Planos são aprovados para um ultra colisor de partículas de 100km de comprimento e R$120 bilhões

Por , em 22.06.2020

A Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN) aprovou um plano para a construção de um supercolisor de partículas com 100 quilômetros de circunferência e capacidade energética de 100 teraelétron-volts.

A nova máquina deixará o Grande Colisor de Hádrons (LHC), atual colisor do CERN, no chinelo: este possui apenas 27 km e faz partículas colidirem a 16 TeV.

Por enquanto, só há um obstáculo para a concretização do chamado “Colisor Circular Futuro” (Future Circular Collider, ou FCC na sigla em inglês): dinheiro. Ele possui um custo estimado de US$ 23 bilhões (cerca de R$ 120 bilhões, no câmbio atual), um orçamento tão alto que o CERN vai ter que fazer uma vaquinha para o projeto decolar.

Fábrica de bóson de Higgs

O FCC deve ajudar os físicos a desvendar mistérios do Modelo Padrão de Física de Partículas, como a matéria escura.

Esta supermáquina poderá, por exemplo, criar muitos bósons de Higgs, a elusiva partícula descoberta em 2012 pelo LHC.

“O FCC produziria grandes quantidades de bósons de Higgs em um ambiente muito limpo, faria progressos dramáticos no mapeamento das diversas interações do bóson de Higgs com outras partículas e [permitiria] medições com uma precisão extremamente alta”, disse o conselho do CERN em um comunicado de imprensa.

Duas fases

Sua construção está prevista para ocorrer em duas fases. No primeiro estágio, o aparelho faria elétrons e pósitrons colidirem a fim de gerar o máximo de bósons de Higgs possível.

Já em um segundo estágio, atuaria como um colisor próton-próton de 100 TeV capaz de gerar novas partículas para expandir ou até substituir o Modelo Padrão.

Prazo

A meta é que o projeto seja iniciado até 2038, o que irá depender basicamente de quanta grana o CERN conseguirá juntar até lá.

O custo estimado do FCC é provavelmente alto demais para ser financiado somente pelos membros europeus da organização. Talvez o conselho precise criar uma colaboração global que inclua parceiros como os EUA, a China e o Japão, por exemplo.

Uma vez que o FCC não tem uma missão tão clara quanto o LHC tinha, angariar fundos para a máquina pode se revelar um desafio.

Dito isto, a necessidade do aparelho para a física de partículas é grande. No ponto em que estamos, criar mais hipóteses sem poder testá-las não vale a pena.

“Sabemos que a única maneira de encontrar respostas é através de experimentos e o único lugar para encontrá-las é onde ainda não conseguimos procurar”, explicou a física britânica Tara Shears à Nature.

Por enquanto…

Ao comunicar seus novos planos, o CERN enfatizou que a prioridade atual da organização é completar uma atualização no LHC com ímãs supercondutores.

Isso irá permitir que o aparelho gere muitas mais colisões do que consegue agora, aumentando as chances de observar bósons de Higgs e outras partículas raras. [Engadget, CERN]

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