Thorin: O Neandertal Isolado por 50 mil Anos, Segundo Novo Estudo de DNA

Por , em 12.09.2024
Os pesquisadores utilizaram parte da raiz de um dos molares de Thorin para confirmar que ele era do sexo masculino e criar uma sequência completa de seu genoma, revelando que ele pertencia a uma linhagem de Neandertais isolada e até então desconhecida. (Crédito da imagem: Ludovik Slimak)

Thorin, o Neandertal que recebeu um apelido digno de O Hobbit de Tolkien, acaba de revelar segredos que estavam literalmente enterrados há milhares de anos. Recentemente, cientistas decifraram seu DNA, descobrindo que ele fazia parte de uma linhagem de Neandertais que viveu isolada por cerca de 50 mil anos. É como se Thorin e sua turma tivessem decidido dar um tempo da agitação pré-histórica — e que tempo!

Thorin, que viveu há cerca de 42 mil anos (ou, se preferir, 42 mil voltas ao redor do Sol), foi encontrado em 2015 no abrigo rochoso Grotte Mandrin, no sul da França. O lugar parece ter sido o lar de um grupo peculiar de Neandertais, que preferia viver isolado, enquanto outros grupos andavam por ali a apenas uns 30 km de distância, ou seja, uma caminhada de algumas horas — ou dias, se você fizer muitas pausas para caçar.

Segundo Ludovic Slimak, que liderou a equipe de pesquisadores nesse estudo, Thorin e seus colegas não só se mantiveram isolados geneticamente, como também seguiram seu próprio estilo de vida por milênios, sem adotar inovações vistas em outros grupos da época. Talvez tenham sido os primeiros a pensar: “Se está funcionando, para que mudar?”

Para sequenciar o DNA de Thorin, os pesquisadores usaram parte da raiz de um de seus molares, confirmando que ele era do sexo masculino. A análise revelou uma homozigose genética surpreendentemente alta — o que significa que o grupo de Thorin estava praticando a consanguinidade. Traduzindo: eles não se misturavam com outros Neandertais, muito menos com Homo sapiens.

De fato, ao comparar o genoma de Thorin com o de outros Neandertais da Europa, os pesquisadores notaram que ele era uma verdadeira cápsula do tempo genética. Seu grupo não trocou genes com Neandertais de outras regiões por cerca de 50 milênios.

Além de revelar essa distância genética, a datação dos restos de Thorin indica que ele foi um dos últimos Neandertais a viver antes de a espécie desaparecer. Cientistas acreditam que ele viveu entre 52 mil e 42 mil anos atrás, mas novas evidências sugerem que a data mais próxima é a correta, colocando Thorin e sua turma como uma das últimas comunidades a resistir antes da extinção.

O isolamento prolongado dessa linhagem levanta questões intrigantes sobre o desaparecimento dos Neandertais. A teoria de que os Homo sapiens foram os principais responsáveis pela extinção pode ter que ser repensada. Talvez a vida em pequenos grupos isolados tenha desempenhado um papel crucial no fim de Thorin e seus amigos. Afinal, viver em isolamento por 50 mil anos pode até ser impressionante, mas não parece ser uma boa estratégia de sobrevivência.

Thorin e sua história nos mostram que, em vez de uma única causa catastrófica, o desaparecimento dos Neandertais pode ter sido uma série de escolhas — ou circunstâncias — que os levaram a seguir um caminho de isolamento genético até o fim. Um fim solitário para um povo que estava apenas a alguns passos de uma nova era, mas decidiu, por algum motivo, não dar o salto.

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