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Quando teremos a propulsão de Jornada nas Estrelas?

Jornada nas Estrelas é, talvez, o seriado de ficção científica que mais influenciou a nossa visão de como deveria ser o futuro e do que esperar da tecnologia.

Algumas coisas realmente saíram do papel, ou melhor, da telinha, para o mundo real. Por exemplo, computadores capazes de falar, reconhecer a fala humana e até mesmo de fazer traduções, comunicadores pessoais, injeções sem agulha, drogas antirradiação e um tricorder médico.

Já outras tecnologias parece que nunca vão sair da telinha. Provavelmente, não seremos capazes de realizar teletransporte, pelo menos não de pessoas, e sim somente de informação ou de estados quânticos. A velocidade das naves espaciais ficcionais, que conseguem percorrer distâncias interestelares em questão de semanas ou meses, também nem se compara a das naves reais.

No entanto, talvez a tecnologia de viagem espacial atual não esteja assim tão longe de se tornar realidade – existem cientistas pensando seriamente em criar a próxima geração de propulsão espacial, que nos livraria dos imensos foguetes que usam quantidades grotescas de combustível.

Foguete impossível

Vocês talvez se lembrem da notícia que a NASA estaria testando um foguete que seria “impossível” de acordo com as leis da física netwoniana.

O “foguete impossível” funcionaria com uma cavidade no vácuo sendo inundada por energia na forma de micro-ondas, o que atuaria sobre as partículas virtuais, aquelas que aparecem e desaparecem o tempo todo onde tem vácuo. Isto geraria impulso.

A ideia de que este tipo de motor viola a Terceira Lei de Newton está incorreta, já que as leis de Newton não se aplicam ao mundo quântico, assim como não se aplicam a objetos viajando à velocidades relativísticas. De qualquer forma, não sabemos se este motor sairá do papel, uma vez que os testes não foram conclusivos.

Torcendo o espaço

Deixando de lado esta máquina “impossível”, o que temos?

Uma das ideias para tornar as viagens interestelares mais rápidas é torcer ou distorcer o espaço, um tipo de transporte interestelar que permitira viagens mais rápidas que a luz, só que sem sair do lugar.

Sim, eu sei, isto parece absurdo. Vamos por partes. Em 1905 (sério, vamos voltar mais de 100 anos), Albert Einstein publicou seu trabalho sobre a Teoria da Relatividade, onde concluiu que nenhum objeto material poderia ser acelerado até a velocidade da luz.

Antes de dizer que Einstein acabou de refutar a possibilidade de viagens com velocidades superaltas, ele também apontou que a massa e a energia podem distorcer o espaço, esta distorção sendo governada por equações que permitem diferentes soluções. Em uma destas soluções, pode-se viajar mais rápido que a luz, bastando encolher o espaço na frente da nave e expandi-lo atrás da mesma. A nave não sairia do lugar, mas o lugar em que ela está seria movimentado a grandes velocidades.

Vamos agora para 1994, onde um estudante de física, Miguel Alcubierre, apaixonado por Jornada nas Estrelas, publicou um conjunto de soluções para as equações da relatividade, justamente as que permitem aquela viagem superluminal. Só que Alcubierre abandonou logo o trabalho, pois seus cálculos indicavam que seria necessária mais energia do que a contida em todo universo.

Brincando com os números

Recentemente, alguns cientistas resolveram mexer com as equações de Alcubierre e conseguiram uma solução que parece bem mais prática, precisando de bem menos energia, de uma forma que parece que pode ser feita com nossa tecnologia atual.

Eles começaram revendo como mudar a quantidade de energia necessária. A solução inicial de Alcubierre envolvia a criação de uma bolha de espaço-tempo cujas paredes teriam a espessura de um núcleo atômico, ou menor. Este um dos problemas, já que conseguir a tal bolha exige muita energia. Os cientistas resolveram calcular uma bolha com espessura um pouco maior, na ordem do comprimento de onda da radiação eletromagnética, e chegaram a uma quantidade de energia necessária bem menor.

Um efeito colateral de se fazer a espessura da bolha maior, na mesma ordem de tamanho do comprimento de onda das ondas eletromagnéticas, é que ela pode ser construída usando tecnologia eletromagnética, o tipo de coisa que fazemos muito bem. Em outras palavras, a tecnologia necessária deixou de ser um impeditivo.

Mas as mudanças não pararam aí. Outros cálculos apontaram que se a energia usada for pulsada, em vez de contínua, a necessidade de energia diminui mais ainda, até mesmo a energia negativa, que pode ser criada usando lasers e ótica quântica.

A pesquisa

Por enquanto, a pesquisa que utiliza ótica quântica prossegue com metas ambiciosas, mas a passo curto e cauteloso. O que exatamente eles estão fazendo é complicado de entender, já que é preciso usar o jargão da física quântica, que muita gente repete, mas não sabe exatamente do que se trata, o que dá margem a exageros.

Por enquanto, ainda não há o projeto de uma nave, apesar das figuras bonitas que andam circulando pela internet. O que o grupo de físicos está fazendo é projetar e modificar dispositivos óticos quânticos de forma a poder detectar efeitos de dobra espacial usando laser e outras tecnologias. Se conseguirem isso, o próximo passo é descobrir como amplificar tal efeito.

Ainda estamos longe de ter as naves, mas já estamos mais perto da propulsão de Jornada nas Estrelas que a maioria pensa. [The Crux]

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