OMS declara epidemia de ebola uma emergência de saúde internacional

Por , em 11.08.2014
Margaret Chan

Margaret Chan

A epidemia de ebola que assola a África Ocidental agora constitui um risco para a saúde internacional, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Essa epidemia, que é o pior surto do vírus da história, já tomou a vida de 961 pessoas, sendo que 1.779 foram infectadas, segundo estima a última atualização da OMS.

“A resposta internacional coordenada é considerada essencial para parar e reverter a propagação internacional do ebola”, disse a OMS em um comunicado na última sexta-feira (8).

Apesar de todos os países com transmissão de ebola – até agora Guiné, Libéria, Nigéria e Serra Leoa – declararem emergência nacional, não deve haver nenhuma proibição geral de viagens ou de comércio internacional.

Prevenção

O ebola não tem cura comprovada e não há vacina para prevenir a infecção, de forma que o tratamento se concentra em aliviar os sintomas como febre, vômitos e diarreia, que podem contribuir para desidratação grave.

Keiji Fukuda, diretor de segurança sanitária da OMS, destacou que, com as medidas certas para lidar com pessoas infectadas, a propagação do vírus – que é transmitido através do contato direto com fluidos corporais – poderia ser interrompida. “Esta não é uma doença misteriosa. Esta é uma doença infecciosa que pode ser contida. Não é um vírus que se espalha pelo ar”, explica.

Fukuda disse que é importante que qualquer pessoa com ebola seja imediatamente tratada e mantida em isolamento por um mês. “Com base em estudos científicos, as pessoas que têm a infecção podem disseminar o vírus por até 30 dias”, disse.

Dificuldades

Segundo a OMS, em parte, o surto ainda não foi contido por causa da fraqueza dos sistemas de saúde nos países atualmente afetados, que não têm recursos humanos, financeiros e materiais para lidar com ele.

Até agora, as três medidas conhecidas para parar surtos de Ebola – controle de infecção hospitalar, conhecimento da comunidade sobre os riscos de infecção e rastreamento de afetados – parecem não ter sido suficientemente aplicadas.

“Se não nos unirmos em solidariedade global para ajudar esses países, eles vão regredir muitos anos”, disse Margaret Chan, diretora-geral da OMS. Ela observou que as três nações mais atingidas apenas começaram a se reconstruir após “anos de conflitos e dificuldades”.

Uma forma de ajudar esses países é oferecer aos africanos uma droga experimental que foi usada para tratar dois voluntários de programas de caridade dos EUA infectados na Libéria. No último sábado (9), o missionário espanhol Miguel Pajares também recebeu a medicação no seu país.

A decisão de usar o medicamento experimental para curar americanos e europeus quando quase mil africanos já morreram gerou um debate ético. A OMS pediu que especialistas em ética médica avaliassem essa semana a possibilidade de usar a droga, chamada ZMapp, no oeste da África.

Vacina

A OMS também anunciou que pretende testar uma vacina contra o vírus a partir do próximo mês. Os primeiros testes clínicos devem ocorrer nos Estados Unidos em setembro.

Se os resultados forem positivos, a injeção pode estar disponível até 2015. [Reuters, Gizmodo, ZH, ZH2, Publico]

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