Você pode dirigir rápido o suficiente para não ser pego por um radar de velocidade?

Por , em 5.04.2014

Qualquer pessoa que queira deixar de ser pega por um radar de velocidade e evitar multa, as nossas incrível e imperdoavelmente rápidas câmeras de velocidade, pode fazê-lo de uma maneira muito simples: obedecendo os limites de velocidade.

Mas, segundo uma equipe de estudantes de física da Universidade Leicester, na Inglaterra, pode haver, pelo menos teoricamente, um outro jeito de burlar o sistema e evitar uma inconveniente multa. Para chegar a um valor aproximado, eles fizeram uma série de cálculos baseados em teorias e leis da física e apresentaram os resultados em seu trabalho de conclusão de curso.

Os cálculos

Para descobrir a que velocidade seria possível ser “invisível” para os radares, os estudantes se basearam nos princípios do Efeito Doppler – onde as frequências de luz ou ondas de som que emanam de um objeto aumentam ou diminuem quando ele se move na sua direção, ou para longe de você. É o efeito registrado quando, por exemplo, você vê uma ambulância passando. O som da sirene vai de grave a agudo, conforme ela se aproxima de você.

Você assiste ao seriado The Big Bang Theory? Se não, fica a dica: deveria. Se sim, você pode se lembrar de um episódio em que o protagonista Sheldon Cooper vai a uma festa à fantasia vestido de Efeito Doppler. Sua roupa tem um ponto de referência no centro e ondas de som simbolizadas por listras. E como ninguém entende muito bem do que ele está fantasiado, ele faz uma simples demonstração que você pode conferir no vídeo abaixo:

Falamos do Efeito Doppler aplicado à ondas de som, mas ele também é válido para ondas de luz. E pode ser melhor observado porque quando uma onda de luz muda de frequência, ela também muda de cor. Então, com a luz, esse processo cria um “desvio vermelho” – onde a frequência da luz de um objeto que viaja longe do observador é deslocado para a extremidade vermelha do espectro de cores. Quanto mais rápido um objeto se desloca, maior será a mudança na frequência.

Isto significa que, teoricamente, seria possível deslocar a frequência da luz da placa de um carro para uma faixa de frequência que  os radares não são capazes de detectar, escapando, assim, de uma multa.

A equipe de estudantes envolvida neste cálculo presumiu que a câmara seria capaz de detectar uma gama de frequências semelhante a do olho humano – o que corresponde a aproximadamente 400 terahertz no limite “vermelho” do espectro a 790 terahertz no limite violeta.

As placas os carros de civis na Inglaterra geralmente são amarelas, e tem uma frequência de cerca de 515 terahertz.

Para calcular a velocidade necessária do carro para que a cor da placa mudasse de frequência e passasse a ser invisível para as câmeras de velocidade, o grupo usou a equação utilizada por astrônomos para calcular como as estrelas rápidas estão viajando para longe da Terra.

Eles descobriram, então, que para conquistar tal feito, o carro teria que estar viajando a uma velocidade de 191 milhões de quilômetros por hora para tornar sua placa invisível aos radares. Isso equivale a 53 milhões de metros por segundo – ou seja: um sexto da velocidade da luz.

Tendo em conta que o objeto mais rápido já feito pelo homem – o Helios Probe – só é capaz de viajar a um milésimo da velocidade da luz, temos claramente alguns avanços a fazer antes de colocar esse estudo em prática.

Como bem disse o estudante Dan Worthy, “seria muito divertido se pudéssemos nos tornar invisíveis. Mas, infelizmente, a nossa tecnologia atual não é avançada o suficiente para fazer isso”.

“Eu gostaria de pensar que, no futuro, quando pudermos viajar entre as estrelas, radares intergalácticos precisem procurar naves invisíveis também”, completou.

“O Efeito Doppler é algo a maioria das pessoas aprende em física, mas pensamos que seria legal olhar para os efeitos que teria no dia-a-dia”, disse Worthy. Justamente pelo fato de o cálculo ter descoberto uma velocidade impossível, ele deixa uma mensagem bem clara para motoristas do mundo inteiro: é inútil tentar usar esse método para evitar uma multa. [Phys]

11 comentários

  • Flávio Furtado:

    O que sai mais barato, conseguir andar nessa velocidade toda, ou pagar a multinha?? rs

    • Cesar Grossmann:

      Mais barato é não ir mais rápido que o limite de velocidade da rua.

  • David Vasconcelos:

    Não vou tentar, mas a velocidade em m/s está errada, o correto seria 53 mil km/s.

  • Marcio Yonamine:

    tem também o tempo de exposição necessário para sensibilizar o filme ou o ccd. dependendo, todas as imagens ficam como essa aí em cima: borradas.

  • a sa:

    no Brasil os radares não pegam motos a mais de 240km/h, pelo menos moto mas carro ja não sei dizer

    • Augusto Cezar:

      Esse Fenômeno de não pegar a moto acima de 240 km/h provavelmente se deve ao fato da freqüência máxima que o circuito integrado opera, fazendo com que se tenha um tempo mínimo que o veículo tenha que estar sobre o sensor para ativar a chave do circuito, isso normalmente é necessário para o circuito não detectar qualquer interferência que o sensor receba, só não imaginava que seria uma velocidade baixa assim, se de moto 240 km/h não pega, de carro seria uns 400 km/h (depende do tamanho do carro)

  • Augusto Cezar:

    Não está sendo levado em consideração o tempo que se leva desde carro passar pelo sensor, o processador calcular a velocidade do carro e enviar o comando para a câmera e a câmera tirar a fotografia, que apesar de tudo isso ser extremamente rápido, com certeza a velocidade para escapar disso é bem menor que 1/6 da velocidade da luz

    • Danilo Freitas:

      Realmente. Para o reconhecimento do objeto, talvez essa velocidade seja necessária, mas até a programação atingir o comando para tirar a foto, deve ter dado umas frações de segundos em que essa velocidade toda n seja necessária, pois o carro não vai estar mais lá.
      Bem pensado.

    • Stallone Sylvester:

      pois é, se eu souber que velocidade é, eu posso escolher se acelero ou freio qdo ver um radar de surpresa =)

    • Joel da Costa:

      Em geral o veículo passa por um primeiro sensor, depois pelo segundo, que calcula o tempo em que ele passou do 1º ao 2º. Sendo constatada a velocidade acima da permitida mais a velocidade percentual de erro, a câmara é acionada e registra a infração de trânsito.
      Ainda bem que a velocidade estimada para se burlar a lei, mesmo que não seja tão exorbitante quanto à citada na matéria, é altíssima, pois se a margem fosse muito menor, muitos arriscariam a tentar essa “manobra”… (continua)

    • Fernando Lunkes:

      Lembrar q tem de ser levado em conta a velocidade q a camera do obturador aberto, é como se você batesse uma fotografia girando, vai ficar um borrão

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