Estamos na era dos grandes terremotos?

Por , em 29.05.2012

Uma série de terremotos devastadores atingiram todo o mundo nos últimos anos – desde o Japão, passando pelo Chile e pelo Haiti – provocando receio de que nosso planeta possa enfrentar tremores ainda mais catastróficos no futuro próximo.

Três equipes de pesquisa já vasculharam o histórico global de 110 anos de registros sísmicos para tentar descobrir se há uma espécie de tendência de terremotos devastadores.

Alguns dizem que sim, outros discordam.

Uma dupla de pesquisadores encontrou o que eles chamaram de “megaterremotos”, abalos de magnitude igual ou superior a 9 pontos na Escala Richter.

Um grupo de três destes tremores devastadores ocorreu entre 1952 e 1964, incluindo o terremoto de magnitude 9,5 no Chile, em 1960, o maior terremoto já registrado na Terra.

Outro conjunto de fenômenos, ainda maior, aconteceu entre 1950 a 1965 e envolveu terremotos de magnitude igual ou superior a 8,6, contam Charles Bufe e David Perkins, sismólogos do Centro de Pesquisa Geológica dos EUA, em Golden, Colorado. Eles especulam que o terremoto de força 8,4 no Peru, em 2001, pode ter marcado o início de uma nova sequência de grandes terremotos globais que estamos experimentando atualmente.

“Isso não significa o Juízo Final”, tranquiliza Bufe. “Não acredito que grandes terremotos vão ocorrer durante um longo período de tempo. Nós só estamos dizendo que parece haver um agrupamento neste momento, com uma probabilidade maior do que o normal de acontecerem terremotos de grandes proporções”, explica. “Não dá para precisar quanto tempo pode durar este agrupamento. Se não houver outro grande terremoto em anos, talvez nos próximos 10 ou 12, eu diria que provavelmente estaremos fora do agrupamento”, acredita.

Bufe sugere que, através do envio de ondas sísmicas que viajam ao redor da superfície do planeta, terremotos muito fortes podem enfraquecer ainda mais as zonas de falhas que já estão muito debilitadas. “Há uma chance de cerca de 50% de vermos um outro abalo de magnitude 9 dentro das próximas décadas”, prevê.

Apenas coincidência?

Por outro lado, este aumento recente de megaterremotos pode apenas refletir flutuações aleatórias nos padrões globais de atividade sísmica. Andrew Michael, pesquisador estatístico do Centro de Pesquisa Geológica dos EUA, sugere que este padrão de agrupamento desaparece quando as réplicas – tremores secundários que seguem um abalo grande – são levadas em consideração.

“A lição mais importante é que o acaso não significa distribuição uniforme no tempo – em vez disso, processos aleatórios podem criar agrupamento aparente e é importante considerar cuidadosamente se esses agrupamentos, ou épocas de menor atividade sísmica, vão além do que é esperado de uma amostragem aleatória”, ressalta Michael.

Se o agrupamento aparente desses terremotos é uma questão de coincidência, os sismólogos não podem prever quando outro grande tremor vai ocorrer no futuro próximo. “A recente onda de grandes terremotos pode ser explicada pela flutuação aleatória sem poder de previsão para o futuro”, garante Michael.

Registro de longo prazo

O sismólogo Richard Aster e seus colegas, do Instituto de Mineração e Tecnologia, no Novo México, Estados Unidos, observaram o histórico de terremotos juntamente com outros achados recentes para criar um registo de longa duração do tamanho cumulativo de terremotos em todo o mundo.

Eles sugerem que houve relativamente baixos índices de grandes terremotos durante os períodos entre 1907 e 1950 e de 1967 até 2004. Por outro lado, eles encontraram uma taxa alta de megaterremotos durante o período de 1950 a 1967 e parece haver outra ascensão a partir de 2004, desde o terremoto devastador de magnitude 9,2 que atingiu a Indonésia e gerou um enorme tsunami no final daquele ano.

Progressos na compreensão da existência ou não de eras de grandes terremotos são lentos tendo em vista que “simplesmente não acontecem tantos terremotos grandes assim para produzir uma melhor amostragem deste processo natural”, conta Aster. “Temos poucos sismos de magnitude superior a 9 por século. Felizmente para o nosso planeta, esses eventos são raros. Houve apenas 14 terremotos de magnitude superior a 8,5 nos últimos 111 anos”, completa. [LiveScience]

5 comentários

  • Rafael2:

    É uma grande incógnita a previsão dos abalos sísmicos da Terra. O homem, apesar de inteligência, é como as formigas em meio ao jardim arborizado. Até se organiza, trabalha, vive em sociedade, sabe onde está ou surge o pão de cada dia… Mas desconhece as sabedorias da gigante mãe-natureza.

  • John jones:

    isso ai e um aviso dos ets

  • Glauco Ramalho:

    quakeredalert.com

  • Jonatas:

    Estamos na era dos sensacionalismos apocalípticos, isso sim. Eu juro que gostaria de entender melhor esse misto de angústia e fascínio que faz as pessoas assistirem 2012 e O dia depois de Amanhã.
    Recentemente um astrônomo brasileiro reascendeu com seus cálculos de órbitas no cinturão de Kuíper a possibilidade de existência dum Planeta X quatro vezes maior que a Terra. Isso bastou pra reascender o bombardeio sensacionalista de Nibiru, que eu chamo de Nibirutas, que andava meio apagado desde o Cometa Elenin e o possível planeta Tyquê, dos confins do Sistema Solar. Em sites russos cheguei a ver publicações intituladas como “descoberto planeta gigante que se chocará com a Terra”. Isso é mídia da desinformação, mídia que trabalha com atração de públicos, e muitas vezes coloca um título indigno como esse para atrair leitores, até o conteúdo foge do apontado no título, que foi só um chamariz.
    Considerando meu profundo respeito pelos povos Sumérios, Maias e todos os nossos antepassados, usa-los como fontes sensacionalistas midiáticas é na minha visão um desrespeito. O fato é que a Terra é um Planeta dinâmico, mais dinâmico do que aquilo que nossa ciência possa prever e calcular. E mesmo que pudesse, não teríamos muitos meios de nos defender além da fuga.
    Houve, está acontecendo sem sabermos ou acontecerá momentos geológicos marcantes que podem mesmo ser apocalípticos, mais do que sismos localizados. E não falo do famoso supervulcão americano, há uma caldeira igualmente monstruosa bem pertinho, ali na tríplice fronteira Argentina-Chile-Equador. E o pior é que não podemos sequer imaginar quando ele pode entrar em atividade nem se vai algum dia, o que seria globalmente catastrófico, ainda engatinhamos no conhecimento geológico da Terra, essa é a verdade.

    • John jones:

      garoto você e um gênio

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