Entenda a radiação no Japão e seus efeitos para a saúde humana

Por , em 18.04.2011

As autoridades japonesas estão batalhando para tentar minimizar a  radiação da usina nuclear de Fukushima Daiichi. Apesar de os níveis de radiação terem diminuído após o pico de terça-feira, não há garantia de que não vão subir novamente. O local ainda está muito instável.

Foi imposta a evacuação imediata da zona dentro de um raio de 20 quilômetros da usina e os moradores que vivem dentro da faixa de 30 quilômetros foram aconselhados a deixar a área. Quem resolveu ficar, teve de permanecer nas residências e tentar deixá-las hermeticamente fechadas.

Especialistas salientam que uma ação rápida deve ser capaz de minimizar qualquer impacto sobre a saúde humana.

Quais são os efeitos imediatos para a saúde da exposição à radiação?

A exposição a níveis moderados (1 gray) pode resultar em contaminação por radiação, que produz uma variedade de sintomas. Náuseas e vômitos geralmente começam após algumas horas de exposição, seguidos por diarréia, dores de cabeça e febre.

Depois da primeira etapa de sintomas, pode haver um breve período sem a manifestação da doença. Porém, os sintomas costumam voltar ainda mais graves dentro de algumas semanas.

Em níveis mais altos de radiação, todos esses sintomas podem ser imediatamente aparente, juntamente com generalizada danos aos órgãos internos, o que é potencialmente fatal.
A exposição a uma dose de radiação de quatro grays é o bastante para matar cerca de metade de todos os adultos saudáveis.

Níveis de radiação e efeitos:

2 milisieverts por ano (mSy/a) ; Típica radiação a que todos estamos expostos. A média na Austrália é de 1,5 mSy/a e 3 mSy/a na América do Norte. Sem perigo.

9 mSy/a; Exposição da tripulação de um voo de Nova Iorque a Tóquio

20 mSy/a ; Limite médio para trabalhadores de indústrias nucleares. Início da zona de atenção quanto à radiação.

50 mSy/a ; Limite antigo para trabalhadores de indústrias nucleares. Nível apresentado naturalmente em lugares do Irã, Índia e Europa.

100 mSy/a ; Mais baixo nível em que é notado aumento expressivo na ocorrência de câncer. Início da zona de perigo quanto à radiação.

350 mSy/vida ; Critério para realocação de pessoas após o desastre em Chernobyl.

400 mSy/hora ; Nível registrado na usina nuclear japonesa em 15 de março.

1.000 mSy – dose única ; Causa (temporário) mal-estar como náusea e queda no número de células de defesa do sangue, mas não leva à morte. Além desse nível, a intensidade dos sintomas aumenta junto com a dose.

5.000 mSy – dose única; Mataria metade dos expostos dentro de um mês.

Quais riscos Fukushima apresenta atualmente?

As autoridades japonesas detectaram uma radiação de 400 milisieverts por hora no local da usina nuclear. Segundo Richard Wakeford, professor da Universidade de Manchester, Inglaterra, e especialista em exposição à radiação, o nível apresentado não deve causar efeitos em humanos. “Seria necessária uma dose ao menos duas vezes e meia maior (um sievert/um gray) para causar danos imediatos”, garante.

Porém, o nível já pode diminuir a quantidade de células produzidas pela medula óssea, além de aumentar o risco de câncer fatal durante a vida em de 2% a 4%. Para um japonês típico, essa porcentagem é de 20% a 25%.

Wakeford salienta que apenas trabalhadores da usina possuem o risco de terem sido submetidos a tal dose – e mesmo assim durante curtos períodos de tempo.

E se a situação piorar?

No caso de um acidente ou incêndio na usina, aliado a fortes ventos, o material radioativo poderia atingir Tóquio, localizado a 241 quilômetros de distância. Porém, mesmo nesse cenário hipotético, os níveis de radiação seriam tão baixos que atitudes simples como permanecer em casa com as janelas fechadas já seria o suficiente para estar fora de perigo.

Como a radiação é tratada?

A primeira coisa a ser feita é minimizar a contaminação futura removendo roupas e sapatos, assim como lavando a pele com água e sabão.

Algumas drogas podem ser usadas no tratamento. Existem as que aumentam a produção de células de defesa do sangue para conter danos à medula óssea, além de reduzir as chances de infecções autoimunes.

Outros medicamentos ajudam a reduzir os danos aos órgãos internos, causados por partículas radioativas.

Quais são os prováveis efeitos a longo prazo na saúde?

Câncer é a maior ameaça. Em um corpo sadio, as células atingem seu “prazo de validade” e cometem suicídio. O câncer é o resultado da falta de comando do organismo – as células se tornam imortais e continuam a se dividir desenfreadamente. A exposição excessiva à radiação acaba por bloquear esse processo de controle, o que facilita a ocorrência de câncer.

Outra possível consequência é a mutação no material genético. As mudanças no DNA podem afetar os filhos e netos dos expostos à radiação. A lista de efeitos passa por problemas físicos, como a má-formação de membros e do cérebro, e mentais, como diversas dificuldades de aprendizagem.

As crianças correm mais perigo?

Sim. Devido ao fato de estarem crescendo, mais células estão se dividindo, o que aumenta as chances de algo sair errado. Após o acidente no reator atômico da usina de Chernobyl em 1986, por exemplo, houve um crescimento significativo no registro de câncer infantil nas redondezas.

Existem evidências de alimentos contaminados?

Sim. O Ministro da Saúde do Japão alertou habitantes de perto da usina para deixarem de beber a água local após pesquisas apontarem níveis de iodo três vezes acima do normal.

Altos índices de radiação também foram encontrados em amostras de leite e espinafre, até 20 quilômetros distante da usina. Entretanto, não há indícios de que esses números causem algum mal à saúde de seres humanos.

16 comentários

  • CARLOS EDUARDOR:

    a radiação não deve ser jamais estimulada para o calor e sim para frequencia para gerar eletricidade fator de demanda produção absorção utilização

  • Antonio Murakami:

    Agora aqui no Japão está bem quente…, o verão chegou com toda força, e o que muitos brasileiros que vivem aqui querem saber é:
    É seguro ir a praia? Nessas alturas do campeonato qual seria o risco de contaminação no mar. Já se passaram mais de 3 meses, mas tem muita gente com medo.

  • Eduardo:

    tá certo que o assunto aqui discutido é a radiação, mas também sem deixar de lado o que a provocou, o terremoto. Na minha opinião é u a atitude correta outros países ajudarem desde que ajudem sem olhar a quem. não podemos esquecer que o Haiti sofreu um grave terremoto no ano passado e até hj luta para reerguer-se. Será que todo esse apoio da Europa ao Japão, também foi dado ao Haiti? Nesse sentido, o Brasil cumpriu com o seu papel e é um dos paises que mais vem contribuindo para uma melhora da situação no Haiti.

  • Clayton:

    Ola, moro no Japao a 15 anos e posso dizer que mesmo sendo uma das 3 potencias economicas do planeta, nao quer dizer que o pais possa ‘ bancar ‘ 2 terremotos. Infelizmente estes grandes terremotos ocorreram em um momento de fragilidade economica no pais. O Japao ainda esta sofrendo com a crise, de fato ainda temos muitos desempregados por aqui e mesmos quem tem trabalho, nao tem o mesmo salario de 5 anos atraz.
    Concordo que e nessessario uma ajuda maior ainda como as forcas armadas como citato, mas ao mesmo tempo forcas armadas requerem recursos, sejam tramporte ou mesmo o salario para os militares.

  • jnto:

    O que me deixar mais revoltado com tudo isso é a campanha ajude o Japão que rola nesses site de anime por aí, meu povo raciocina, hoje em dia o Japão é uma das três maiores potencias mundiais, ou seja, tem dinheiro pra bancar dois terremotos. Acho que o Japão não necessita de ajuda financeira e sim de alguma força (exército, marinha ou aeronáutica). Não tenho nada contra a essa campanha, mas não sou a favor.

  • Mario:

    enquanto isso no brasil a briga é com o saquinho de supermercado, quantas pessoas no Brasil morreram por causa de saquinho de compra? oooooomi vamo cuidar de nossas escolas que viraram cabarés, paisinho.

  • Lheergo Nawra:

    Porque uma forma de energia limpa dessa é ao mesmo tempo algo tão perigoso a saude humana? não seria hora de parar e repensar esse metodo?

  • Carlos Machado:

    Correto Cezar, e olha que em todo o mundo tem 440 usinas nucleares, essas 4 pessoas que te negativou é o típico Brasileiro desinformado, que ao invés de ir estudar o assunto, apenas negativam o comentário sem nenhuma base ou estudo para confrontá-lo. Sugiro a elas uma pequena pesquisada sobre o funcionamento das usinas nucleares tão bem como que aconteceu os 2 acidentes nucleares da historia, 1º acidente foi em 1986(Chernobyl) e o segundo foi o de Fukushima em 2011, isso da um intervalo de 25 anos, o de Chernobyl o motivo foi que os funcionários desligaram os sistemas de segurança da usina para testar outro sistema, e o de Fukushima como o Cezar já comentou, precisou apenas do segundo maior terremoto do japão, e o maior tsunami, e as outras 439 usinas nucleares??? Talvez se cair um meteoro em alguma delas, que nós vamos ouvir que teve outro desastre desses. Alias as usinas de hoje em dia(Usinas relativamente novas) já obtêm a estrutura de contenção, que é para casos iguais de Chernobyl e Fukushima(usina com mais de 40 anos), para não deixar liberar para a atmosfera as radiações alfa,beta e gama!

    “A ignorância as vezes torna o ser humano burro”

    • Igor F. C.:

      Não sei se você acompanha notícias, mas foi divulgado que existem 17 usinas nucleares na alemanha que não resistiriam a queda de um avião grande. O que é um problema sério, ainda mais com essas ondas de terrorismo pelo mundo todo.

  • Carlos Machado:

    A unidade usada creio eu que esta errado, as medidas que foram encontradas dentro da usina e próximo a usina equivalem á 122 μsv/h(fora da usina) e 400 μsv/h (dentro da usina) a medida que esta no texto é em Milisievert e as encontradas no japão é em macrosievert, Vide o filme abaixo(2 japoneses com o contador geiger entrando na zona e indo até perto da usina):
    http://www.youtube.com/watch?v=yp9iJ3pPuL8&feature=mfu_in_order&list=UL
    Apenas informando que essa radiação do japão equivale a 0,00002% do total lançado em Chernobyl, foram detectados 3.000 á 30.000 roentgens(unidade que não se usam mais atualmente) por hora em chernobyl no dia do desastre. Hoje em dia dentro da usina ainda se tem 1 nível igual a 100 á 500 roentgens, essa dosagem de 500 R/h mata uma pessoa em 5horas.
    1 roentgens = 0,01 Sivierts = 10 Msv(millisievert) = 10000 Usv(macrosievert)

  • Carlos Machado:

    Dr. Laboceta / 19.04.2011

    com certeza se esse “aparelho” tem algumas chances de ser verdade, eles ja devem estar estudando e fazendo testes, porem a população só fica sabendo anos e anos depois quando o projeto realmente estiver pronto, iguais as outras tecnologia que temos hoje, elas foram elaboradas(pensada) a mais ou menos 20 á 40 anos atrás, e apenas quando se tornam viáveis eles a publicam para a sociedade.

  • Dr. Laboceta:

    Se tivesse como criar um equipamento que limpe toda a radioatividade do ar e outros poluentes, seria uma descoberta genial, seria muito difícil algo assim?!

  • Cesar:

    A energia nuclear é segura. Durante os mais de 40 anos que o Japão tem energia nuclear, foi preciso o segundo maior terremoto e o maior tsuname da história para causar um acidente nuclear. A maioria dos países que tem usinas nucleares nunca teve um acidente sério, com vazamento de radioatividade.

  • JOABE DE JESUS:

    A palavra Nuclear ja fala tudo

  • Anonimus:

    Para de olhar os comentários, cria coragem e vai lê o artigo inteiro seu vagabundo preguiçoso.

    Pq o cara gasto no mínimo umas 2 hora escrevendo isso.

  • Marte:

    Ótimo artigo.

    E aproveitando o espaço:

    NUCLEAR NÃO!

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