Porções “pequenas” podem fazer as pessoas comerem mais
Muita gente ja deve ter ouvido falar da “dieta da porção”. Ao inves de não comer, a pessoa simplesmente come menos. Agora, um novo estudo mostra que as pessoas são facilmente seduzidas pelas etiquetas de tamanho das comidas, e comem mais se acreditam que estão consumindo uma porção “pequena” e não uma “grande”.
As descobertas sugerem que o tamanho explicitado nos rótulos das comidas está contribuindo para a epidemia de obesidade dos Estados Unidos. Durante as últimas décadas, o tamanho das porções dos alimentos aumentou dramaticamente, junto com as cinturas das pessoas.
Segundo os pesquisadores, os consumidores não estão conscientes dos seus excessos. As pessoas não percebem que comeram mais, de modo que estão “enganando seus estômagos”. Isto pode levar ao consumo excessivo não intencional, e pode resultar em obesidade.
A pesquisa também mostra que este efeito de distorção, tanto na percepção quanto no comportamento alimentar, é pior para as pessoas que não estão muito preocupadas com a sua alimentação, ou para aquelas cujas mentes estão distraídas com outras tarefas.
Os resultados são baseados em cinco experimentos. Quatro deles foram conduzidos em um ambiente de laboratório, e um em uma situação da vida real. Na experiência da vida real, os pesquisadores manipularam a oferta de alimentos em uma reunião de 76 executivos. Eles colocaram pratos com 15 cookies em cada (peso de 80 gramas), na sala de descanso. Embora as porções fossem idênticas, alguns pratos foram rotulados de “médio”, enquanto outros foram rotulados de “grande”.
Os executivos que pensaram estar consumindo cookies de tamanho médio comeram, em média, 12,02 gramas mais cookies do que os executivos que pensaram estar comendo cookies grandes. No entanto, quem comeu os “cookies médios” mais tarde respondeu que tinha comido menos do que aqueles que comeram “cookies grandes”.
Os pesquisadores encontraram resultados semelhantes nos estudos de laboratório, no qual os participantes foram solicitados a avaliar o tamanho e depois comer pacotes de salgadinhos, nozes e biscoitos.
E quando os participantes receberam uma tarefa para fazer enquanto comiam, as distorções foram exacerbadas. Por exemplo, os participantes que fizeram as suas decisões quando o prato não estava na frente deles disseram que uma tigela que tinha 10 mini sanduíches continha apenas oito, quando foi rotulada “pequena”. Mas quando os participantes tinham uma tarefa a fazer enquanto almoçavam, eles disseram que havia cerca de sete sanduíches.
Segundo os pesquisadores, esta situação se assemelha à vida cotidiana, onde as pessoas tentam fazer muitas coisas ao mesmo tempo, e são ainda menos capazes de processar mais profundamente qual exatamente é a quantidade do que estão comendo, e vão mais pelo rótulo.
Apesar dos cientistas não terem pesquisado a questão dos rótulos ambíguos, eles acreditam que a ambiguidade pode tornar as coisas ainda piores. É possível que o consumidor entre na gula sem culpa, porque pode se convencer de que não está comendo nada muito gorduroso ou uma porção grande, sendo que o rótulo não tem nenhum significado para ele.
Segundo os pesquisadores, uma forma de melhorar a situação é deixar claro o que é uma porção normal, adequada para um adulto. A partir desse consumo ideal, as porções “pequeno”, “média” e “grande” deveriam ser padronizadas em lojas e cadeias de restaurantes. [LiveScience]
2 comentários
É preciso usar o senso crítico. A porção pequena nos EUA equivale à grande do Brasil e de muitos outros países. Também não adianta comer uma porção pequena de comida gordurosa e/ou açucarada.
Meu estomago ninguem engana. Tanto faz o tamanho do recipiente, é a sensação de saciedade que assinala a hora de parar de comer.