthiraptera ainda é desconhecida. Mas sua aparência é muito parecida com a dos parasitas modernos, incluindo o corpo sem asas e as grandes mandíbulas para mastigação – justamente as que causam tanta irritação a seus hospedeiros.

Ainda há muito o que descobrir

Inicialmente, os pesquisadores pensaram que as penas pertenciam a pássaros muito antigos. Quando especialistas deram uma olhada nelas, apostaram que pelo menos uma se tratava na verdade de uma pena de dinossauro não aviário.

“Os cientistas fizeram um forte argumento a favor de que esses insetos fossem alimentadores generalistas de penas de uma ampla variedade de animais cretáceos. Parece que eles provavelmente encontraram o mesmo grupo de insetos que se alimentam de penas de animais voadores e não voadores”, afirmou Ryan McKellar, curador do Royal Saskatchewan Museum e especializado em penas de dinossauros, ao Smithsonian.

Talvez futuras descobertas em âmbar encontrem esses insetos em sua forma adulta, ou em penas que ainda estejam presas a um esqueleto identificável, ajudando os cientistas a determinar melhor suas relações ecológicas.


Ilustração artística de “piolhos” antigos mastigando penas de dinossauros

Estudo de parasitas

O estudo de ectoparasitas antigos – parasitas pequenos que vivem fora do corpo de seus hospedeiros normalmente muito maiores – pode ajudar os cientistas a entender como as pestes modernas evoluíram ao longo dos anos.

“Na história da humanidade, você pode ver que a pulga causou a peste negra, e ainda hoje somos afetados por parasitas sugadores de sangue ou mastigadores”, disse um dos autores do estudo, o paleoentomologista Chungkun Shih da Capital Normal University.

Os pesquisadores não sabem dizer quão frequentes esses piolhos primitivos eram, mas os achados limitados são provavelmente uma consequência da dificuldade de preservação desses animais.

“Os insetos têm suas maneiras de se povoar em um hospedeiro, e naquela época não havia inseticida para matá-los. Basicamente, eles podiam crescer, se diversificar e povoar-se, então acho que os números provavelmente eram razoavelmente altos”, argumenta Shih.

Outros parasitas, como carrapatos e ácaros, também já foram associados a penas de animais do Cretáceo, de forma que essas pestes eram sem dúvida espertas o suficiente para sobreviver a animais muito mais notórios como os próprios dinossauros que elas deixaram para trás.

Um artigo sobre a pesquisa foi publicado na revista científica Nature Communications. [Smithsonian]

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