Pesquisa translacional: o que é? Clique e descubra!

Por , em 14.04.2014

O que é pesquisa translacional?

Conceitua-se pesquisa translacional como sendo toda a pesquisa que tem seu início na ciência básica e sua conclusão na aplicação prática do conhecimento apreendido.

Em especial tem-se sua aplicação na medicina, quando, por exemplo, na pesquisa sobre uma determinada proteína presente em um canal de membrana celular tem-se a continuidade do processo até sua culminação com o desenvolvimento de uma medicação para a terapia de uma determinada doença degenerativa.

Na pesquisa tradicional correntemente se divide a tarefa em dois grupos estanques: Um de pesquisa básica (ou laboratorial) e outro de pesquisa clínica, onde, na maioria dos casos não se permeia nenhuma articulação entre os dois, existindo um hiato permanente entre esses dois tipos de pesquisa.

Por esta razão,  muitas vezes, o conhecimento produzido pela pesquisa básica não é bem aproveitado para fins práticos ou seu na melhor das hipóteses seu aproveitamento se dá de uma forma muito lenta e pouco promissora.

Com o advento da pesquisa translacional se observa uma continuidade do trabalho do pesquisador com a articulação entre o laboratório (onde se desenvolve as descobertas da ciência base) e a clínica (onde se realizam as aplicações práticas).

É fácil intuir que o caminho de  realimentação da clínica para o laboratório também favorece o avanço da conquista e aperfeiçoamento da ciência base.

Este itinerário  do  laboratório para a clínica  define a essência da pesquisa translacional em seu propósito de traduzir as descobertas básicas do laboratório em aplicações práticas para a clínica com eficiência, eficácia e agilidade.

Como é natural, as ideias que são testadas na clinica raramente se tornam eficientes de um dia para o outro. É sempre necessário um refinamento futuro.

Desta forma os resultados clínicos tendem também a retornar para o laboratório, num feedback, que como dito anteriormente contribui significativamente na melhoria e aperfeiçoamento daquela estratégia terapêutica, completando o itinerário de retorno da clínica para o laboratório.

A pesquisa translacional ou, no seu original em inglês, translational research, se propõe a preencher este vácuo existente entre o pesquisador da ciência básica e o clínico em seus campos de prática.

Embora o termo seja bastante recente, essa noção de “intercâmbio de resultados de pesquisa” não é.

Tal dinâmica vem sendo discutida desde as décadas de 1970 e 1980, nos Estados Unidos e também no Brasil, nos Seminários Nacionais de Pesquisa em Enfermagem, por exemplo.

O assunto é veiculado no editorial do Journal of the American Medical Association (JAMA), em 2002, quando se determina como essencial para melhorar a saúde humana a “necessidade de tradução de novos conhecimentos, mecanismos e técnicas geradas pelo avanço nas pesquisas básicas para oferecer novas possibilidades de prevenção, diagnostico e tratamento das doenças”.

A partir desta publicação, as demais áreas da saúde passaram a se questionar mais acuradamente sobre formas de conduzir para a prática assistencial esta “tradução”.

Em 2005, foi criado o “The Translational Research Working Group (TRWG)” (Grupo de Trabalho em Pesquisa Translacional), vinculado ao Instituto Nacional de Câncer, dos EUA, com o propósito de fomentar as pesquisas translacionais nesta área especifica.

A Universidade de Washington fundou, em 2007, o “Institute of Translational Health Sciences (ITHS)” (Instituto de Ciências Translacionais) tendo como principal foco a medicina genética.

Em 2009, são criados dois importantes periódicos: o “Translational Research – The journal of Laboratory and Clinical Medicine”, e o “The American Journal of Translational Research”.

No Brasil foi criado, recentemente, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Translacional em Medicina uma instituição de pesquisa multicêntrica financiada pelo CNPq  e sediada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Podemos afirmar sem nenhum exagero que tais iniciativas representam uma coleção estimulante de boas notícias.

 

 

 

 

2 comentários

  • Tatyane Andrade:

    Essa mesma definição serve para a pesquisa translacional Reversa? E o que seria o uso de IPS nessa pesquisa?

  • Cesar Grossmann:

    Parece também com grupos de trabalho multi-disciplinares. Olhando assim, estas notícias, dá a impressão que os cientistas são umas criaturas não muito inteligentes que não sabem conversar entre si, e estão aprendendo isto recém agora, só que não é assim, no último século a ciência avançou tanto em muitos campos que ninguém mais consegue chegar a estar a par do conhecimento em uma área senão depois de muito estudo especializado, e para juntar duas áreas precisaria de duas vidas.

    No fim a gente se pergunta, como é que o conhecimento vai ser articulado no futuro, quando ele for tão imenso que, mesmo estudando a vida inteira, uma pessoa só tenha esperança de conhecer só uma pequena parte dele?

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