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10 fatos incríveis sobre a vida no espaço

Viver no espaço é o maior sonho da ficção científica. E também é o sonho que diversos homens e mulheres corajosos foram capazes de realizar, graças às muitas missões espaciais organizadas por nós, seres humanos. No entanto, é fácil esquecer que os astronautas não passam o tempo todo participando de empolgantes experimentos científicos ou se divertindo dando cambalhotas sem a gravidade da Terra. Durante suas missões, eles têm de se ajustar a uma maneira muito (mais muito mesmo) diferente de viver.

Como é a vida no espaço?

10. Mudanças físicas


O corpo humano começa a se comportar de forma estranha na microgravidade do espaço. A coluna vertebral, livre da tração constante da Terra, imediatamente começa a se endireitar. Isto pode adicionar até 5,7 centímetros na altura de uma pessoa. Os órgãos internos se deslocam para cima no interior do tronco, o que diminui a medida da cintura em vários centímetros.

O sistema cardiovascular altera a aparência da pessoa ainda mais. Uma vez que a gravidade é removida, os poderosos músculos das pernas (que empurram o sangue para cima, contra a gravidade) continuam a forçar o sangue e outros fluidos para a parte superior do corpo. Essa nova distribuição de líquidos faz com que o tronco inche consideravelmente, ao mesmo tempo em que deixa as pernas perceptivelmente menores. A NASA brinca ao chamar esse fenômeno de “pernas de frango”.

Essencialmente, um ser humano normal se transforma em um homem forte dos desenhos animados com pequenas pernas de pau, cintura fina e a parte superior do corpo desproporcionalmente grande. Mesmo as características faciais viram de desenho animado, já que o alto fluxo de sangue na parte superior do corpo dá a pessoa um rosto bem inchado. Tudo isso pode parecer perturbador, mas na verdade é bastante inofensivo.

9. Síndrome de adaptação ao espaço


Essa curiosa síndrome se resume a dois ou três dias de uma doença horrível que começa quando a gravidade desaparece. Cerca de 80% de todas as pessoas que se aventuram no espaço sofrem com ela. Uma vez que o corpo não pesa nada em ambiente de microgravidade, o cérebro fica confuso. Nossa orientação espacial (a forma como os nossos olhos e o nosso cérebro sabem onde tudo está localizado) depende muito da gravidade. Quando ela vai embora, nosso cérebro não percebe o que está acontecendo, e as mudanças pelas quais o corpo passa só ajudam a aumentar a confusão.

O cérebro lida com isso simplesmente deixando a pessoa terrivelmente doente. Os sintomas podem incluir tudo, desde náuseas e ligeiro desconforto a vômitos incontroláveis e terríveis alucinações. Embora a medicação comum contra enjoo possa auxiliar, geralmente é preferível que o organismo se ajuste naturalmente.

O ex-senador dos EUA e ex-astronauta Jake Garn detém o recorde do pior caso de síndrome de adaptação ao espaço da história. Não está claro o quão doente ele realmente estava, mas seu companheiro de tripulação não gosta de tocar no assunto e justifica dizendo que “não devemos contar histórias como essa”. Em sua homenagem, o Corpo de Astronautas ainda usa a extra-oficial “Escala Garn”, em que 1 Garn significa um estado de total e absoluta incompetência devido à doença. Felizmente, a maioria das pessoas nunca alcança níveis acima de 0,1 Garn.

8. Problemas ao dormir


Engana-se quem imagina que seja fácil dormir no escuro tranquilo do espaço sideral. Na realidade, muito pelo contrário, trata-se de uma tarefa bastante complicada. O astronauta deve se afivelar a um beliche, a fim de evitar flutuar durante a noite e ficar batendo nos objetos. Uma nave espacial possui apenas quatro beliches, o que significa que, em missões com mais pessoas, alguns astronautas devem usar um saco de dormir amarrado a uma parede, ou mesmo apenas uma cadeira. Quando os viajantes chegam a uma estação espacial, as coisas ficam um pouco mais confortáveis: há duas cabines para uma pessoa com grandes janelas com vista para o espaço.

Viver no espaço (pelo menos para a pequena parte dos seres humanos que já passou por isso) também pode causar grandes perturbações nos padrões de sono. A Estação Espacial Internacional está posicionada de tal forma que o local vivencia um “nascer do sol” e um “por do sol” cerca de 16 vezes por dia. Muitos levam um longo tempo para se adaptar a esses “dias de uma hora e meia”.

Outro problema igualmente grande é que o interior das naves e estações espaciais são, na verdade, muito barulhentos. São filtros, ventiladores e motores constantemente zumbindo em torno de você. Até que os astronautas se acostumem com o barulho, mesmo tampões de ouvido e pílulas para dormir às vezes não são o suficiente para abafá-lo.

O lado positivo é que a qualidade do sono no espaço é realmente muito melhor do que na Terra. Cientistas já descobriram que dormir em um ambiente sem gravidade reduz a apneia do sono e o ronco, o que resulta em um sono muito mais tranquilo para todos os integrantes da expedição.

7. Problemas com a higiene pessoal


Quando imaginamos os heroicos astronautas em suas missões, a higiene deles pode não ser a primeira coisa que surge em nossas mentes – e nem deve. Ainda assim, imagine um grupo de pessoas que vive em um espaço fechado por um longo período de tempo, e é fácil ver por que os astronautas precisam levar sua higiene pessoal a sério.

Chuveiros não são, obviamente, uma opção em um ambiente sem gravidade. Mesmo se houvese água o bastante a bordo, ela iria apenas se ater ao seu corpo ou flutuar em pequenos glóbulos. É por isso que cada astronauta possui um kit de higiene especial (pente, escova de dentes e outros itens que podem ser encaixados em armários, paredes e outros acessórios para que não fiquem flutuando por aí).

Os astronautas lavam os cabelos com um xampu especial, sem enxaguamento, originalmente desenvolvido para pacientes inconscientes de hospitais. Também lavam os corpos com esponjas. Os astronautas fazem a barba e escovam os dentes da mesma forma que nós fazemos aqui na Terra, exceto pelo fato de que têm que ser extremamente cuidadosos. Se até mesmo um pelo de barba escapa, ele pode acabar indo parar no olho de um colega (ou, pior ainda, obstruir uma parte importante das máquinas e causar algum perigo).

6. A privada


A pergunta mais comum que as pessoas que foram para o espaço escutam, surpreendentemente, não é “Qual é a aparência da Terra?” ou “Qual é a sensação de estar na gravidade zero?”, mas sim “Como você fez para ir ao banheiro?”. É um boa pergunta, e as agências espaciais já gastaram incontáveis horas tentando agilizar o processo.

Os primeiros sanitários do espaço eram operados por um mecanismo simples: o ar sugava os excrementos para um recipiente específico. Já inventaram também um tubo de vácuo especial para urinar. Como mostrado no filme “Apollo 13”, a urina desse tubo era esvaziada diretamente no espaço.

Um dos sistemas mais importantes do vaso foi o de filtragem de ar. O ar que carregava os excrementos era o mesmo ar utilizado para respirar, então dá para perceber como qualquer mal funcionamento dos filtros poderia tornar o ambiente ainda mais desconfortável para todos.

Com o tempo, os acessórios ficaram mais diversificados. Como as mulheres passaram a frequentar naves espaciais, um novo sistema de coleta de urina foi criada. Os métodos de armazenamento e os sistemas de gestão de resíduos foram adicionados e melhorados. Hoje em dia, alguns banheiros espaciais são tão sofisticados que podem até mesmo reciclar a urina e transformá-la em água potável para a própria equipe beber.

Quer saber de um fato divertido para constranger seu amigo astronauta? As pessoas que vão para o espaço precisam praticar o uso de um banheiro espacial com um dispositivo especial chamado de “posicional trainer” (treinador de posição), um posicionador com uma câmera em seu aro. Isso mesmo que você está pensando, o astronauta tem que sentar corretamente, enquanto assiste a si próprio, nu, no monitor. Esse é tido como um dos “mais profundos e mais escuros segredos sobre o exploração espacial”.

5. As roupas


A mais famosa peça de roupa do espaço é, obviamente, o traje espacial. Estes vêm em muitos tamanhos, cores e formas, desde o primitivo SK-1, o conjunto usado por Yuri Gagarin, até os mais novos AX-5 rígidos da NASA. Os trajes médios pesam cerca de 120 quilos (em gravidade normal) e é necessário perto de 45 minutos para que o astronauta entre em um deles.

Entretanto, existem muitas outras coisas sobre o vestuário espacial que merecem atenção. A vida no espaço exige um guarda-roupa muito menor do que na Terra. Afinal de contas, como é que uma pessoa pode se sujar? Você raramente sai (e se o fizer, há um traje especial para isso), e os interiores do ônibus ou estação estão sempre totalmente limpos. Você também sua muito menos, uma vez que há muito pouco esforço físico em gravidade zero. As tripulações espaciais costumam trocar de roupa a cada três dias.

As roupas também têm desempenhado um papel importante na luta da NASA para lidar com dejetos humanos. O plano original era possuir instalações sanitárias diretamente nos trajes espaciais. Quando se percebeu que era impossível, a agência criou uma roupa especial de máxima absorção, para servir como banheiro de emergência dos astronautas. Na verdade, trata-se de uma bermuda de alta tecnologia que pode conter até cerca de dois litros de líquido.

4. Atrofia


Embora as proporções do corpo dos astronautas os deixem mais parecidos com o Super-Homem, a microgravidade não nos faz mais fortes. Na verdade, é o oposto. Na Terra, estamos constantemente utilizando nossos músculos, mesmo sem perceber: não só para levantar coisas e se movimentar, mas simplesmente para lutar contra a gravidade. No espaço, a falta de atividade muscular em um ambiente sem gravidade logo leva à atrofia muscular (os músculos começam a ficar menores e mais fracos). Com o tempo, até mesmo a espinha e os ossos ficam mais fracos, porque eles não precisam mais suportar nenhum peso.

Para combater essa degeneração e manter a sua massa muscular, um morador espaço precisa se exercitar muito mais do que seu colga de trabalho bombado. A tripulação da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês) é obrigada a fazer atividades físicas em uma academia espacial durante duas horas e meia por dia.

3. Flatulência


A flatulência, aqui na Terra, geralmente é desagradável e constrangedora. Quando você está no espaço, ela pode se tornar um perigo real de saúde. Pelo menos foi isso que pensou a NASA em 1969, quando produziu um estudo chamado “O hidrogênio e o metano presente no intestino de homens alimentados por uma dieta espacial”. Isso pode parecer divertido, mas a preocupação era muito real e legítima.

A flatulência é muito mais do que apenas um mau cheiro. Ela produz quantidades significativas de metano e hidrogênio, ambos gases inflamáveis. A segunda parte do problema é que o alimento consumido no espaço é muito diferente da dieta que comemos aqui na Terra. Pesquisar revelaram que a comida com a qual os primeiros astronautas eram alimentados causavam gases, e essa desenfreada flatulência era tida como um risco de explosão muito real. Por isso, alguns pobres cientistas tiveram de analisar os gases dos viajantes a fim de criar uma dieta que causasse menos deles.

Atualmente, a flatulência não é tratada como um risco para a vida no espaço. Ainda assim, é bom prestar atenção ao que você come no ambiente fechado de uma nave espacial. Ninguém gosta de um cara com flatulência durante meses a fio trancado numa espaçonave.

2. O espaço pode estragar seu cérebro


Os astronautas são geralmente muito resistentes à pressão psicológica; afinal, as agências espaciais submetem suas equipes a testes para garantir que as pessoas possam suportar o estresse e que não vão enlouquecer durante uma missão.

Ainda assim, viver no espaço pode ser bem perigoso para o cérebro. Na verdade, o próprio espaço pode causar sérios problemas para as pessoas que vivem lá por um longo período de tempo. O vilão é a radiação cósmica, que essencialmente faz do espaço um grande forno de micro-ondas de baixa intensidade eternamente ligado.

A atmosfera da Terra nos protege da radiação cósmica. Porém, uma vez que você está fora dela, não há proteção efetiva. Quanto mais tempo uma pessoa passa no espaço, mais o seu cérebro é afetado pela radiação. Entre outras coisas, isso pode acelerar o aparecimento da doença de Alzheimer. Ou seja, quando a humanidade finalmente se propuser a conquistar Marte e outros planetas, essa viagem poderá causar danos irreparáveis ao nosso cérebro.

1. Micróbios monstruosos


Casas “doentes” são edifícios que sofrem de um problema generalizado de mofo, o que gera, portanto, um risco à saúde dos seus habitantes. Eles não são agradáveis para se viver, mas pelo menos o morador pode sempre mudar para um novo local ou sair para respirar um pouco de ar fresco.

Naves e estações espaciais “doentes”, todavia, não têm essa opção. Mofo, micróbios, bactérias e fungos são um problema sério no espaço. Quando em grandes quantidades, podem danificar determinados equipamentos, além de causar riscos à saúde de seus ocupantes. Não importa quão bem os locais são desinfetados antes de saírem da atmosfera, essas criaturinhas sempre encontram uma maneira de sobreviver.

Uma vez no espaço, eles param de agir como micróbios comuns e se transformam em algo saído de um videogame. Eles se desenvolvem na umidade e eventualmente acabam se condensando em glóbulos flutuantes de água infestada de micróbios. Essas concentrações flutuantes de água podem alcançar o tamanho de uma bola de basquete e possuem tantos micróbios perigosos que podem degradar até mesmo aço inoxidável. Isso faz deles um terrível perigo para a tripulação e para a própria estação espacial, se as medidas de segurança apropriadas não forem aplicadas. [Listverse]

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