Uma lição de adaptação: pesquisa aponta que pessoas “trancadas no corpo” são felizes

Por , em 24.02.2011

Imagine que você está completamente paralisado, mas ainda tem todas as suas faculdades mentais. Você pode se comunicar apenas rudimentarmente ou com movimentos limitados, tais como piscar ou mover os olhos. Você não estaria muito feliz, certo?

Errado. Provavelmente você estaria. Segundo uma nova pesquisa, ao contrário da suposição geral, a felicidade é a norma entre as pessoas com síndrome do encarceramento (LIS).

Os pesquisadores descobriram que 72% das pessoas com LIS estavam felizes com a sua sorte. Muitos classificaram a sua qualidade de vida melhor do que os próprios pesquisadores teriam classificado.

Mas nem tudo são rosas. Há de se lembrar que 168 pessoas foram convidadas para responder a pesquisa, e apenas 91 concordaram. Também, pode ser que os mais motivados e ansiosos em participar tenham enviesado os resultados. E, como os voluntários tinham de completar os questionários em cooperação com os seus cuidadores, talvez tenham respondido melhor do que gostariam em nome da lealdade.

Além disso, nem todos os entrevistados estavam satisfeitos. Os restantes 28% expressaram insatisfação com sua situação, e destes, 86% disseram que preferiam não ser ressuscitados depois de um ataque cardíaco, em comparação com apenas menos da metade dos participantes “felizes”.

Apesar dessas ressalvas, os pesquisadores acreditam que os resultados são representativos. Eles acreditam que, mesmo surpreendente para quem olha de fora, esses pacientes têm uma enorme capacidade de se adaptar à nova condição e começar um novo capítulo na vida.

De todos os entrevistados, somente 7% desejavam a eutanásia. Além disso, os infelizes são normalmente os “novatos” na situação, o que sugere que, a dado momento, as pessoas com LIS se adaptam e se tornam mais confortáveis com seu destino.

Até por isso é importante que se aguarde um período quando novos pacientes pedem a eutanásia (nos países que a permitem), até que eles se estabilizem, tanto física quanto psicologicamente.

A felicidade reina, mas a pesquisa descobriu descontentamentos. Apenas 21% dos participantes estavam empenhados em atividades de valor a maior parte do dia. Mais de 40% queriam atividades mais sociais e 12% mais oportunidades de lazer.

Os infelizes expressaram que gostariam de mais interação e mobilidade, mais lazer e uma melhor recuperação da fala. Eles também apresentaram mais ansiedade do que os felizes.

Saber disso pode ajudar. Os pesquisadores sugerem mudanças como o acesso à mobilidade na comunidade em que eles vivem, tratamentos de recuperação da fala e de ansiedade, etc.

Além disso, tais desconfortos podem realmente melhorar com a tecnologia. Dispositivos de comunicação auxiliada como interfaces cérebro-computador e aparelhos de rastreamento do olhar vão tornar a vida dessas pessoas mais dinâmica.

Quanto ao estudo, como os participantes eram membros de uma associação que apóia as pessoas com a doença, não é possível saber as respostas teriam sido tão positivas em outras situações, já que um dos principais desafios é reduzir o isolamento destas pessoas.

Ainda assim, a principal mensagem da pesquisa é que as pessoas sempre podem se adaptar, encontrar significado e ser feliz em qualquer situação.[NewScientist]

13 comentários

  • Bruna:

    No minimo os votos positivos do marcio e do marcos foram eles mesmo que votaram D:

    • Marcos Souza:

      Errado Bruna, quem votou positivo para mim foi outra pessoa… Beijo mãe !!!

      Mas que o Márcio estava errado estava =P

  • DouglasLK:

    Na minah opinião essa é uma das piores torturas que pode existir, perder completamente sua autonomia e liberdade.

  • Andrew:

    Marcos Souza e Márcio

    Huahuahuahua! Aposto que são jovens, e como tal, são infantis e competitivos, ninguem nunca vai admitir a derrota! Como eu sei? Tambem sou! rsrs

  • Marcos Souza:

    Márcio,

    Você poderia me dizer qual foi exatamente o meu erro?

    Eu defendi apenas o seguinte argumento:

    – Você interpretou errado o texto, dizendo que a maioria esmagadora dos entrevistados não gostariam de ser ressuscitados, quando na verdade os que não gostariam de ser ressuscitados são maioria apenas entre os INFELIZES.

    Pode apontar onde está o meu erro e justificar por favor?

  • ZEUS:

    é complicado viver assim…

  • Márcio:

    Marcos Souza,

    Você enfraquece seu próprio argumento batendo na mesma tecla. Mesmo que a maioria seja “esmagadora” apenas nos pacientes deprimidos, continua sendo maioria também na população total, e isso é algo que você não percebeu ao escrever:
    “Vc não leu direito… os que prefeririam não ser ressucitados são maioria apenas entre aqueles que se diziam INFELIZES…”
    Portanto, quanto mais você fala, mais você invalida o que disse. Ou será que você reconheceu seu erro com aquele “OK” ali embaixo?
    Seja obediente com sua própria ordem e assuma o seu erro.

  • Marcos Souza:

    Márcio,

    OK, mas 57% não são a “Maioria Esmagadora” como vc havia dito. Sabemos que vc estava se referindo erroneamente aos 86% citados no texto. Seja humilde e admita o erro.

    Abraço.

  • Márcio:

    Marcos Souza,

    Li perfeitamente. De 91 entrevistados, 72%, ou 65 deles, se sentem satisfeitos, mas menos da metade não gostaria de ser ressucitado. Vou arredondar para 30. Dos 28% deprimidos, ou 26 deles, 86% não gostaria de ser ressucitado. Ou seja, aproximadamente 22. Então são 52 pacientes que não querem ser ressucitados, isto é, 57% de todos os entrevistados.
    Continua sendo a maioria…

  • Marcos Souza:

    Márcio,

    Vc não leu direito… os que prefeririam não ser ressucitados são maioria apenas entre aqueles que se diziam INFELIZES…

    Mas concordo que a pesquisa é viesada… as conclusões não são tão conclusivas assim =P

  • Hugo:

    Flor de Lys,

    mas o que seria felicidade se não a conformidade com várias facetas da vida?

  • Flor de Lys:

    Não chamaria de felizes… a palavra seria CONFORMADOS… felicidade é ter plena autonomia de fazer tudo o que uma pessoa normal faz. Já pensou se privar de ter uma vida afetiva, profissional, praticar esportes, caminhar…?

  • Márcio:

    Poxa, mas que conclusão se pode tirar dessa experiência? Com tantas ressalvas, quase metade não quis participar, os cuidadores, que respondem, vão querer que seus pacientes expressem a máxima felicidade, maioria esmagadora não gostaria de ser ressucitado e todos fazem parte de um grupo com viés tendencioso (apoio às pessoas com essa doença).
    Não foi dessa vez que descobriram se esses pacientes são mesmo felizes ou não.

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