Vencedores do Prêmio IgNobel: 10 contribuições divertidas à ciência
Todos os anos, na Noruega, Prêmios Nobel são atribuídos a cientistas que contribuem de forma notável para o conhecimento humano.
Também a cada ano, mas em uma cerimônia muito menos formal em Cambridge, Massachusetts, o prêmio “Ig Nobel” é dado aos cientistas que fizeram excelentes, mas também hilárias, contribuições para vários campos científicos.
Quer conhecer os vencedores desse ano? Que rufem os tambores!
No ano passado, dois grupos separados estudaram como a vontade urgente de fazer xixi pode afetar a tomada de decisão de uma pessoa. O primeiro grupo descobriu que as pessoas são menos impulsivas e, assim, tomam as melhores decisões quando elas têm uma certa vontade de fazer xixi. O segundo grupo descobriu que quando as pessoas realmente, realmente têm que fazer xixi, suas capacidades cognitivas caem e elas se tornam quase incapazes de lembrar de coisas simples, como uma pequena sequência de cartas.
Uma pesquisadora do primeiro grupo acha que as pessoas tomam boas decisões quando têm uma certa vontade urinar e então suas decisões ficam muito piores quando essa vontade se acentua. Uma curva em U ao contrário.
Estudar as pessoas quando elas precisam urinar é uma boa maneira de investigar os efeitos cognitivos da dor. Porque a dor pode ser aliviada com o abrir de um zíper e porque é o tipo de dor que estamos todos, pelo menos um pouco, familiarizados é uma boa ferramenta de pesquisa humana.
Vinte anos atrás, dois biólogos, Darryl Gwynne e David Rentz, notaram uma grande quantidade de besouros machos tentando acasalar com garrafas de cerveja de uma marca específica, que muitas vezes eram espalhadas ao lado da estrada. Os besouros estavam tão desesperados para acasalar com as garrafas que eles muitas vezes acabavam sendo mortos por formigas. Mas as carcaças dos besouros não assustavam outros e outros pretendentes.
Os biológos perceberam que as garrafas de cerveja eram exatamente da mesma cor que os besouros fêmeas da mesma espécie e os buracos no fundo da garrafa se assemelhavam a um padrão encontrado nas fêmeas. Estas duas coincidências foram suficientes para atrair os machos, que são programados pela evolução para buscar o maior número de “besouras” que possam encontrar – mesmo que isso signifique uma garrafa. Os biólogos suspeitam que os machos podem se dar ao luxo de cometer erros sexuais, porque eles têm uma grande quantidade de espermatozóides, enquanto as fêmeas cometem poucos dessas erros, já que elas têm ovos limitados.
Os pesquisadores escreveram uma carta para a empresa de cerveja em questão e contaram sua descoberta. Não houve resposta. Finalmente, 20 anos depois, eles obtiveram o reconhecimento que merecem.
Apesar das frases comumente proferidas, nós realmente não suspiramos de alívio. Nós também não suspiramos quando estamos tristes, como as definições de dicionário nos querem fazer crer. Na verdade, nós só suspiramos quando estamos prontos para desistir, como foi descoberto pelo norueguês Karl Teigen.
Percebendo que não havia psicólogos que estudaram a causa emocional de suspiros, Teigen investigou os suspiros em uma série de experimentos. Ele descobriu que quando as pessoas viam alguém suspirando, elas quase sempre partiam do princípio de que essa pessoa estava se sentindo triste. Porém, quando questionadas, as pessoas suspiradoras disseram que era porque elas estavam prontas para jogar a toalha.
Em suma, independentemente da forma como os seres humanos assimilam os pensamentos e sentimentos dos outros, as pessoas interpretam completamente mal a razão de um suspiro.
Para provar que o suspiro está vinculado à frustração e desistência, Teigen fez um experimento pedindo aos participantes que tentassem resolver um quebra-cabeça insolúvel. Resultados? Eles tentaram e suspiraram, tentaram e suspiraram. A pesquisa rendeu a Teigen um Prêmido Ig Nobel de 2011.
Arturas Zuokas, o prefeito de Vilnius, Lituânia, recebeu o Prêmio Ig Nobel da Paz este ano. Para impedir que as pessoas estacionassem seus carros de forma ilegal nas ruas de sua cidade, ele começou uma campanha viral de vídeo em que ele mesmo dirigia um tanque blindado, que passava por cima de um Mercedes que (ilegalmente) bloqueava uma ciclovia. O vídeo é muito popular no mundo todo. No Youtube, tem quase 7 milhões de acessos. E melhor ainda, a campanha funcionou – com os motoristas mais conscientes de suas ações, a cidade de Vilnius está vendo o problema do estacionamento ilegal quase reprimido.
Muito wasabi em seu sushi irá te manter acordado, de olhos bem abertos. Agora, sabemos também que ele pode te acordar durante um incêndio. Um grupo de cientistas no Japão recebeu o Prêmio Ig Nobel de Química por ter inventado um “alarme wasabi” que pulveriza partículas do tempero após a detecção de fogo, a fim de despertar do sono das pessoas. Eles ainda descobriram a densidade ideal do wasabi que deve ser usada. Afinal, muito wasabi no ar faria por si mesmo uma situação de emergência.
A próxima aplicação será usar spray de wasabi para reduzir o cheiro desconfortável dos sapatos.
Na década de 1960, John Sanders foi pioneiro no estudo de distração ao volante, em uma experiência que certamente não obteria aprovação hoje. Ele construiu um capacete com um visor que o portador pode subir ou descer à vontade, e que eram utilizados ao dirigir um carro. Participantes foram instruídos a manter o visor abaixado – dirigindo cegamente – até que eles sentissem a necessidade de ver a estrada à sua frente, momento em que eles levantavam a viseira até que se sentissem confortáveis para baixá-la novamente.
Ao medir a quantidade de tempo que os motoristas gastavam levantando e baixando as viseiras e comparando com a quantidade de tráfego na estrada, Senders descobriu que motoristas precisam prestar mais atenção à estrada quanto mais ocupados estiverem. Isso pode parecer exatamente o que era de se esperar – mas os pesquisadores reuniram dados para provar isso.
Por assumir riscos, a fim de obter uma compreensão científica do quanto as pessoas devem gastar com a atenção à estrada a fim de dirigir com segurança, Senders foi agraciado com o Prêmio Ig Nobel de Segurança Pública.
O bocejo é contagioso – em seres humanos, é mesmo. Biólogos que trabalham na Universidade Leopold Franzens, na Áustria, mostraram que o bocejo não é contagioso entre as tartarugas de pé vermelho.
Por que, você pode se perguntar, esta questão foi investigada? Bem, os cientistas ficaram interessados em descobrir se a inteligência social em humanos evoluiu porque somos animais sociais ou se a inteligência social é aprendida. A tartaruga é um modelo ideal porque é completamente solitária. Então veio a pergunta: é necessário ter comportamento social para ter inteligência social?
Os resultados foram mistos. Em um experimento, as tartarugas junto com outras tartarugas pela primeira vez em suas vidas aprenderam a olhar para onde suas parceiras estavam olhando – um tipo de inteligência social. No entanto, eles não bocejam quando outras tartarugas bocejam. Isso porque o bocejo é uma forma superior de inteligência social.
Os prêmios de matemática foram entregues a um número de pessoas que tinham, em vários momentos no passado, errôneamente previsto o fim do mundo. Harold Camping, o apresentador de um talk show, que interpretou numericamente a Bíblia, chegou a prever que o fim do mundo viria em 21 de maio de 2011. O Comitê Ig Nobel recebeu o prêmio para esses que previram o Juízo Final, para ensinar ao mundo que é preciso ter cuidado ao fazer suposições matemáticas e cálculos.
Nenhum dos homenageados da matemática aceitou os convites para participar da cerimônia.
Um grupo de físicos na Holanda escreveu um artigo explicando porque arremessadores de discos sentem tonturas enquanto atiradores de martelo não. O trabalho lhe valeu um lugarzinho do Comitê Ig Nobel.
Se você quiser ser um grande realizador, mas tende a procrastinar, experimente trabalhar em algo importante, como forma de evitar que se façam coisas ainda mais importantes. Essa é a lição de John Perry, vencedor do Prêmio Ig Nobel de Literatura, cujos conselhos sobre “procrastinação estruturada” foram publicados na década de 90. [Life’sLitlleMysteries]
8 comentários
Putz.. A do bocejo da tartaruga do pé vermelho foi demais, hein!! Ainda mais que não chegaram a nenhuma conclusão *_*
Porque arremessadores de discos sentem tonturas enquanto atiradores de martelo não. Link
http://informahealthcare.com/doi/abs/10.1080/000164800750000621
Muito massa!!!!
simplesmente hilariante kkk
legal mesmo
isso e mesmo de loucos…
“Um grupo de físicos na Holanda escreveu um artigo explicando porque arremessadores de discos sentem tonturas enquanto atiradores de martelo não.”
Não sei porque, mas gostaria muito de saber o porquê disso…
Afinal porque arremessadores de discos sentem tonturas enquanto atiradores de martelo não? 😛