Estudos de Gênero: 6 razões pelas quais as Meninas Superpoderosas dão uma aula

Por , em 3.11.2013

Tudo bem, as Meninas Superpoderosas foram feitas da forma mais estereotipada possível: açúcar, tempero e tudo que há de bom. Mas o elemento X transformou as três Meninas Superpoderosas em máquinas de dar surra em vilões. E o que pouca gente percebe é que elas também começaram a quebrar as expectativas dos papéis de mulheres e homens em nossa sociedade.

Eis 6 razões pelas quais as Meninas Superpoderosas foram sua introdução inconsciente à igualdade entre os sexos e poderiam ter substituído qualquer aula de Estudos de Gênero:

6. Os personagens frequentemente se travestiam do outro sexo

Estudos de Gênero
Se você não se lembra, o Professor vivia vestido de menina, com direito a mania chiquinha e tudo, imitando a Lindinha.
Estudos de Gênero
E a própria Lindinha adorava se vestir de homem, num cosplay do Prefeito.
Estudos de Gênero
Esse cara se transvestiu de Florzinha e ninguém notou.
Estudos de Gênero
Na realidade, todo mundo achava que poderia muito bem se fantasiar de Florzinha. Pelo jeito, os habitantes de Townsville não ficavam nem um pouco chocados com os pelos no corpo de uma mulher. Outra lição de Estudos de Gênero. Além disso, o Professor era visto, várias vezes, usando maquiagem.
Estudos de Gênero
E ficava ótimo imitando a senhorita Sara Bellum (lembram-se dela?).
Estudos de Gênero
Até o eterno rival das adoráveis meninas, o Macaco Louco (melhor nome de personagem de desenho da história), entrou na dança. Ele se encaixou perfeitamente no papel de amiga das Meninas Superpoderosas ao entrar como penetra em uma de suas festas do pijama.
Estudos de Gênero

5. As meninas tinham o cuidado de manter a mente aberta sobre gêneros

Diversos trechos do desenho deixam clara essa posição até certo ponto de vanguarda para um programa infantil. Destacamos alguns, como a conversa em que a Docinho argumenta que “só porque uma certa pessoa possui potes plásticos em casa não significa que ela é uma mulher”. “Isso”, concorda a Florzinha, “meninos também precisam guardar seus restos de comida!”.

Em outro momento, a Lindinha comenta: “Aposto que o nosso vizinho é muito forte e másculo”. Ela é logo repreendida pela Florzinha: “Lindinha! Mulheres podem levantar peso também!”. Ou quando a própria Florzinha começa a especular sobre a vida de alguma moça: “Aposto que ela é uma mulher halterofilista muito inteligente” e recebe a resposta de imediato da Lindinha: “…que se apaixona perdidamente pelo professor?”.
5
Em um episódio, quando um cara grande e vestido como um super-herói tentou ensiná-las sobre os papéis de gênero, elas deram show. “Existem algumas funções desempenhadas só por homens ou por mulheres, certo? Peguem a sua família como exemplo. Quem trabalha fora e sustenta a casa?”, perguntou-lhes o homem. “Nosso pai”, responderam. “Exato! E quem cozinha?”. “O pai”. “Quem lava as roupas? Quem lava a louça? Quem faz bolo?”. “O pai”, responderam repetidamente.
Estudos de Gênero

Estudos de Gênero
Não contente com o fato de as garotas e seu pai viverem com uma família moderna do século 21 (apesar de que nós assistíamos o programa nos anos 1990), o cara enorme insiste: “Então quem corta a grama do quintal e lava o carro?”. “A Lindinha!”, elas respondem em coro. O mais interessante desse episódio é que a Lindinha é vista como a mais feminina das três meninas. E, mesmo assim, é ela que faz os trabalhos manuais mais pesados – porque ela é incrível.
Estudos de Gênero
Estudos de Gênero

4. Os vilões também não prestavam atenção às expectativas de gênero

A perigosa Sedusa era uma lutadora feroz, que adorava socar seus inimigos (assim como a mocinha Sara Bellum).
Estudos de Gênero

Estudos de Gênero
A Femme Fatale, outra personagem incrível, aprontou problemas sérios com a indústria patriarcal dos super-heróis, como na cena em que ela argumenta para as Meninas Superpoderosas: “Claro que você já percebeu isso. As super-heroínas não são tão reconhecidas quando os homens”. A Lindinha tenta apaziguar a situação ao lembrar que existem a Supergirl e a Batgirl. “Nada a ver, elas são péssimas!”, retruca a Femme. “Elas não passam de uma versão feminina dos super-heróis”. Referindo-se à Lindinha, ela continua: “Além de você mesma, quem você conhece que é uma super-heroína por esforço próprio?”. “Ah, tem a Mulher Maravilha! E, ahm… Hum… É…”…
Estudos de Gênero
E ainda existia Ele, o diabo, que era ótimo. Aliás, presumivelmente, ele era um homem. Ele tinha uma voz ambiguamente andrógena, ficava pulando para cima e para baixo de sainha de balé e usava maquiagem. Ele era fabuloso.
4----

Estudos de Gênero
Além disso, um outro grupo de persongens criado pela série foi o dos Meninos Desordeiros (Durão, Fortão e Explosão) – uma versão masculina e maligna das garotas. Tirando a parte de que os rapazes tinham como objetivo-mor acabar com a raça das Meninas Superpoderosas, eles tinham tido uma educação não tradicional e bem bacana: os Meninos Desordeiros tinham dois pais – e ninguém tinha problemas com isso. E daí que os pais eram um macaco louco e um demônio? Aliás, um deles era um ser meio diabo, meio lagosta. Alguém reclamava? Não.
4

3. As meninas eram bem mais “superpoderosas” do que praticamente todos os homens do desenho

No seriado, os homens eram retratados como o sexo frágil. E as garotas se aproveitavam disso, ao descobrirem que os homens eram demasiadamente obcecados com a sua própria masculinidade para cuidar de assuntos mais importantes. “Toda vez que a masculinidade deles é ameaçada, eles se encolhem em tamanho”, era uma das máximas da Florzinha.
Estudos de Gênero
Sempre que os Meninos Desordeiros faziam algo que parecia “afeminado”, como quando se machucavam, eles literalmente encolhiam – o que na realidade era uma metáfora muito legal. No fim das contas, os homens precisavam das Meninas Superpoderosas para praticamente tudo – até mesmo tarefas ridiculamente fáceis do cotidiano -, como conseguir abrir a porta do banheiro, alcançar o papel higiênico ou o controle remoto.
Estudos de Gênero

2. O Professor era uma figura paterna incrível

Estudos de Gênero
Apesar da atmosfera geral de incompetência masculina do desenho, havia um homem realmente incrível no desenho: o Professor que criou as Meninas (afinal, quem deu origem às garotas só poderia ser uma pessoa sensacional mesmo). Além de deixar as crianças abusarem da criatividade com suas roupas, o Professor era um dedicado e carinhoso pai solteiro. Este é mais um elemento que faz o desenho tão genial – quebrando outra vez a estrutura tradicional com a qual a sociedade está acostumada, de pai e mãe.
Estudos de Gênero

1. Elas são frágeis poderosas

Por fim, as Meninas Superpoderosas, garotinhas tão doces e pequeninas, eram os adversários mais terríveis que qualquer vilão enfrentar. [Buzz Feed]
Estudos de Gênero

38 comentários

  • José Eduardo:

    Existe uma linha tênue que separa o respeito do que eu chamo de “persuasão sexista”. Infelizmente nossas crianças não aprendem a respeitar gays, homossexuais e lésbicas. Elas mesmas são persuadidas a virarem gays, homossexuais e lésbicas… E qual o problema disso? – O propósito da vida é repassar-la adiante. Gay não tem filho e ponto. Eu não quero que meus filhos trilhem esse caminho. E sim, minha causa é tão legítima quanto qualquer campanha do lgbt.

    • Cesar Grossmann:

      Explica aí, José, como é que alguém “persuade” outra pessoa a ter atração sexual por homem ou mulher? Você pode ser persuadido a ser gay?

  • Jean Alisson:

    E o legal no episódio da Femme Fatale é que ele contrasta muito bem a visão estereotipada do feminismo com o feminismo real. (+)

    • Jean Alisson:

      (…) Ela quer que as meninas deixem ela cometer crimes por ser mulher, e no final ganha uma surra uma aula de feminismo delas.

    • Brunna Sanae:

      Cara, lembro desse episódio. Muito bom

  • Fernando Souza:

    Incrível!

  • Felipe Rodrigues:

    PARABÉNS!! adorei e recomendarei o post.

  • Ludmila Braga:

    Nunca tinha visto esse desenho por esse ângulo e achei sensacional! Obrigada por me fazer lembrar daquela época!

  • Thaís Pedrada:

    Beijinho no ombro das meninas superpoderosas. haha

  • Peter Tonetto:

    “Em um episódio, quando um cara grande e vestido como um super-herói tentou ensiná-las sobre os papéis de gênero, elas deram show.”

    O dono da página então não assistia muito ao CartoonNetwork. Esse cara é o Major Glória, amigo do Krunk e do Vall Hallen, paródias do Superman, do Hulk e do Thor.

    • ~:

      O Major Glória era paródia do Capitão América, não? E eu sinceramente não entendi onde isso muda o ponto de vista haha

    • Chris Squired:

      Não muda, Til, mas indiretamente exibe como o comentarista é versado em Meninas Superpoderosas – o que era a função do comentário.

  • Sophia Moro:

    Eu adorava quando Prefeito ligava pra elas pra abrir o pote de pepino! As Meninas Super Poderosas arrasam!

  • Flaviana Castelo:

    Sempre amei as meninas super poderosas! *-*

  • sergio_panceri:

    e mais uma vez, na “Townsville city”…

  • Henrique Cardoso:

    Nunca tinha visto por esse ponto de vista. Eu assistia quando criança mas vendo homem vestido de mulher, mulher vestido de homem acho tudo isso Put@#@#! pura.

  • Aryane Gondim:

    e mais uma vez o dia foi salvo!

  • Safira Cris:

    Adorei a matéria, Obrigado por relembrar esse clássico e apontar coisas que para eu quando criança e inocente, passavam despercebidas.

  • nikapinika:

    Meninas superpoderosas… <3
    "Só o amor faz o mundo andar…"

  • Lucas Adamis:

    Muito legal , achei lindo

  • Thiago Da Silva:

    Aquele cara ali vestido de superherói é o Major Glória, do desenho “Os amigos da Justiça” que passava dentro do desenho “O Laboratório de Dexter”. Esses personagens tb apareciam em outros desenhos do cartoon network na época. Cara como tinha desenho legal do cartoon cartoons a uns 13 anos atrás, meninas superpoderosas era o mais infantil, mas até que era legalsinho.

    Hoje eu não tenho mais Tv por assinatura, mas um tempo atrás vi esse Cartoon Network e parece que ta um lixo os desenhos que passam hoje em dia…

    • Ruan Teixeira:

      Poucos desenhos do Cartoon Network hoje são bons, mesmo. Mas eu tenho tentado ver mais o canal e até que tem alguns bem legais. Uns eu já gostava, como Hora de Aventura (overrated, mas acho hilário o besteirol), Apenas Um Show e O Incrível Mundo de Gumball.

      Com certeza nada se compara à grade do CN há uns 13 anos como você disse. Hoje eu tenho 20 e lembro de ter passado os meus 7 anos na frente da TV, era tão bom!

    • Silmara Garcia Tutty:

      so que os desenhos antigos so passam no toncats entao vamo assistir o que tem as criamcas nao querem ver coisas antigas sim novas

    • Chris Squired:

      Silmara, como que as crianças saberiam o que é “novo” do que é “velho”? São os pais q apresentam entretenimento aos filhos pequenos.

  • Verlyne de Sousa:

    Incrível, nunca pensei nesta maneira sobre a animação. Parabéns aos criadores.

  • Evelyn Luz:

    “Se você não se lembra, o Professor vivia vestido de menina, com direito a mania chiquinha e tudo, imitando a Lindinha.”
    Dois errinhos: maria chiquinha e ele imitava a Docinho. A matéria ficou legal, e até hoje acho Meninas Super Poderosas um desenho muito engraçado.

    • Evelyn Luz:

      Era a Lindinha mesmo, perdão.

    • ao leo:

      Ou seja, não teve erro nenhum HSUAasUhaushuaHAUsn

  • Dhamaris Leite:

    kkkkkkk, achei muito legal! Era o meu desenho preferido quando criança. E pra falar verdade, nunca tinha visto o desenho dessa maneira kkkk

    • Brunna Sanae:

      Cara… só eu que via assim então?

  • Thiago Marino:

    Aqui no Brasil tem um grupo de malucos que representam muito bem as Meninas Super Poderosas em um teatro Cosplayer.

    http://www.youtube.com/watch?v=pI4uEBkDIE4

  • Cesar Grossmann:

    As meninas super-poderosas, destruindo barreiras e preconceitos.

    • Miguel Porto:

      E vilões.

  • Nathalia Quagliato:

    Na verdade, o fato das meninas terem sido criadas com açúcar, tempero e tudo que há de bom foi um trocadilho com uma popular canção de ninar estadunidense, chamada “What are little girls made of?”:

    What are little girls made of?
    Sugar and spice,
    And everything nice,
    That’s what little girls are made of.

    Inclusive, quando os Meninos Desordeiros são criados, eles são feitos da contraparte masculina da música: sapos, caracóis e rabos de cachorro.

    What are little boys made of?
    What are little boys made of?
    Frogs and snails and puppy-dogs’ tails,
    And that are little boys made of.

    • Krypthus:

      Isso e igualdade de genero? Comparar os homens com coisas ruins e as mulheres com coisas boas? Pra mim feminismo e sexismo, essa musica so pode ser feminista, homens podem ser tao bom quanto as mulheres, e as mulheres podem ser tao ruim quanto os homens, mas pra feminazis os homens sao o mai do mundo e as mulheres a unicas pessoas boas, tudo sexista.

    • Thiago Danção:

      Krypthus, realmente a música não fala de igualdade de gênero, muito menos é feminista. acho mesmo é que a música em questão é machista, reverberando o mito da docilidade feminina.

      Sobre o termo que você usou, “feminazi”… bem, ele não faz referência a nenhum movimento real, apenas uma palavra que tenta denegrir o movimento feminista, tão necessário nos dias de hoje.

      Do mais, achei o artigo ótimo! precisamos de mais desenhos assim, que tratem as variações de gênero com mais tranquilidade! E que haja mais protagonistas mulheres/meninas que não sejam um apêndice masculino. As MSP são um bom exemplo, o filme “jogos vorazes” também.

  • Gustavo Ats:

    PRE-PA-RA…

    • Claudia Garcia:

      Na questão 6, eles não estavam se fantasiando um do outro, aquele foi um episódio onde todos trocaram de corpo com as pessoas da cidade, então a Docinho ficou no corpo do Professor, a Florzinha na da Srta. Bellum e a Lindinha no do Prefeito. É um episódio muito legal, por sinal.

Deixe seu comentário!