Pílula anticoncepcional pode fazer você esquecer de detalhes
Você quer contar detalhes da festa para as amigas, mas não lembra de tudo? Cuidado, pode ser por causa da pílula. De acordo com o primeiro estudo sobre como o anticoncepcional oral afeta a memória, mulheres que tomam seu remedinho diário se lembram de fatos de forma diferente.
A pesquisa constatou que o contraceptivo escolhido por aproximadamente 3,5 milhões de mulheres britânicas faz com que elas lembrem o impacto emocional de um evento, mas não seus detalhes.
O estudo enfatizou que a medicação não danifica a memória. Significa apenas que há uma mudança no equilíbrio hormonal que faz com que as mulheres se lembrem das coisas de forma diferente.
Cerca de 100 milhões de mulheres ao redor do mundo tomam anticoncepcional oral. O medicamento aparentemente inofensivo tem sido relacionado a um maior risco de coágulos sanguíneos e câncer de mama, embora também seja associado à proteção outros tipos de câncer.
Os efeitos causados ao cérebro também são estudados, que sugerem que a pílula faz com que a parte feminina do cérebro aumente, elevando as competências emocionais. Também sugere que as mulheres se sentem mais atraídas por homens mais jovens porque eles tendem a ser mais férteis.
O estudo analisou como as mulheres sob efeito da pílula ou experimentando naturais ciclos hormonais se lembraram de um acidente de carro envolvendo uma mãe e um filho.
As mulheres que usavam contraceptivos há apenas um mês lembraram de forma mais clara os principais passos do evento traumático – que tinha havido um acidente, que o menino havia sido levado às pressas para o hospital, que os médicos trabalharam para salvar a sua vida, por exemplo.
Já as mulheres que não usavam o medicamento lembraram de mais detalhes, como um hidrante ao lado do carro.
De acordo com os pesquisadores, as mulheres que usam contraceptivos lembram a essência emocional de um evento, ao contrário das outras, que retêm mais detalhes.
Eles salientam que os medicamentos não danificam a memória, afirmando que é apenas uma mudança no tipo de informação que as pessoas não se lembram.
A mudança faz sentido porque os contraceptivos suprimem os hormônios sexuais como o estrógeno e a progesterona para evitar a gravidez. Esses hormônios já foram relacionados à memória forte das mulheres.
Esta nova descoberta pode ser surpreendente para alguns, mas é uma consequência natural de pesquisas que vêm sendo feitas há 10 anos sobre as diferenças dos sexos, dizem os pesquisadores.
As descobertas podem ajudar a levar a respostas mais completas sobre porque as mulheres experimentam síndrome de estresse pós traumático com mais freqüência do que os homens.
Mais estudos podem revelar mais sobre quais os efeitos do estrogênio no cérebro das mulheres e sobre os efeitos a longo prazo da pílula. [Telegraph]
1 comentário
Tudo tem vantagens e desvantagens.
A vida humana mudou substancialmente desde a sua criação e é fácil admitir que os anos 60 e 70 teriam sido muito diferentes se a ‘revolução sexual’ não tivesse o seu apoio. A literatura e o cinema não falam do assunto mas a abundância de sexo (e a sua banalização) em ambos deve-se à pílula.
É um bem extraordinário; mas também corresponde à utopia do controle absoluto sobre a vida e a reprodução. Evidentemente, não é a única culpada da crise demográfica do Ocidente, mas sem ela não seria possível limitar os nascimentos e aumentar a ‘frequência dos contactos sexuais’. O seu impacto cultural e moral foi óbvio – mas o seu peso na economia e na política só agora começa a ser analisado com seriedade.
Mudou o mundo.