Barba faz bem para a saúde?

Por , em 20.01.2016

As barbas estão na moda novamente. Goste você ou não da volta dos pelos faciais, eles parecem ter chegado para ficar.

Mas será que isso é uma coisa boa? Embora já tenhamos falado aqui no Hype dos possíveis benefícios das barbas para os homens, uma questão ainda parecia uma desvantagem grande: o potencial de infecção.

As barbas são locais propícios para microrganismos se abrigarem. Mas isso representa um perigo para a saúde?

Bem ao contrário

Um estudo publicado no Journal of Hospital Infection, que analisou o conteúdo de bactérias dos rostos de 408 funcionários com e sem barba de um hospital americano, chegou a uma conclusão surpreendente.

Sabemos que as infecções hospitalares são uma das principais causas de doença e morte nesses ambientes, com muitos pacientes adquirindo uma infecção que não tinham quando chegaram ao hospital para se tratar. Mãos, batas, gravatas e equipamentos já foram responsabilizados por transmitir essas infecções, mas e as barbas?

Os pesquisadores ficaram surpresos ao descobrir que era o pessoal raspado, e não os barbudos, que eram mais propensos a carregar algo desagradável em seus rostos.

Barba 1 x 0 Lâmina de barbear

O grupo sem barba era mais de três vezes mais propenso a ser portador de uma bactéria perigosa, conhecida como “Staphylococcus aureus resistente à meticilina”. Essa é uma fonte particularmente comum e problemática de infecções hospitalares, pois é resistente a muitos dos nossos antibióticos atuais.

Mas por que isso acontece? Os cientistas sugerem que barbear pode causar pequenas abrasões na pele, e esses micro cortes podem facilitar a colonização e proliferação bacteriana.

Há outra explicação possível, também: a de que barbas combatem infecções.

O que tem ali?

Movido pela curiosidade, o apresentador britânico da BBC Michael Mosley resolveu ir mais a fundo nessa questão, e enviou algumas amostras de barbas de diferentes homens para o Dr. Adam Roberts, um microbiologista da Universidade College London (Reino Unido).

O cientista conseguiu crescer mais de 100 bactérias diferentes a partir das barbas, incluindo uma que é mais comumente encontrada no intestino delgado. Mas, de acordo com o microbiologista, isso não é preocupante – é normal.

O que foi mais interessante, no entanto, é que em algumas placas de Petri, algo estava claramente matando as outras bactérias. O suspeito mais óbvio era algum micróbio.

Bactérias e fungos competem uns com os outros por comida, recursos e espaço. Ao fazer isso ao longo de milênios, eles evoluíram algumas das armas mais sofisticadas conhecidas do mundo microbial: antibióticos.

Barbacillium?

Você provavelmente conhece a história da penicilina, descoberta sem querer por Alexander Fleming quando o fungo Penicillium notatum foi parar em seu laboratório e matou algumas bactérias que ele estava cultivando em uma placa de Petri.

Então, seria essa uma boa notícia? Poderiam os micróbios misteriosos nas barbas de alguns homens estarem fazendo algo semelhante, matando bactérias perigosas?

“Possivelmente”, disse o Dr. Roberts. Ele identificou os assassinos silenciosos como parte de uma espécie chamada Staphylococcus epidermidis. Quando testada contra uma forma particularmente resistente à droga de E. coli, que causa infecções do trato urinário, a espécie se provou uma excelente combatente.

No entanto, testar corretamente um novo antibiótico é tão caro e tem uma taxa tão elevada de fracasso que é extremamente improvável que um novo remédio surja a partir de estudos com barbas a qualquer momento em breve.

Mas calma: a busca não vai ser interrompida. Infecções resistentes a antibióticos matam pelo menos 700.000 pessoas por ano, e não lançamos novos antibióticos há 30 anos. Logo, essa informação, junto com outras pesquisas que vem sendo realizadas, devem levar a um futuro menos mortal um dia. [BBC]

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