“Passaporte biológico”: o passaporte para uma Olimpíada livre de drogas
Os Jogos Olímpicos de 2012 em Londres serão os primeiros jogos a usar um “passaporte biológico” para tentar impedir fraudes de drogas.
O Comitê Olímpico Internacional confirmou que alguns concorrentes no ciclismo, remo, atletismo e triátlon estarão usando os passaportes, que são um registro da fisiologia de um atleta com base em marcadores chave no seu sangue.
Simplificando, o passaporte é um registro contínuo de variáveis eletrônicas no sangue de um atleta. Ao monitorar mudanças nessas variáveis, os pesquisadores podem determinar se um concorrente está usando substâncias ou práticas ilegais.
Ninguém alega que o passaporte é a chave para o esporte honesto, mas os cientistas que trabalham no campo estão confiantes de que o conceito pode ajudar a manter os Jogos Olímpicos de Londres livres de drogas.
Alguns pesquisadores acreditam que a introdução dos passaportes é um grande avanço, pois eles captam mesmo mudanças imperceptíveis em um concorrente. Já os críticos argumentam que o passaporte é uma burocracia cara que não pode impedir certas fraudes.
Muitos comentaristas afirmaram que o Tour de France desse ano foi a corrida de ciclismo mais competitiva e aberta dos últimos anos. Por um longo tempo, o ciclismo profissional foi o esporte mais associado com doping. Isso começou a mudar em 2008, por causa da introdução do passaporte biológico. Esse é um dos fatores que faz os cientistas acreditarem que a tecnologia pode funcionar nas Olimpíadas.
Michael Stow é um dos encarregados de monitorar e analisar os passaportes biológicos de alguns atletas britânicos. “Algumas das variáveis-chave são hematócritos, hemoglobinas e reticulócitos; são indicadores de que alguém tentou manipular a sua capacidade de transporte de oxigênio, o que pode ser sinal de doping com eritropoietina ou de uma transfusão de sangue. Através de mudanças nestas variáveis podemos saber que talvez alguém esteja cometendo uma ilegalidade”, explica.
Ainda não está claro como o passaporte será implantado de forma mais ampla pelo Comitê Olímpico Internacional, que tem a responsabilidade antidoping durante os jogos. Mas Michael Stow acredita que a técnica provavelmente será usada para fazer testes mais eficazes.
Apesar de seus aclamados benefícios, o passaporte não é universalmente amado. Os críticos dizem que é muito caro (cerca de 7,68 milhões de reais), além de cientistas australianos terem mostrado que é possível melhorar o desempenho tomando microdoses de drogas sem alterar o perfil mostrado pelo passaporte.
Há também questões sobre o status legal do passaporte. Anteriormente, os cientistas analisavam uma amostra e tinham que nomear a substância dopante para declarar doping. Com o passaporte, as sanções podem ser impostas com base em mudanças no perfil que os cientistas pensam que são indicativos de doping.
Cientistas também se preocupam com o impacto sobre os direitos humanos de um atleta. É difícil justificar violações de privacidade com referências a alguma noção de justiça e igualdade no esporte.
Legalmente, os únicos argumentos que valem tem que ser relacionados com a saúde. Se estes não podem ser justificados, o passaporte pode ser negado por motivos de privacidade.
De fato, as federações desportivas em todo o mundo têm sido muito cuidadosas em acusar atletas com base em discrepâncias no seu passaporte.
Até o momento, apenas alguns processos foram levados adiante, quase todos envolvendo ciclistas. Outro caso de grande repercussão envolveu a campeã de patinação olímpica Claudia Pechstein.
Graças a esses casos, os cientistas estão trabalhando para adicionar perfis de esteroides e hormônios ao conceito do passaporte. Isso não deverá estar pronto a tempo para as Olimpíadas de Londres, mas, de acordo com Michael Stow, iria expandir substancialmente o poder do passaporte e o número de esportes onde seria eficaz.
“Hoje, só observamos hemoglobina e marcadores ligados ao sangue e ao perfil de sangue. Seria muito mais eficaz se pudéssemos observar concentrações de testosterona e epitestosterona, metabólitos de esteroides, IGF1 e P3NP, que são marcadores de hormônios do crescimento”, argumenta.
De qualquer forma, os jogos de Londres prometem serem os mais bem testados da história, e o passaporte biológico vai desempenhar algum papel nisso.[BBC]
3 comentários
porque nao inventam isso
Poquê não inventam tipo um passaporte como este, pra por exemplo pegar um onibus, ir no cinema ou algo essencial para outros tipos de drogas, ja que não da pra acabar com as droga, poderia isolar o viciado a tal ponto que ele se sentiria obrigado a largar o vicio,e depois quem sabe um mundo realmente livre das drogas.
Achei seu comentário totalmente inapropriado e perverso !! Adolf Hitler teria adorado.