Um buraco gigante na atmosfera marciana está lançando toda a sua água no espaço

Por , em 21.05.2019

Segundo um estudo realizado por uma equipe de cientistas russos e alemães, há um buraco na atmosfera marciana que se abre uma vez a cada dois anos.

Esse buraco lança o já limitado suprimento de água do planeta para o espaço, enquanto o restante vai parar nos polos de Marte.

Isso poderia explicar porque um planeta uma vez tão rico em água é hoje basicamente seco.

Ciclo da água em Marte

Da Terra, podemos ver que há vapor d’água na atmosfera marciana. Também podemos ver parte dessa água migrando para os polos do planeta.

Mas, até agora, não havia uma boa explicação para o funcionamento de tal estranho ciclo hidrológico marciano.

A presença de vapor acima da superfície de Marte é intrigante porque o Planeta Vermelho tem uma camada intermediária de atmosfera que deveria ser fria o suficiente para “desligar” tal ciclo.

Como, então, a água está cruzando essa barreira intermediária?

A resposta, de acordo com novas simulações computacionais, tem a ver com dois processos atmosféricos exclusivos do Planeta Vermelho.

Excentricidades marcianas

Na Terra, os verões do hemisfério norte e sul são bem parecidos. Este não é o caso em Marte, no entanto: a órbita do Planeta Vermelho é muito mais excêntrica do que a nossa e está significativamente mais próxima do sol durante o verão do hemisfério sul (que acontece uma vez a cada dois anos terrestres), por sua vez muito mais quente que o verão do hemisfério norte.

Quando isso acontece, de acordo com as simulações dos pesquisadores, um buraco se abre na atmosfera intermediária de Marte, entre 60 e 90 quilômetros de altitude, permitindo que o vapor d’água passe e escape para a atmosfera superior. Quando chega o verão do hemisfério norte, por sua vez, a falta de luz solar interrompe quase totalmente esse ciclo da água marciana.

Outra diferença é que o Planeta Vermelho é frequentemente atingido por tempestades gigantes de poeira. Essas tempestades esfriam sua superfície, bloqueando a luz. A luz bloqueada fica presa na atmosfera, aquecendo-a e criando condições adequadas para movimentar a água.

Sob condições globais de tempestade de poeira, como a que envolveu Marte em 2017, pequenas partículas de gelo se formam em torno das partículas de poeira. Essas partículas de gelo leves flutuam na atmosfera superior com mais facilidade do que outras formas de água, então, durante esses períodos, mais água se move para lá. E as tempestades de poeira podem mover ainda mais água para a atmosfera superior durante os verões do sul.

Um buraco na atmosfera sugando água para fora de Marte

Uma vez que a água atravessa a camada intermediária da atmosfera, apenas uma parte se desloca para o norte e o sul, em direção aos polos, onde é eventualmente depositada.

O restante “evapora”. A luz ultravioleta na alta atmosfera pode romper as ligações entre o oxigênio e o hidrogênio nas moléculas, fazendo com que o hidrogênio escape para o espaço, deixando o oxigênio para trás.

Esse processo pode ser parte da história de como Marte se tornou tão seco em sua época atual.

Um artigo sobre o estudo foi publicado na revista científica Geophysical Research Letters. [LiveScience]

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