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Seu nariz pode distinguir entre um trilhão de aromas diferentes

Temos fama de sermos “mau cheiradores”, especialmente em comparação com os animais. Já foi muito propagada a informação de que só podemos distinguir cerca de 10.000 aromas, número facilmente ofuscado pelo dos cães, que estimamos serem 1.000 a 10.000 vezes mais sensíveis do que nós, no que diz respeito ao olfato.

Pode ser indiscutível que os cachorros tenham um sentido superior de cheiro, mas uma nova pesquisa sugere que não somos tão ruins nisso, também.

Os “10 mil cheiros diferentes” foi um número basicamente inventado na década de 1920 – uma estimativa teórica que não teve como base quaisquer dados concretos. Um grupo de pesquisadores da Universidade Rockefeller (EUA) procurou descobrir rigorosamente qual o verdadeiro número de aromas que somos capazes de sentir – e a resposta é algo na ordem de um trilhão de diferentes cheiros.

Grande parte da razão que levou tanto tempo para medir com precisão a nossa sensibilidade ao cheiro é que é muito mais difícil fazer isso do que, digamos, testar a gama de comprimentos de onda de luz que o olho humano pode perceber, ou o intervalo de ondas sonoras que o ouvido humano pode ouvir.

Mas os pesquisadores tinham um palpite de que o número real era muito maior do que 10.000, porque foi documentado que os humanos têm mais de 400 receptores de cheiros diferentes, que trabalham em conjunto. Para efeito de comparação, os três receptores de luz no olho humano nos permitem ver um número estimado de 10 milhões de cores.

Observando que a grande maioria dos perfumes do mundo real são resultado de muitas moléculas misturadas entre si – o cheiro de uma rosa, por exemplo, é o resultado de 275 moléculas únicas combinadas -, os cientistas desenvolveram um método para testar seu palpite.

Eles trabalharam com um conjunto diversificado de 128 diferentes moléculas que atuam como odores, misturando-as em combinações únicas, de forma que produzissem cheiros estranhos. Ao misturar 10, 20 ou 30 tipos diferentes de moléculas em concentrações variadas, os pesquisadores puderam, teoricamente, produzir trilhões de diferentes aromas para testar os participantes.

Os cientistas pediram que eles determinassem qual de três frascos (dois com substâncias idênticas), continha uma mistura diferente. Cada participante foi exposto a cerca de 500 diferentes combinações odorantes, ou seja, alguns milhares de aromas.

Depois de analisar as taxas de sucesso dos participantes na hora de escolher os frascos diferentes, os autores do estudo determinaram que, em média, dois frascos tinham que conter pelo menos 49% de moléculas odoríferas diferentes para serem distinguidos de forma confiável.

Para colocar isso em palavras mais impressionantes, dois frascos podiam ser 51% idênticos, e os participantes ainda eram capazes de distingui-los.

Extrapolando isso para a quantidade total de combinações possíveis (das 128 moléculas utilizadas no experimento), os participantes foram capazes de distinguir entre pelo menos um trilhão de diferentes combinações de perfume.

De acordo com os pesquisadores, o número real é provavelmente muito maior, por causa das muitas mais moléculas que existem no mundo real. Nada mal, hein? [SmithsonianMag]

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