População de pinguins diminui por falta de comida
Muita gente gosta de comer camarão, mas poucos o consideram uma parte essencial nas refeições. Os pinguins pensam diferente. Com uma súbita diminuição da população de camarões nas águas gélidas da Antártida, duas espécies de pinguins estão passando por uma grave crise na oferta de alimentos.
Cientistas de um centro de pesquisa em La Jolla (Califórnia, EUA) apontam o aquecimento das águas antárticas como responsável pela queda no número de camarões disponíveis para consumo dos pinguins. E as aves, que já sofrem naturalmente com o aumento da temperatura, estão passando fome.
As espécies que mais padecem com o problema são o Pinguim-de-adélia (Pygoscelis adeliae) e o Pinguim-de-barbicha (Pygoscelis antarctica), cujas dietas são essencialmente compostas pelos camarões que não podem suportar as mudanças climáticas na água onde vivem. O estudo dos pesquisadores de La Jolla se baseia nas observações anuais de um deles, Wayne Trivepiece, que monitora as populações de pingüim na antártica desde os anos 70.
Trivepiece explica que não se falava em mudanças climáticas na Antártica (nos últimos 30 anos, a temperatura subiu entre 5 e 6 graus centígrados) antes de verem que os pinguins passaram a ter problemas. “Foram as dificuldades no modo de vida dos pinguins que abriram os olhos do mundo para as mudanças climáticas na região”, explica o pesquisador.
Entre as duas espécies em questão, ainda há uma que está em desvantagem. Ao contrário dos pinguins-de-adélia, que podem migrar para outro ponto da Antártida em busca de comida, o pinguim-de-barbicha vive apenas no local onde faltam camarões, ou seja: estão presos a uma terra que lhes oferece menos alimento a cada dia.
Os pesquisadores explicam que a Antártida funciona como um termômetro “amplificado” da Terra. Pequenas mudanças ambientais nos trópicos são sentidas em larga escala nos pólos. E é justamente essa característica que dá esperança aos pesquisadores de que a situação possa se reverter: com a humanidade se esforçando para combater o aquecimento global nas áreas onde vivem, o efeito reversivo será maior na terra onde os pinguins já não estão mais confortáveis. [Science News]