Pessoas mais populares pegam gripe mais cedo do que as outras

Por , em 16.09.2010

Para quem achou que a popularidade não tinha lados negativos, aqui vai uma de suas desvantagens: segundo um novo estudo, as pessoas no centro das redes sociais tendem a pegar gripe primeiro.

Ou seja, quando um vírus está ao redor, os populares acabam o pegando cerca de duas semanas mais cedo do que outro grupo de pessoas.

O estudo foi baseado em um conceito conhecido como “paradoxo da amizade”: quando as pessoas são convidadas a nomear os seus amigos, seus amigos tendem a ter mais contatos sociais do que eles.

Os pesquisadores explicam: se você pegar um grupo aleatório de pessoas e lhes pedir para nomear os seus amigos, os seus amigos serão mais centrais na rede do que eles são. Isso significa que você pode identificar os indivíduos centrais que têm mais chances de pegar doenças contagiosas primeiro do que os outros.

Na pesquisa, 319 estudantes de Harvard escolhidos de forma aleatória tiveram que nomear seus amigos, o que rendeu um grupo de 425 estudantes que foram nomeados pelo menos uma vez.

Cerca de um terço dos estudantes pegou gripe no outono e inverno de 2009. Os estudantes do “grupo de amigos” nomeados foram diagnosticados 14 dias antes, em média, do que aqueles no grupo escolhido aleatoriamente. E a epidemia atingiu o pico entre o grupo de amigos 46 dias antes do que na população geral de estudantes.

Segundo os pesquisadores, o monitoramento da saúde dessas pessoas socialmente conectadas poderia servir como um sistema de alerta para surtos de epidemias de gripe e de outras doenças infecciosas.

Seria um método simples de monitoramento e combate a epidemias, especialmente em espaços auto-contidos, tais como universidades e bases militares. Porém, segundo os pesquisadores, não há razões que indiquem que as redes sociais não poderiam ser usadas para monitorar epidemias de gripe em uma cidade, um estado ou um país.

Funcionários da saúde pública já utilizam vários métodos para controlar os surtos de gripe, mas os dados tendem a se atrasar uma semana ou duas depois que a epidemia se espalha. Até duas semanas de aviso ajudaria os médicos a diagnosticar casos de gripe anteriores e avisar as pessoas ainda saudáveis para adoção de medidas preventivas.

Alguns especialistas são céticos. Eles não acreditam que o método de monitoramento da gripe proposto seria tão útil como os pesquisadores afirmam. A ideia, segundo eles, é inteligente, mas o estudo não prova que o método poderia ser melhor – ou ter um custo benefício melhor – do que as técnicas de vigilância de gripe usadas atualmente.

Este estudo é o mais recente dos pesquisadores para examinar a propagação das condições de saúde e comportamentos através de redes sociais. Nos últimos anos, eles publicaram estudos semelhantes sobre a obesidade, consumo de álcool, tabagismo, depressão, felicidade e solidão. [CNN]

1 comentário

  • Elizabeth:

    Ora, quem tem mais amigos está em contato com mais pessoas e, por consequência, está em contato com diferentes possibilidades de doenças contagiosas. Não é preciso nenhum estudo para concluir isso.

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