Desemprego é uma das experiências mais devastadoras para a mente

Por , em 10.07.2012

Estar sem um emprego é uma das piores coisas que pode acontecer a qualquer um. Ser desempregado significa depender dos outros, e leva ao medo de ficar sem um teto, sem comida, sem vida social, sem “nada”.

E tal medo de ficar sem nada não poderia ser outra coisa a não ser uma experiência devastadora para as pessoas.

Apesar do Brasil estar vivendo um momento bom economicamente – segundo o IBGE, o desemprego brasileiro caiu para 5,8% em maio desse ano, o menor índice desde 2002, quando iniciou-se essa série histórica – e o brasileiro médio viver feliz, sem medo do desemprego (o Índice de Medo de Desemprego, medido trimestralmente, teve uma redução de 3,9% em março em comparação à dezembro do ano passado; o receio de ficar desempregado vêm diminuindo no país), não podemos nos esquecer de milhares de pessoas que estão atualmente à procura de um trabalho.

Uma pesquisa de 2005 concluiu que os trabalhadores desempregados engajados ativamente na procura de um trabalho são mais propensos a ter pior saúde mental.

Segundo os psicólogos, por conta de tal experiência, essas pessoas podem sofrer consequências mentais por um longo tempo.
Entre os males do desemprego na saúde física e mental, os especialistas apontam: depressão, maus hábitos alimentares (comer demais por ansiedade, comer mal), estresse, ansiedade, irritabilidade, pensamentos negativos, insônia (más noites de sono), fatiga, letargia, dores no corpo, hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares.

Ninguém ainda provou uma relação causal entre desemprego e danos ao coração, mas uma pesquisa da Universidade Harvard (EUA), por exemplo, mostrou que perder o emprego pode aumentar de 50 a 80% as chances de desenvolver alguma doença como hipertensão, problemas cardiovasculares, derrame e diabetes.

Outras pesquisas indicam que os desempregados têm duas vezes mais chances de ter um grande episódio depressivo, além de risco maior de cometer suicídio. O desemprego também é bastante relacionado à violência doméstica e ao abuso do álcool.

Mais estudos sugerem que homens com filhos tendem a ver o desemprego como uma derrota mais do que as mulheres com filhos, talvez porque elas são mais propensas a ver a falta de um trabalho como uma oportunidade de passar mais tempo com a família.

Além de tudo isso, os relacionamentos pessoais podem sofrer pressão resultante do desemprego, como preocupações
financeiras em uma família. Entretanto, as taxas de divórcio são mais baixas entre os desempregados. Pesquisadores especulam que seja mais difícil para as pessoas fazer grandes decisões, como se mudar ou vender uma casa, enquanto procuram por emprego.

Ainda no plano emocional, o desempregado pode isolar-se socialmente por conta do constrangimento de sua situação. Sendo assim, pode não sair de casa ou não fazer mais as coisas que gostava, além de se sentir inútil, confuso ou sobrecarregado.

“Ser desempregado é realmente uma das experiências mais difíceis, mais devastadoras que as pessoas passam”, disse Robert L. Leahy, diretor do Instituto Americano de Terapia Cognitiva e autor do livro “The Worry Cure” (“A Cura da Preocupação”, em tradução literal).

Como mudar esse quadro

Pelo que vimos até agora, estar desempregado vem com uma avalanche de outros problemas que, certamente, tem consequências na saúde. Então o que podemos fazer por quem passa por tal situação?

Os psicólogos sugerem que amigos e familiares de pessoas desempregadas procurem “sinais de alerta” para má saúde mental, especialmente depressão, como tristeza, falta de energia, insônia e irritabilidade. Alguns casos podem precisar de ajuda médica. Mas o apoio dos mais próximos é um dos fatores mais essenciais para superar essa fase.

Aos desempregados, a dica principal é: se permitir sentir tristeza. Como todo ser humano, você tem direito de se sentir infeliz. Mas não se afunde nessa infelicidade; ao invés de se desesperar e pensar que está tudo desmoronando, você pode ser mais pró-ativo e aproveitar ao máximo seu tempo livre.

Por exemplo, você pode se dedicar a conquistar novas habilidades e a criar uma rede de contatos. Aprender inglês, frequentar novos círculos sociais, fazer trabalho voluntário vão lhe tornar um profissional melhor e abrir caminhos para conhecer mais gente que possa lhe ajudar a conseguir um novo emprego.

Outra dica é se exercitar, já que o exercício físico libera hormônios e sensações em nosso corpo que melhoram nossa saúde física e mental. Dividir seu tempo também é útil: programar quando vai procurar um novo emprego, quando vai descansar, etc. Organização mantém a mente sã.

E, claro, você continua sendo uma pessoa como outra qualquer, com as mesmas necessidades básicas: permita-se se distrair um pouco, ter algum lazer. Ter boa autoestima também é fundamental para conseguir um emprego.

Por último, uma dica valiosa: ser flexível. Às vezes você não consegue um emprego na sua área, mas outras oportunidades, em coisas que você poderia ser muito bom, estão disponíveis. Considere voltar a estudar, aprender mais sobre carreiras que estão com bom mercado profissional, e explorar todos os seus dons em todas as atividades que você possa gostar ou seja capaz de dominar.[CNN, R7, UOL]

6 comentários

  • Marina Ols:

    Queridos, respeito a opinião de todos pois a experiência do desemprego é subjetiva e cada um reagirá de acordo com o momento(Se é solteiro, se é casado, se tem filhos, se é arrimo de família, etc.).
    Se você conhecer algum morador de rua “mais tranquilo”, com o qual possa conversar, faça a seguinte pergunta: Quando você desistiu? Verá que a maioria geralmente, um dia desistiu(Da família, do companheiro, do filho… de si mesmo!!!).
    FÉ = VONTADE-DESEJO; CERTEZA-VOU CONSEGUIR; LUCIDEZ-PARA ESCOLHER O MELHOR CAMINHO.
    Se não acredita em nada(Deus), então pelo menos acredite em si mesmo.
    Continuem na luta, Marina.

  • Barbara Costa:

    Eu estou de saco cheio de ler nestes artigos o conselho para o desempregado investir em cursos como pós graduação, inglês e etc. Vocês não sabem que desempregado não tem salário e o teto do seguro desemprego é de R$ 1.100,OO e dura no máximo 5 meses?

  • Marte:

    Ficar desempregado não é o problema. O problema é ficar desempregado por muito tempo por falta de oferta. O mundo está em crise e as coisas estão bem difíceis.
    Ficar desempregado não é o problema. O problema é você estar ciente que centenas estão compartilhando a mesma situação que a sua, que a competição será mais dura e mais injusta – os apadrinhados terão prioridade sobre o seu talento ou experiência -.
    Ficar desempregado não é o problema. O problema é suportar a cobrança interna do inexplicável insucesso da recolocação, principalmente se você é o provedor da sua casa e a fonte das suas rendas vem exclusivamente do que você produz, e se você não tem como produzir, inevitávelmente ficará dependente, condição que nenhum homem foi talhado para viver.
    Se você não entendeu esse ótimo artigo, reze muito para nunca ter que entender.

  • rogerio727:

    Quanta bobagem,meu Deus! Ficar desempregado é a coisa mais normal e comum do mundo, todo mundo um dia ficou ou ficará.Ficar desempregado significa depender de outros? Dãã! E quem está trabalhando por acaso não depende do patrão? Vivemos num mundo onde todo mundo depende de alguém. Vamos raciocinar antes de escrever, pessoal!Mais devastador é estar trabalhando e saber que se pode ser demitido a qualquer instante, basta o patrão querer. E pra quem trabalha por conta, sempre vai depender dos clientes.

  • Felipe Guerra:

    É uma sensação péssima mesmo. Quando em formei, passei alguns meses desempregado. E, vejam bem: eu voltei a morar com a minha mãe quando concluí a faculdade e não passaria fome por não ter emprego. Nesse meio tempo, dificilmente saí de casa pra procurar emprego, mas isso, também, por saber que, na minha área, rende bastante enviar currículos pela internet. É duro acordar todos os dias pensando que podia estar trabalhando, e isso dificulta, inclusive, que você foque outras tarefas bacanas, como ler, estudar e fazer exercícios. Tanto que, enquanto desempregado, fiz poucos exercícios. Quando encontrei um emprego, senti uma motivação bem maior e, apesar do cansaço da labuta, fiquei um pouco menos sedentário (por fazer exercícios mesmo, fora a caminhada do trabalho etc).

    Mas, é claro, eu sou um caso muito simples. Recém-formado que voltou a morar com a mãe e não tinha dependentes. Imagine só como pais e mães se sentem… já vivem com uma série de responsabilidades nas costas, e, de repente, vem o desemprego.

    Quanto aos tempos modernos, vejo que um grande problema entre boa parte da população, principalmente na parte jovem e conectada, é o comodismo. Ninguém mais quer ficar saindo de casa em busca de emprego, dando toda a atenção do mundo para a internet (eu também meio que fiz isso). E aí o que acontece? A turma fica chorando as pitangas nas mídias sociais, meio que, para muitos, serve para suprir carências (ou seja: acabam usando a internet mais para chamar a atenção do que para procurar emprego)…

    • Cris Melo:

      Concordo com tudo o que você falou. Estou passando por isso no momento, depois de trabalhar por 6 anos, (entre freelances, estágios e empregos) acabo de me formar na minha segunda graduação e estou desempregada (acabei de sair de um escritório que trabalhava 8 horas por dia). É horrível ter que se acostumar com essa nova rotina, me sinto sem animo ás vezes até para ler ou acessar a internet. Quero saber o que você fez para não desaminar e não se acomodar?

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